Campanha 2024: começam as negociações com a Caixa

0

A Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa se reuniu com o banco nesta terça-feira (2) para iniciar a negociação para a renovação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) das empregadas e empregados do banco. Os empregados cobraram o fim das funções por minuto e a correção de discrepâncias nas remunerações de funções que exercem tarefa semelhante.

Para a representação dos empregados, a Caixa pode aumentar sua rentabilidade mantendo sua principal característica, que é atender a faixa mais carente da população. “Hoje vemos em qualquer calçadão comercial diversas instituições financeiras não bancárias oferecendo serviços, principalmente na linha de crédito. Muito disso se deva ao fato de a Caixa ter expulsado seus clientes das agências, que foram empurrados para as lotéricas e outros correspondentes bancários”, disse o diretor da Contraf-CUT e coordenador da CEE, Rafael de Castro. “A Caixa precisa repensar suas estratégias, sem esquecer seu tamanho e importância para o país, nem deixar de lado sua característica principal, que é atender e oferecer serviços bancários e crédito para a população que mais precisa”, completou.

Para o diretor da Fetec-CUT/CN Francinaldo Costa, a Caixa precisa valorizar seus empregados, para que seu papel social continue sendo exercido com excelência. “Nossas reivindicações são justas, os empregados merecem melhores condições de trabalho e oportunidades de ascensão na carreira”, enfatiza.

Função por minuto

A representação das empregadas e empregados cobrou que a Caixa designe funções apenas de forma efetiva ou por substituição, e não faça mais qualquer tipo de designação por minuto, seja para o cumprimento de tarefas de caixas, seja de tesoureiros.

“A designação por minuto trás enormes prejuízos financeiros aos empregados, inclusive para fins de progressão na carreira. Faz também com que empregados que exercem a mesma tarefa tenham remunerações diferentes, levando esse prejuízo inclusive para a aposentadoria”, observou o representante a Federação dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Fetrafi) de Santa Catarina, Edson Heemann. “Fazem a mesma coisa, têm a mesma responsabilidade, mas a remuneração é bem diferente. Ou seja, a Caixa não trata seus empregados com a devida justiça. E isso, claro, também irá gerar um passivo trabalhista enorme para o banco”, completou.

Equiparação salarial

A representação dos empregados solicitou que o banco equipare a remuneração de colegas que cumprem a mesma tarefa, mas que, devido a processos de reestruturação, passaram a ter remunerações diferentes.

“A Caixa está anunciando um novo processo de reestruturação. Os últimos processos geraram diversas discrepâncias, como diferenças salariais inadmissíveis para funções correlatas, o não pagamento de porte, e verdadeiros buracos de carreira em algumas áreas. Essas situações precisam ser resolvidas antes de se iniciar o novo processo ou a solução deve ser concomitante”, disse a representante da Federação dos Bancários da CUT do Estado de São Paulo (Fetec-CUT/SP), Vivian Sá.

Na minuta de reivindicações entregue à Caixa, a representação sindical das empregadas e empregados também pede a criação de um grupo de trabalho, com duração prevista de seis meses, para fazer a revisão dos atuais Plano de Funções Gratificadas e Plano de Cargos e Salários, visando corrigir diversas distorções criadas após a implementação de mudanças promovidas unilateralmente pela empresa e também pelas próprias mudanças previstas com as novas estruturas que estão sendo criadas, como as agências digitais.

Ascensão na carreira

Dois artigos (64 e 65) da minuta de reivindicações das empregadas e empregados da Caixa tratam sobre a ascensão na carreira. Os empregados querem que seja estabelecido um Grupo de Trabalho paritário, entre trabalhadores e o banco, para tratar dos parâmetros dos processos seletivos internos, bem como da sua transparência.

Além disso, querem participar da formulação dos descritivos das funções, que constam nos normativos da Caixa e regem os processos seletivos internos.

“Sabemos que as contratações são realizadas por concurso, mas a ascensão na carreira não segue este critério. Precisamos de regras objetivas para os processos de seleção interna, que garantam a transparência e a equidade de gênero e de raça”, disse a representante da Fetrafi-NE, Chay Cândida.

Para o representante da Federação das Trabalhadoras e Trabalhadores do Ramo Financeiro do Estado do Rio de Janeiro (Federa-RJ), Rogério Campanate, a Caixa precisa facilitar a realocação, para que os empregados “tenham maior felicidade no seu dia a dia de trabalho”.

