Cade quer julgar fusão do HSBC

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Essa foi a afirmação do presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Vinícius Marques de Carvalho, para parlamentares e representantes da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do HSBC, na manhã desta terça-feira (30), em Brasília.

“O Cade vai analisar profundamente a venda do HSBC, mesmo que com isso tenha que comprar briga com o Banco Central, que não aceita a nossa interferência nesse assunto”, ressaltou. Carvalho se refere ao contencioso entre o Cade e o Bacen quanto à análise de fusão de instituições financeiras. “Mas o Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região já decidiu que o Cade tem competência para julgar fusões que não impliquem em ‘risco sistêmico’ ao setor bancário”, explicou.

Representando os funcionários do HSBC, estavam presentes os diretores do Sindicato dos Bancários de Brasília e funcionários do HSBC Paulo Frazão e Raimundo Dantas. Além deles, participaram da reunião no Cade os presidentes da Fetec-PR, Junior Cesar Dias, do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região, Elias Jordão, e a representante da Fetraf-RJ/ES na COE, Renata Soeiro. Também participaram do encontro os deputados federais Enio Verri (PT-PR), João Arruda (PMDB-PR) e Toninho (PT-PR).

Durante a reunião, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) se mostrou bastante preocupada com a venda do banco HSBC devido ao risco de grande número de demissões e de concentração financeira nas mãos de poucos bancos. “Em 18 anos, o HSBC teve um lucro de mais de R$ 15 bilhões. Agora, além de não explicar os problemas com os quais está envolvido, vai deixar um vazio na nossa economia. Há uma CPI do Senado para acompanhar o caso e, se for preciso, iremos a Londres falar com o presidente mundial do banco.”


A vice-prefeita de Curitiba e Secretária Municipal do Trabalho, Mirian Gonçalves, falou sobre a preocupação com as famílias daqueles trabalhadores que ficarão desempregados. Miriam ressaltou que o mercado de trabalho em Curitiba será impactado fortemente devido às demissões. “A cidade não tem como absorver a mão de obra de cerca de 8 mil trabalhadores, com uma média salarial de R$ 5 mil. O banco disse que pagou a conta financeira. Queremos saber quem pagará essa conta social.”

“Desde os primeiros rumores da venda do HSBC, no início de maio, que nós, representantes dos funcionários do banco, iniciamos essa força-tarefa para preservar o emprego desses trabalhadores. Iremos a todas as instâncias que forem necessárias para evitar as demissões”, enfatizou Frazão, ao lembrar que nesta terça (30) ocorre o Ato Global da UNI Américas, em diversos países do continente, em defesa do emprego no HSBC.

Raimundo Dantas disse que o Sindicato dos Bancários de Brasília está acompanhando cada passo de toda a movimentação com relação à venda do banco. “Queremos garantir que os empregados tenham o menor impacto possível com essa venda.”

A luta continua 

A senadora Gleisi Hoffmann será interlocutora da COE junto ao presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, em reunião que acontecerá nesta quarta-feira (1º), em Brasília.

Também está prevista uma audiência da COE com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para reivindicar que o assunto seja debatido na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), do Senado.

Rosane Alves

Do Seeb Brasília