Caixa perde participação no mercado e reduz concessão de crédito

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Presidente da Fenae, Jair Ferreira, observa que o espaço cedido para o setor privado é mais uma mostra de que o papel social do banco está se perdendo

A Caixa Econômica Federal teve lucro líquido de R$ 6,7 bilhões no primeiro semestre de 2018. Apesar do avanço de 63,3% em relação ao mesmo período do ano passado, estudo do Dieese Subseção Apcef/SP, o banco tem perdido participação no mercado. Na comparação dos saldos de junho de 2017 e deste ano, houve recuo em quase todas as modalidades. As exceções foram os fundos de investimentos e o imobiliário.

Na carteira de crédito ampliada, por exemplo, a participação da Caixa no mercado caiu de 22,82% para 21,85%, redução de 1%. Em junho, o saldo era de R$ 695,3 bilhões, retração de 2,9% em relação aos R$ 715,8 bilhões do mesmo mês de 2017. “O que estamos vendo é a Caixa cedendo espaço para os bancos privados. É uma clara privatização das operações, o que não beneficia os brasileiros, porque é a Caixa e os outros bancos públicos que, historicamente, puxaram os juros para baixo”, afirma o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira.

Ainda em relação à carteira de crédito, o balanço semestral aponta que houve recuo em várias modalidades. Destaque para a redução nos empréstimos para pessoa jurídica (-25,7%) e para pessoa física (-18,7%). Em habitação, embora a direção do banco enalteça alta de 3,6% no período, quando a comparação é feita com o primeiro trimestre, o crescimento foi de apenas 0,8%, o que evidencia um ritmo menor nas contratações de crédito imobiliário. O mesmo, aliás, ocorreu com as modalidades rural e saneamento e infraestrutura.

“A Caixa destaca que aumentou a qualidade da carteira de crédito, apostando em operações de menor risco para reduzir inadimplência. Isso é normal entre as instituições financeiras. Mas a Caixa não é um banco qualquer, ela tem um papel social e de regulação do setor que não pode ser ignorado. Infelizmente, essa característica está se perdendo. Precisamos derrotar essa narrativa privatista e projetos alinhados a ela”, alerta Jair Ferreira.

Fonte: Fenae