BRB precisa continuar público

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O BRB é nosso. O banco é do povo de Brasília. Patrimônio do Distrito Federal, suas cidades e entorno.

Ao propor expressamente a privatização, o governador Arruda entra em contradição com seu discurso de campanha eleitoral, que era não só de manter o BRB como banco público, como também fortalecê-lo e valorizar o corpo de funcionários. Essa proposta tem sido reiterada por Arruda como decisão definitiva.

Objetivamente, quer fazer caixa com a venda do banco, com destaque para “negociar” a folha salarial dos servidores locais.

Que ele tenha o direito de elencar suas prioridades é compreensível, mas não necessariamente aceitável. O problema é executá-las às custas da coerência do programa de campanha e sem consulta ampla à sociedade, ao parlamento local e, em específico, aos funcionários do BRB.

Será que o rumo mais correto não seria reforçar o entendimento do banco como instrumento de governo, tratando de impulsioná-lo dentro de uma estratégia de desenvolvimento? Uma política de governo, a envolver: crédito, serviços, mais eficiência e rentabilidade, assistência social, incentivo ao atendimento e relacionamento característicos como diferencial positivo, simpático à clientela e usuários, que só os profissionais do BRB, modéstia à parte, sabem oferecer com sua longa tradição de interatividade com a comunidade.

O lucro do BRB (que, aliás, vai bem melhor do que os resultados passados), à diferença do parâmetro que rege o sistema privado, não deve ser medido apenas por retorno financeiro líquido. Há que se levar em conta a contribuição do “lucro” social.

E isso o BRB, com o trabalho dedicado de seus funcionários, tem de sobra.

No passado, em que firmou sua forte marca como identidade de Brasília e do DF.

No presente, mesmo e como prova de resistência e fôlego a administrações que não primaram pela boa técnica bancária.

E no futuro, com uma gestão profissional e aliada a uma concepção que conjugue banco múltiplo comercial com banco de desenvolvimento, que certamente pode ser potencializado como empresa pública.

No entanto, por determinação do governador, essa opção parece descartada, pelo menos no que depender da vontade dele. 

Hoje, estão de forma mais clara colocadas outras duas vias: a transferência para o controle do Banco do Brasil (que está em fase oficial de estudos), e a privatização em leilão ao “mercado”, leia-se grandes bancos privados.

A segunda hipótese fala por si. No rastro das privatizações, fusões e aquisições realizadas durante as duas últimas décadas, a partir do desdobramento para o sistema financeiro das conseqüências do Plano Real. A exemplo do desembolso de vultosos recursos federais, ao lado de fortíssima e hostil pressão efetivada diretamente pelo Bacen para a privatização compulsória de quase todos os bancos estaduais. O resultado geral da privataria foi prejudicial à sociedade, para os governos (que têm de se haver com despesas futuras de serviços financeiros, além da perda de ins-trumento insubstituível), e com ênfase predatória, para os bancários, seus empregos, seu modo de vida, suas famílias.

Dessa forma, para o Sindicato o momento é de reflexão e de ação organizada, pela qual precisamos dar vazão à ansiedade, sem deixar de confiar em nossa capacidade de luta coletiva. Nesta união de propósitos devemos nos apoiar como principal meio de atuar, somado a todos os agentes políticos, econômicos e sociais cientes do real alcance da questão BRB.

É desejável a clareza de que, na impossibilidade da evolução dos fatores  e forças que defendem a permanência da instituição lograrem ser suficientes para demover o go-vernador de sua intenção de vender o banco, o Sindicato considera como limite máximo a hipótese da incorporação pelo BB. Devem ser ressalvadas as garantias pelas quais devemos nos pautar como condição irrenunciável:

1)  Emprego, condições e direitos dos funcionários;
2)  Manutenção da marca BRB e sua função específica de interação com o DF.

Por fim, representando o sentimento da categoria, o Sindicato acredita que todo o esforço deve ser empreendido para a permanência do BRB público, e construirá, em todos os âmbitos a seu dispor, a blindagem necessária para que seja decisivamente afastada a inadmissível privatização, bem como suas seqüelas nocivas aos trabalhadores e à sociedade em geral.

Rodrigo Britto, presidente, André Nepomuceno, Antonio Eustáquio e Kleytton Morais, diretores do Sindicato e funcionários do BRB