Caixa contrata empresa de call center para saber se bancários participarão de greve

0

Em vez de investir mais em qualificação e melhorar as condições de trabalho de seus empregados, a Caixa Econômica Federal contratou a empresa de call center Meta para saber se os bancários participarão de greve neste ano. Antissindical e autoritária, a postura mostra que a empresa está disposta a utilizar de todos os meios para enfraquecer o movimento. Diante da atitude do banco, condenada veementemente pelo Sindicato dos Bancários de Brasília, os trabalhadores devem intensificar a mobilização e denunciar a prática.

O Sindicato recebeu inúmeras denúncias de empregados e empregadas que afirmaram ter recebido telefonemas questionando se participariam da greve deste ano. “Inadequado, esse tipo de comportamento remete aos anos de chumbo da ditadura militar. Um telefonema com este tipo de questionamento soa mais como uma ameaça velada do que como uma consulta. Não aceitamos esse tipo de conduta por parte da Caixa, que por ser um banco público, deve dar o exemplo com uma gestão democrática”, afirmou o secretário de Formação Sindical, Antonio Abdan, que também é empregado da Caixa.

Dependendo do número de ligações a serem realizadas, algumas empresas de call center cobram, em média, R$ 40 mil por dia. “Se a Caixa realmente está pagando essa quantia para saber se os empregados vão participar da greve, é sinal de que existem recursos para atender as reivindicações da campanha deste ano”, observou o secretário de Finanças do Sindicato, Wandeir Severo, também empregado da Caixa.

A resposta é sim, participaremos da greve   Representante legítimo da categoria, o Sindicato orienta que os empregados respondam que irão participar da greve deste ano. “É inadmissível que uma empresa do porte da Caixa Econômica Federal se preocupe tanto com a participação de seus trabalhadores na greve, que é um movimento legítimo e que está previsto na Constituição”, salientou o diretor do Sindicato Adilson de Sousa.

O Sindicato informa que está tomando todas as medidas cabíveis para deter a pesquisa contratada pela Caixa. “Em vez de contratar esse tipo de levantamento, que não deve ser nada barato, a Caixa deveria oferecer melhores condições de trabalho e acelerar a contratação de novos empregados para reduzir a sobrecarga de trabalho e melhorar o atendimento aos clientes e usuários”, criticou o diretor do Sindicato Enilson da Silva, que também é empregado da Caixa.

Com ‘nãos’, Caixa frustra bancários

Enquanto contrata empresa de call center para saber se os empregados participarão da greve, a Caixa Econômica Federal segue dizendo “nãos” para as reivindicações da pauta específica dos trabalhadores. Na segunda rodada de negociações específicas da Campanha Nacional 2013, realizada no dia 19 de agosto, em Brasília, os representantes da Caixa rejeitaram as demandas sobre a Prevhab, as questões relativas aos aposentados e a maioria dos itens da minuta em relação à segurança bancária. A empresa, que na rodada anterior em 9 de agosto, já havia recusado as reivindicações sobre saúde do trabalhador, Saúde Caixa e condições de trabalho, rejeitou também demandas vitais para os empregados, como a recomposição do poder de compra dos benefícios dos aposentados e pensionistas e a extensão do auxílio-alimentação e da cesta-alimentação a todos os aposentados e pensionistas, além do pagamento de abonos e PLR, com o custo arcado pela Caixa.

Em Brasília, diversos empregados e empregadas já receberam telefones da empresa de call center Meta para saber se participarão da greve. Detalhe: os trabalhadores estão respondendo o levantamento de seus telefones particulares. “A Caixa não pode fornecer dados do seu corpo funcional para uma empresa terceirizada”, frisou o diretor do Sindicato Paulo Wilson, que também é empregado da Caixa.

Rodrigo Couto
Do Seeb Brasília