“O descomissionamento faz com que pessoas perdam grande parte de seu rendimento sem nem saber o porquê. Precisamos de regras claras para o descomissionamento para que a Caixa deixe de ser uma ‘máquina de moer gente’”, disse. “Além disso, precisamos arrumar uma maneira de diminuir a diferença de rendimento entre quem tem função gratificada e quem não tem, para que, em caso de perda de função, não haja essa queda tão grande no rendimento”, completou.

Contratações

A diretora executiva da Contraf-CUT, Eliana Brasil, apresentou dados de um levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base nos balanços do banco, que mostram que, do final de 2014, quando o banco possuía 101.484 empregados, até o encerramento do primeiro trimestre de 2024, quando o quadro de pessoal chegou aos 86.794 empregados, houve uma queda 14.690 postos de trabalho, redução de 14,5%. Neste mesmo período, o número total de contas bancárias na Caixa rumou em sentido inverso. Saltou de 84,9 milhões para 233,3 milhões, crescimento de quase 175%.

Eliana trouxe também dados sobre os afastamentos para tratamento de saúde por questões relacionadas diretamente ao trabalho (B91), que aumentaram de 401 afastamentos em 2014, para 524 afastamentos em 2022, segundo o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). Na comparação com os demais trabalhadores a incidência de afastamentos das empregadas e empregados da Caixa chega a quase o dobro. No mercado de trabalho em geral a incidência de afastamentos é de 3,1/1000 trabalhadores. Na Caixa, a incidência é de 6/1000.

“E é triste ver esses números que mostram a Caixa sendo reduzida. Pois o trabalho social que ela realiza em todo o país é gigantesco. Quando a gente roda pelo Brasil apresentando números que mostram a importância da Caixa, todo mundo fica alucinado! Vereadores, prefeitos e até deputados e governadores se espantam quando veem a importância que a Caixa tem para a economia e para o desenvolvimento social de seus estados e municípios”, observou Eliana Brasil. “Por isso, defendemos que quanto maior o número de agências e empregados, melhor para o país. E a Caixa tem condições de manter tudo isso se continuar a trabalhar com uma estratégia voltada para seu foco principal, que é o atendimento da população brasileira”, completou.

Programas de avaliações de desempenho

Os empregados reivindicaram que a Caixa negocie as regras e a aplicação dos programas de avaliações de desempenho com a mesa de negociação permanente.

“Queremos que a Caixa implemente, a partir da discussão com os empregados, um modelo de avaliação por múltiplas fontes, que inclua a autoavaliação, avaliação pelos pares, pelos subordinados e pela chefia imediata. O empregado precisa ser avaliado e também precisa avaliar sua chefia imediata. Inclusive na questão da promoção por mérito”, disse o representante da Federação das Empresas de Crédito do Estado do Paraná (Fetec-PR), João Paulo Pierozan.

O representante da Fetrafi-RS, Lucas Cunha lembrou das críticas feitas pelo movimento sindical ao programa de avaliação de desempenho da Caixa. “Tínhamos muitas críticas ao GDP (programa de Gestão de Desempenho de Pessoas), que foi extinto e substituído pelo Minha Trajetória, que surgiu como promessa de que acabaria com todos os problemas de avaliação de desempenho e assédio moral, mas o que a gente percebe é foi basicamente uma mudança de nome”, avaliou. “Permanece repetindo os mesmos problemas que o GDP tinha. É um programa usado por todos os bancos, um programa de avaliação usado pelo mercado, mas que não permite avaliar a diversidade dos empregados da Caixa. O banco precisa ouvir os empregados para que o programa seja elaborado pelos empregados e para os empregados”, concluiu.

Calendário de negociações

A Caixa apresentou uma proposta de calendário para as negociações de renovação do ACT das empregadas e empregados. As reuniões serão realizadas no dia seguinte ao das reuniões entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) para a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho da categoria bancária. Segue abaixo o cronograma.


Os temas serão definidos ainda nesta semana.

Próximas mesas de negociação com a Caixa:

  • 12 de julho
  • 19 de julho
  • 26 de julho
  • 7 de agosto
  • 14 de agosto
  • 21 de agosto
  • 28 de agosto



Da Redação com Contraf-CUT