Bancos dizem ‘não’ a todas as reivindicações e ainda querem retirar conquistas

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Numa postura inaceitável, os banqueiros disseram ‘não’ a todas as reivindicações dos bancários sobre saúde, condições de trabalho, igualdade de oportunidades e sobre emprego, na rodada de negociação realizada nessa terça-feira com o Comando Nacional da categoria, em São Paulo.

Numa postura inaceitável, os banqueiros disseram ‘não’ a todas as reivindicações dos bancários sobre saúde, condições de trabalho, igualdade de oportunidades e sobre emprego, na rodada de negociação realizada nessa terça-feira com o Comando Nacional da categoria, em São Paulo. Não bastasse isso, chegaram ao absurdo de querer retirar conquistas. Apesar das negativas, a mesa será retomada nesta quarta-feira, quando serão debatidas pela primeira vez as reivindicações econômicas. 

“Os banqueiros querem jogar na lata de lixo anos de luta da categoria bancária. É um absurdo esse tipo de postura diante dos lucros estratosféricos registrados pelas instituições financeiras nos últimos anos, tudo à custa de muito trabalho dos bancários. Queremos a nossa parte desse bolo”, frisa o secretário-geral do Sindicato, André Nepomuceno, que está representando Brasília nas negociações do Comando Nacional.

Nas discussões sobre saúde, tudo foi rejeitado. Isonomia de tratamento entre bancários afastados por motivo de saúde e ativos, eliminação de riscos nos locais de trabalho e intervalo para atividades repetitivas, além dos custeios de tratamento, em nenhum desses pontos houve avanços. Também terminaram em impasse as discussões sobre emprego, sob alegação, por parte dos banqueiros, de que este é um tema que diz respeito exclusivamente às empresas.

“A resposta dos trabalhadores a esse tipo de abuso será inevitavelmente a greve, não há outro caminho. Os bancários precisam ficar atentos, pois a campanha está se afunilando. Convocaremos assembléias e é fundamental que todos participem e mostrem sua insatisfação para com essa situação”, adverte o presidente do Sindicato, Rodrigo Britto.

Veja a seguir os principais pontos discutidos nos blocos de saúde, condições de trabalho, igualdade de oportunidades e sobre emprego:

Isonomia de tratamento entre bancários afastados por motivos de saúde e os ativos – É uma antiga reivindicação da categoria, mais uma vez rejeitada pelos bancos.

Eliminação de riscos nos locais de trabalho – Os bancários querem que os riscos (ergonômicos, saúde mental, assaltos etc.) sejam eliminados. E que, enquanto os riscos permanecerem, os bancos precisam pagar adicional por insalubridade e por periculosidade, proporcional ao salário – e não ao salário mínimo como é hoje. Os banqueiros rejeitaram.

Intervalo para atividades repetitivas – A reivindicação é que o intervalo de 10′ a cada 50′ trabalhados seja estendido a todos os bancários que exercem atividade repetitiva. Mas os bancos insistem em restringir esse direito somente aos digitadores.

Custeio de tratamentos – Os bancários reivindicam que para os trabalhadores afastados por acidente de trabalho todo o tratamento seja custeado pela empresa, inclusive o medicamentoso e as terapias alternativas. Mais uma vez, os bancos não aceitaram.

Bancos se recusam a discutir emprego

Os representantes dos bancos se recusaram na rodada de negociação desta terça-feira a discutir o emprego, alegando que esse tema de extrema importância para os bancários não faz parte da Convenção Coletiva e que essa é uma questão que diz respeito exclusivamente às empresas.

"Eles deixaram claro que o emprego é propriedade do empregador e que essa é uma relação exclusiva entre o bancário e seu chefe", diz Vagner Freitas, presidente da Contraf/CUT. "Consideramos essa postura dos bancos atrasada e inaceitável, uma vez que pretende alijar os sindicatos dessa discussão."

Em relação ao auxílio-educação, os negociadores da Fenaban também se recusaram a discutir, alegando que cada banco tem o direito de fazer o que quiser sobre o tema.

Igualdade de oportunidades: quase nada avança

Licença-maternidade de 180 dias — Os bancários reivindicaram que os bancos façam a adesão em bloco, já este ano, à lei de licença-maternidade de 180 dias aprovada pelo Congresso Nacional, que entrará em vigor em 2010. Os banqueiros alegaram que a discussão é prematura e aguardarão a lei passar a valer. E não quiseram assumir compromisso de adesão dos bancos em bloco quando a lei entrar em vigor.

Mesa temática sobre igualdade de oportunidades – Os bancos aceitaram uma mudança na redação da cláusula sobre a mesa temática que está nos acordos dos anos anteriores, de forma a possibilitar que ela seja de fato implementada. "Apesar de tímido, consideramos que foi um avanço nessa discussão, uma vez que a nova redação dará maior efetividade e legitimidade à própria mesa", avalia Arlene Montanari, diretora de Políticas Sociais da Contraf/CUT.

Isonomia de tratamento para homoafetivos — Os bancários expuseram à Fenaban as vantagens legais, convencionais ou contratuais que se aplicam aos parceiros(as) de trabalhadores(as). Vale lembrar que a possível discussão do tema havia sido negada pela Fenaban na campanha de 2007.

Desta vez, os representantes dos bancos se utilizaram de um subterfúgio legal para desqualificá-lo: o tema não poderia ser levada adiante porque bate de frente com os planos de saúde que não contemplam tais benefícios para casais homoafetivos.

Promoção da igualdade de oportunidade para todos e todas – Os dados divulgados no próprio Balanço Social da Febraban no ano de 2007 mostram que o setor bancário conta com apenas 2,4% de negros(as), 11,1% de pardos(as) e apenas 1,3% de pessoas com deficiência. Este artigo foi avaliado pelo Comando Nacional dos Bancários como prioritário, principalmente no tocante à contratação de negros(as) e a ascensão profissional de mulheres, negros(as) e pessoas com deficiência, tendo em vista que na questão de gênero a contratação está praticamente equilibrada.

Para os banqueiros, o Programa de Valorização da Diversidade, do qual o Mapa da Diversidade levantado recentemente é uma etapa, dará conta de resolver essas questões a médio e longo prazo.

Quanto à contratação de trabalhadores com deficiência, a Fenaban alega que o Programa de Capacitação e Inclusão de Pessoas com Deficiência no setor bancário, lançado em julho deste ano, contempla as reivindicações dos trabalhadores.

O Comando Nacional discorda de tal afirmação. Pois, apesar de atender as reivindicações em parte, possui algumas restrições, como número de vagas limitado, não adesão de todos os bancos e restrição ao tipo de deficiência (visual, auditiva e física), excluindo, por exemplo, a pessoa portadora da síndrome de down.

O Comando Nacional avalia que apesar de ser um programa piloto, deve ser discutido dentro da mesa temática para que seja ampliado e aprimorado.

Com informações da Contraf/CUT