Intransigência da Caixa prevalece na terceira rodada de negociações

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Intransigente e pouco respeitosa. Assim os representantes dos empregados avaliaram a postura dos negociadores da Caixa na terceira rodada de negociações específicas da Campanha Nacional 2015, realizada nesta sexta-feira (11), em Brasília, entre o banco e a Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa). Indignados com esse comportamento da direção da empresa, os representantes dos trabalhadores cobraram: “Precisamos trabalhar com mais disposição de diálogo por parte da Caixa”.

Wandeir Severo, diretor do Sindicato e representante da Federação Centro Norte (Fetec-CUT/CN) na CEE/Caixa afirmou: “A Caixa está apostando na intransigência, no confronto, e pagando para ver a mobilização dos empregados. Não respeita a mesa de negociação nem as pessoas que trabalham na empresa. Se nada mudar, a postura da Caixa empurrará os empregados para uma greve que pode ser uma das mais duras e tensas dos últimos anos”.

Os temas em pauta desta vez foram organização do movimento, isonomia e carreira. O fim do GDP (Gestão de Desempenho de Pessoas) voltou a ser abordado no item carreira. A Caixa manteve seu posicionamento e reafirmou que vai manter e ampliar o instrumento de avaliação de resultados que causa competição exacerbada entre colegas da mesma unidade e possibilita a cobrança individualizada de metas e o ranqueamento.

Os vários argumentos dos representantes dos trabalhadores como, por exemplo, de que o GDP é um instrumento adoecedor, que expõe e robotiza os bancários num ambiente competitivo de trabalho, não sensibilizaram a direção do banco, que afirmou: “A Caixa vai tentar fazer uma análise do que é possível melhorar sobre esse tema, mas retroceder é impossível”.

Nas demais reivindicações também não houve nenhum avanço. O máximo que a Caixa prometeu foi um evasivo “vamos analisar”, porém, sem nenhum aceno de que responderá positivamente a qualquer das reivindicações.

Organização do movimento

Mais uma vez foi cobrado o abono e a reversão dos reflexos na carreira dos dias de paralisação em defesa da Caixa 100% pública (27 de fevereiro) e contra o PL 4330 (15 de abril e 29 de maio). A Caixa descartou abonar esses dias, mas disse que poderá avaliar a possibilidade de compensação.

Também foi negada a liberação dos delegados sindicais e representantes de entidades sindicais e associativas para participarem de reuniões, seminários, congressos e plenárias, independentemente da anuência dos gestores. A Caixa considera que o afastamento – embora previsto em acordo – deve estar sob o “controle” do gestor e “precisa de sua anuência”.

Isonomia

“O assunto mais caro aos pós-98, mais uma vez, foi tratado com desinteresse e prepotência pela Caixa”, avaliou Wandeir. 

Apesar de o debate sobre isonomia ter sido longo e até acalorado, mais uma vez a Caixa se negou a atender qualquer item da pauta sobre esse assunto, usando como escudo a autorização dos órgãos controladores e as limitações orçamentárias.

A Caixa negou a extensão da licença-prêmio para todos os empregados admitidos a partir de 1998. O argumento: seria um impacto financeiro muito grande para a empresa ampliar o benefício para 75 mil trabalhadores, uma vez que hoje 23 mil têm esse direito. O mesmo argumento foi utilizado para a extensão do anuênio (ATS) para todos os empregados admitidos a partir de 1998. “A única forma de isso ocorrer seria via Congresso”, comentou o representante da Caixa, referindo-se provavelmente, ao chamado PL da Isonomia.

Inviável para a organização. Esta foi a resposta da Caixa para a reivindicação de revisão da ESU (Estrutura Salarial Unificada) e PCS (Plano de Cargos e Salários) da carreira administrativa com valorização salarial. “Impacto financeiro violento para a empresa”, ressaltaram.

O pedido referente a participação irrestrita em PSI para optantes do REG/REPLAN não-saldado e eliminação de toda e qualquer discriminação em PSI’s PSIC’s, foi negado sob alegação de que não há qualquer forma de discriminação na empresa e com a manutenção da intransigência em relação aos que se mantém no REG/REPLAN.

Sobre a manutenção das gratificações dos empregados envolvidos em processos de apuração sumária, até que os mesmos sejam concluídos, a Caixa recusou atender dizendo tomar tais procedimentos em analogia as instâncias da Justiça do Trabalho e seguindo orientação da CGU.

Esclarecimentos

Indagados sobre o intervalo de 15 minutos para mulheres, os interlocutores da Caixa informaram que o banco está cumprindo o que está previsto no artigo 384 da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). Segundo a legislação, para fazer hora extra as trabalhadoras devem realizar esta pausa antes de iniciar a prorrogação do período de trabalho. A Caixa, a exemplo do que já havia sido feito pelo Banco do Brasil, implanta tal intervalo ao arrepio da lei e de forma incorreta.
 
Mariluce Fernandes
Seebb Brasília