BB apresenta powerpoint ao invés de proposta para ampliar teletrabalho

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Ocorreu na manhã desta segunda-feira (21) a primeira mesa de negociação entre a Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB) e o banco. O tema foi teletrabalho, cumprindo compromisso assumido entre as partes no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2022-2024. “Há uma demanda grande dos trabalhadores das áreas meio, especialmente dos escritórios, para terem direito ao home office, mas o que recebemos do banco foi uma apresentação em powerpoint que mantém muito limitado o acesso ao trabalho remoto”, avaliou Fernanda Lopes, representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) na CEBB.

Segundo o banco, apesar de 17.509 dos funcionários terem permissão para o home office, somente 9.849 estão exercendo essa modalidade, sendo que a grande maioria em apenas dois dias por semana, ou seja, menos de 50% dos dias úteis e, portanto, sem o direito de receber a ajuda de custo conquistada no novo ACT.

O BB também admitiu que apenas os funcionários da área de tecnologia da informação (TI) são liberados para exercer 100% das atividades em home office, pois tem interesse em “reter talentos”. Por outro lado, ao ser questionado por que trabalhadores que sofrem com alguma comorbidade não estão conseguindo acessar esse direito, a resposta da empresa foi que “o TRI [trabalho remoto institucional] não tem como objetivo cuidar da saúde”.

Apesar de reconhecer as leis 14.442/2022 e 14.457/2022, que concedem o direito de home office para pais, mães e tutores com crianças de até 4 anos e de até 6 anos ou com deficiência (independentemente da idade), o banco pontuou que só está liberando o trabalho remoto nas unidades que foram habilitadas pelos diretores responsáveis.

“Do jeito que foi colocado pelo banco, fica a cargo, como eles dizem, ‘de cada unidade estratégica’ decidir se vai ter ou não home office. Ou seja, não existe uma orientação geral”, ponderou Fernanda Lopes, lembrando que a área de Varejo tem grande demanda por teletrabalho, mas é onde os gestores responsáveis não fizeram nenhum tipo de sinalização para implementar o modelo.

“Não sei se foi por um ato falho, mas o que o BB nos respondeu é que está priorizando critérios internos em detrimento da legislação”, destacou ainda Getúlio Maciel, representante da Fetec-CUT/SP na CEBB. Rogério Tavares, representante da Fetrafi/MG na CEBB, reforçou a preocupação apresentando o caso de uma funcionária com deficiência que está com a cadeira de rodas elétrica quebrada e, há quatro semanas, solicita permissão para exercer trabalho remoto. “Ninguém conhece melhor a demanda dos funcionários do que o movimento sindical. O ideal seria a direção do banco ouvir o funcionário, escutar o interesse dos trabalhadores. Mas o que foi colocado na mesa é apenas o interesse da empresa, tanto é que admitiu que permite 100% de teletrabalho à área de TI para não perder talentos”, arrematou.

“O que acontece hoje na área de TI é o que gostaríamos que fosse implementado em todo o banco”, destacou Fernanda Lopes. “Nossa avaliação é que a gestão do BB sofre com influência do governo atual que, como já observamos em matérias anteriores da Contraf, não tem interesse de melhorar a qualidade de vida dos funcionários”, disse ainda, lembrando que nos últimos anos os sindicatos registraram aumento de denúncias de assédio moral de funcionários do banco para alcançar metas.

Zezé Furtado, secretária de Mulheres do Sindicato dos Bancários de Brasília e representante da Fetec/CN na Comissão de Empresa do BB, elencou algumas perguntas que representam dúvidas e anseios dos funcionários do banco em Brasília. Um dos questionamentos é saber qual o real avanço e a diferença do modelo vigente de TRI para o modelo apresentado na reunião de hoje. E, também, qual justificativa deu a Diretoria Gestora dos Escritórios Digitais para não entrar no programa de TRI do BB, uma vez que os escritórios não têm atendimento presencial ao público e representam uma área extremamente importante para os negócios e relacionamento com clientes. A prioridade dos pais e mães de PCDs também foi questionada.

A dirigente completa: “O BB sugeriu e orientou a importância da adesão a essa diretoria? Por que não determina que a diretoria entre no programa de TRI?”

Da Redação com Contraf-CUT