Banco do Brasil quer retirar direitos dos funcionários

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Na terceira reunião de negociação da mesa específica do Banco do Brasil, realizada nesta sexta-feira (14) por videoconferência, os temas tratados foram as cláusulas relacionadas a saúde e condições de trabalho, com destaque para a cobrança de metas abusivas e a Gestão de Desempenho Profissional (GDP), assuntos que suscitaram o maior debate na mesa. As negociações entre a Comissão de Empresa dos Funcionários do BB (CEBB) com o Banco do Brasil fazem parte da Campanha Nacional dos Bancários 2020 com vistas à renovação do acordo coletivo de trabalho (ACT) dos funcionários.

“Quando o banco apresentou no começo do semestre o novo modelo de GDP, com alterações significativas nos critérios de avaliação dos funcionários, fizemos severas críticas pela maneira com que o BB promoveu as alterações, que trazem um prejuízo imediato aos funcionários que estão desempenhando suas funções e sem qualquer período de transição. Diminuir o número de ciclos avaliatórios é inaceitável, e repudiamos qualquer alteração que piore ainda mais as condições de trabalho. O que nos preocupa com a redução dos ciclos avaliatórios para descomissionamento é que há uma repentina supressão na remuneração do funcionário e o aumento do adoecimento laboral, que já é um recorrente motivo de preocupação para nós”, avalia Marianna Coelho, secretária de Assuntos Jurídicos do Sindicato e representante da Federação Centro Norte na CEBB.  

Discurso X prática

“Não adianta o banco fazer um discurso bonito de que não tolera qualquer tipo de assédio e que dispõe de mecanismos de denúncia desta prática e, em seguida, apresentar uma proposta que dá respaldo e ferramentas para que o assediador cometa o ilícito”, criticou o coordenador da CEBB, João Fukunaga.

O banco alegou tratar-se de uma medida de gestão que visa dar isonomia de tratamento com os gerentes gerais, que podem perder a comissão após um ciclo de avaliação de desempenho.

“Concordamos com a isonomia. Mas queremos que ela seja no sentido de ampliar o período de avaliação dos GGs para três ciclos. Todos podem enfrentar um período ruim. Mas isso não significa que eles sejam maus funcionários. Não é justo alguém ser penalizado por um mau resultado”, ponderou Fukunaga. “Mesmo neste período de isolamento social, os funcionários estão atentos. Se o banco insistir neste ponto, vamos mostrar que a distância não limita nossa capacidade de mobilizar a categoria e a sociedade contra mais este ataque aos trabalhadores”, completou.

Tuitaço na segunda

Uma primeira atividade contra a possibilidade de o Banco do Brasil retirar direitos será realizada na segunda-feira (17/08), às 14h. Os funcionários serão convidados a trabalharem vestidos de preto (em casa ou presencialmente) e a postarem fotos com a hashtag #Sem3GDPSemAcordo. “A melhor rede social para fazer pressão sobre o banco é o Twitter, mas todas as redes podem ser usadas para mostrarmos nossa indignação”, disse Fukunaga.

Metas X assédio moral

Ao ser questionado sobre o uso da cobrança de metas como forma de assédio aos funcionários, o banco afirmou que “repudia qualquer tipo de assédio e que a prática não é tolerada no banco”. O BB disse ainda que a orientação aos funcionários é a utilização dos mecanismos disponíveis para denúncias e que todas elas serão analisadas para que a situação seja sanada. Disse também que todo gestor precisa ter passado pela trilha de capacitação, que inclui a formação sobre a intolerância ao assédio e a todas as formas de discriminação, que induz boas práticas de comportamento, que agrega não apenas para o trabalho, mas para a vida. O banco lembrou também que, além da ouvidoria, existe um protocolo de prevenção de conflitos firmado com o Sindicato.

Com relação à cobrança de metas, a representante da Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro de Minas Gerais (Fetrafi/MG), Luciana Bagno, disse haver dois movimentos que afetam tanto quem está em home office quanto quem está trabalhando na linha de frente das agências e departamentos do banco. “Muitos gestores não têm habilidade para fazer cobranças e acabam exagerando. Quem é do grupo de risco e está em home office é ameaçado de ser tirada a possibilidade de trabalhar em casa e ter que compensar as horas não trabalhadas. Quem está na linha de frente, em especial os gerentes de PSO, está sendo cobrado por metas individuais sem ter como cumpri-las”, disse. “Não é uma crítica à meta em si, mas à forma com que ela vem sendo cobrada”, completou.

Outras cláusulas

A representação dos funcionários também destacou a importância do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), regulamentado pela Norma Regulamentadora nº 7, assim como a forma de sua construção. “É importante que o PCMSO seja feito de uma forma sinérgica entre o banco, os funcionários e a Cassi (Caixa de Assistência). Temos contribuições importantes que podem ajudar na melhoria da saúde laboral”, afirmou a representante da Federação dos Estabelecimentos Bancários de São Paulo e Mato Grosso do Sul (Feeb/SP-MS), Elisa Ferreira.

Os trabalhadores também cobraram a produção conjunta da cartilha de orientações aos funcionários sobre os passos que devem ser dados nos casos de afastamentos para tratamento de saúde.

A representação dos funcionários também levantou questões dos egressos de bancos incorporados que precisam ser debatidas na mesa de negociações, como, por exemplo, o acesso ao Programa de Assistência Social, que hoje é restrito aos funcionários que aderiram ao Regulamento de Pessoal do BB.

Uma mesa específica para tratar do tema será instalada logo após o fim da Campanha Nacional.

Compromisso

O BB assumiu compromisso de renovar diversas cláusulas, entre elas, ausências autorizadas, PCMSO, LAPEF (Licença para acompanhar pessoa enferma da família) e PAS (Programa de Assistência Social).

Próximas reuniões

As próximas reuniões com o banco ocorrerão na segunda-feira (17/08). Das 14h às 16h, serão debatidas as reivindicações sobre igualdade de oportunidades e demais cláusulas sociais, como parte das negociações da Campanha Nacional. Em seguida, a partir das 16h, será realizada uma mesa de negociação específica para tratar de questões relacionadas às medidas de prevenção à Covid-19.

Da Redação com Contraf-CUT