Bradesco aumenta lucro, mas corta empregos e reduz rede de atendimento

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De acordo com os destaques das demonstrações financeiras elaborados pelo Dieese, o Bradesco encerrou o primeiro semestre de 2025 com um lucro líquido recorrente de R$ 11,9 bilhões, um crescimento expressivo de 33,7% em relação ao mesmo período do ano passado. A carteira de crédito expandida superou a marca de R$ 1 trilhão, com destaque para o avanço de 15,9% na pessoa física e 25,2% nas micro, pequenas e médias empresas. A inadimplência recuou para 4,1%, e a rentabilidade sobre o patrimônio líquido (ROE) atingiu 14,6%, alta de 3,5 pontos percentuais em doze meses.

Os números refletem um desempenho robusto, impulsionado pela expansão das receitas com crédito, serviços e principalmente seguros, que cresceram 33,4% no período. No entanto, por trás da melhora da rentabilidade, os dados também apontam para uma estratégia de redução de custos que impacta diretamente trabalhadores e clientes.

Em doze meses, o banco fechou 2.564 postos de trabalho, sendo 1.218 apenas no segundo trimestre de 2025. O número total de empregados caiu para 82,1 mil, enquanto a base de clientes cresceu em 1,1 milhão, chegando a 74 milhões. O Bradesco também reduziu sua estrutura física: foram encerradas 342 agências, 1.067 postos de atendimento e 127 unidades de negócios no período.

A direção do banco justifica os cortes como parte de uma “estratégia de otimização do custo de servir”, reforçando investimentos em tecnologia e operações digitais. Mas, para os trabalhadores, o movimento significa aumento da pressão sobre quem permanece empregado e redução da acessibilidade dos serviços presenciais, especialmente em regiões onde o fechamento de agências limita o atendimento.

As despesas de pessoal, incluindo participação nos lucros e resultados (PLR), chegaram a R$ 13 bilhões, alta de 9% em doze meses. Apesar disso, a cobertura dessas despesas pelas receitas de serviços caiu de 119,8% para 115,8%, um dado que preocupa os sindicatos, pois pode ser usado pelo banco como argumento para limitar avanços em negociações coletivas.

Victor Queiroz
Colaboração para o Sindicato