Campanha 2024: Bancários do DF querem efetiva reserva de vagas para negros

0

A reserva de vagas para entrada e para cargos de confiança no serviço público, determinadas por lei, estão entre as principais pautas dos bancários e bancárias negros do DF para integrar as reivindicações para a Campanha Nacional de 2024. Durante o encontro promovido pelo Sindicato nesta quinta-feira (11), os trabalhadores apontaram que o mecanismo das cotas para acesso e ascensão na carreira bancária é uma das formas de mitigar as consequências do racismo no Brasil.

Conduzido por Edson Ivo, secretário de Combate ao Racismo e à Discriminação do Sindicato, o Encontro de Diversidade de Raça e Cor apresentou a progressão da presença das pessoas negras no sistema bancário, ampliado a partir das políticas de cotas. O Censo da Diversidade de 2008 mapeou 19% de pessoas negras trabalhando em bancos. Em 2014, com a aplicação da Lei de Cotas no serviço público (12.990/14), o percentual subiu para 24,7%. Nove anos depois, em 2023, as pessoas negras eram 25% do quadro.

Secretário de Combate ao Racismo da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Almir Aguiar reforçou a importância de pautar o reajuste salarial, a atenção à saúde, entre outros aspectos da campanha, mas “a discussão de raça e cor é também muito importante para a categoria bancária, que é essencialmente branca, onde há dificuldades do povo negro de ingressar e ascender no trabalho bancário. Os quase 56% de pessoas pretas da população brasileira não se refletem no sistema financeiro”.

Para Josibel Rocha, empregado da Caixa e integrante do Coletivo Caixa Preta, “não há como ter harmonia com o racismo”. Em apresentação durante o encontro, Josibel fez um resgate histórico da participação e situação das pessoas negras dentro dos bancos e reivindicou a efetiva aplicação das leis que garantem 30% das vagas nos concursos públicos e 30% dos cargos de confiança para pessoas negras. “Estamos engajados e não vamos arredar o pé da luta, de ocuparmos os cargos a que temos direito e para o qual temos competência”, apontou o bancário.

“Esta pauta é cara para o nosso povo. Precisamos pensar no dia a dia das pessoas negras dentro dos bancos, sabendo que vivemos em um país racista. Cobramos a adoção de políticas antirracistas no sistema financeiro e, enquanto uma das categorias mais organizadas do país, damos exemplo e motivamos outros grupos de trabalhadores a encampar esta luta”, comentou o presidente do Sindicato, Eduardo Araújo, que também integra o Movimento Negro Unificado (MNU).

Assessoria jurídica

As advogadas Isabella Magalhães e Mádila Lima, acompanhadas do estagiário João Assunção, do escritório LBS Advogados, participaram do encontro. É unânime a perspectiva de que não há como discutir as questões sobre ascensão profissional sem discutir a questão racial. O contexto histórico em que o Brasil foi forjado, e do qual a branquitude não quer se desprender, está envolto no racismo que afeta não apenas a entrada, mas a progressão na carreira.

A assessoria jurídica disponibilizada pelo Sindicato atende bancários e bancárias, inclusive no contexto de violência racial. Para acessar este serviço, entre em contato pelo WhatsApp (somente mensagens) (61) 9 9603.2833, por telefone 3262.9043 / 3262.9042 ou por e-mail sejur@bancariosdf.com.br.

Da Redação