Caixa registra lucro líquido de R$ 6,3 bilhões no segundo trimestre, impulsionado pela venda de ativos

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A Caixa registrou lucro líquido de R$ 6,3 bilhões no segundo trimestre de 2021. O resultado é 144,7% maior frente ao mesmo período do ano passado (R$ 2,6 bilhões) e foi impulsionado pela venda de ativos do banco público. Na comparação com os três primeiros meses deste ano, o aumento foi de 36,6%. Com isso, o lucro do primeiro semestre deste ano foi de R$ 10,8 bilhões.

Durante o anúncio do resultado do balanço, nesta quinta-feira (19), o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, destacou que parte do resultado vem do desinvestimento em ativos que, segundo ele, não são estratégicos para o banco. Ele reafirmou “a venda de todos esses ativos e o fechamento da Caixa Participações”.

Em suas redes sociais, o presidente da Caixa se gaba ao dizer que o banco alcançou o maior lucro no segundo trimestre e também no primeiro semestre – R$ 10,8 bilhões, aumento de 93,4% – de toda a série histórica. No entanto, isso só foi possível devido à política privatista deste governo.

“O presidente do banco público se gaba dizendo que alcançou o maior lucro semestral de toda a série histórica, mas ele se esquece de dizer que isso só está acontecendo por conta da venda dos ativos da Caixa, ou seja, devido à política privatista da gestão Bolsonaro”, observa a diretora da Federação Centro Norte (Fetec-CUT/CN) Maria Gaia, lembrando que, na verdade, o maior lucro da série histórica foi registrado na gestão de 2002/2010.

Não é nenhuma novidade que a atual gestão da Caixa vem priorizando o enfraquecimento do banco público vendendo todos os seus ativos. O governo federal prevê ainda a privatização de outros braços estratégicas e rentáveis da estatal. Além da Seguridade e do futuro Banco Digital, a direção da Caixa atua para a venda das áreas de Cartões, Gestão de Recursos e até as Loterias Federais, todas rentáveis para o banco público.

Gestões anteriores

Durante a coletiva, Guimarães enalteceu a sua gestão e falou mal das anteriores. No entanto, levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que a instituição é lucrativa desde 2003. O estudo detalha os resultados do banco público ao longo de quase duas décadas.

Em valores atualizados, a empresa contabilizou um lucro líquido acumulado de R$ 39,7 bilhões durante o governo Lula (2003 a 2010), de R$ 51 bilhões no governo Dilma (2011 a 2016) e de R$ 25,4 bilhões no governo Temer (2017 e 2018).

Em 2019 e 2020, o lucro acumulado foi de R$ 35,1 bilhões. Esse montante, contudo, inclui valores decorrentes da venda de ativos da estatal. De acordo com o Dieese, o resultado de 2019, por exemplo, foi fortemente influenciado pela venda de Notas do Tesouro Nacional (NTN-B) e de ações da Petrobras. Do lucro de R$ 22 bilhões (em 2019), aproximadamente R$ 15 bilhões são referentes à venda de ativos que a Caixa tinha, a exemplo de ações da Petrobras, do IRB (Instituto de Resseguros do Brasil) e do Banco Pan, entre outras.

De acordo com o Dieese, dos R$ 13,1 bilhões de lucro líquido registrados pelo banco no ano passado, R$ 5,9 bilhões foram resultado de recursos oriundos da Caixa Seguridade.

Confira os destaques do balanço da Caixa em análise do Dieese:

Destaques-da-Caixa-1sem2021

Mariluce Fernandes
Do Seeb Brasília