Bancários negociam saúde e condições de trabalho nesta quarta

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Nesta quarta-feira, dia 9, o Comando Nacional dos Bancários volta a se reunir com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) para mais uma rodada de negociações, a quarta desde o início da Campanha Nacional 2009 e cujo tema será saúde, condições de trabalho e cláusulas sociais.

Nesta quarta-feira, dia 9, o Comando Nacional dos Bancários volta a se reunir com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) para mais uma rodada de negociações, a quarta desde o início da Campanha Nacional 2009 e cujo tema será saúde, condições de trabalho e cláusulas sociais. A reunião será às 15h, em São Paulo.

As reivindicações sobre saúde são especialmente caras a uma categoria que está entre as mais afetadas pelas LER/Dort. LER quer dizer Lesão por Esforço Repetitivo e Dort traz as iniciais de Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho, males que atingem músculos, tendões, principalmente dos dedos, mas também das mãos, punhos, antebraços, braços e pescoço. 

Pelas estatísticas internacionais, com base nos últimos levantamentos, estima-se que cerca de 20% dos trabalhadores estão lesionados. Levantamento feito pelo Ministério da Previdência Social aponta que, somente entre 2000 e 2005, foram gastos quase 1 bilhão de reais em auxílio-doença a mais de 20 mil bancários afastados por doenças relacionadas a esse mal.

Os especialistas afirmam que as LER/Dort são inflamações que ocorrem basicamente por aumento do volume de trabalho e da digitação, horas-extras, ausências de pausas, monotonia, repetitividade, ritmo intenso e controle da produtividade e tensão, durante um longo período de tempo. No caso dos bancos, seu surgimento é resultado direto da mistura explosiva de falta de funcionários, metas abusivas e assédio moral.

Os bancos são comprovadamente os grandes campeões quando o assunto é adoecer trabalhadores. De acordo com dados divulgados pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) em 2007, as instituições financeiras afastam muitos trabalhadores, com gravidade, e que isso custa muito aos cofres públicos. Só para se ter uma ideia, numa amostragem do Instituto que reuniu dados de mais 5 mil bancários, entre 2000 e 2004, envolvendo aqueles afastados por mais de 15 dias, o que demonstra a seriedade dos casos, chegou-se a um resultado assustador: enquanto na média nacional foi registrado um total de 269 dias na quantidade média de dias de licença, nos bancos esse número chegou a 442 dias. Em valores monetários, tem-se um gasto para o erário público de R$ 65 diários, em média, ante R$ 37 do total nacional.

São números estarrecedores, que demonstram o descaso dos bancos para com as políticas de saúde voltadas para os funcionários. Descaso que é revelado também ao eliminarem postos de trabalhado, dentro de uma lógica de rotatividade que serve ainda para achatar salários, como mostrou pesquisa da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT): foram 2.224 trabalhadores dispensados somente no primeiro semestre de 2009. Demissões significam menos trabalhadores mas não menos trabalho. Sobrecarga é sinônimo de aumento do ritmo de tarefas e de pressão, já que, agora, serão menos funcionários para realizar a mesma quantidade de trabalho e cumprir as metas estabelecidas. É nesse contexto que surge mais um velho conhecido dos bancários: o assédio moral. 

Equação perversa

Embora não estejam necessariamente ligados por uma relação de causa e consequência automática, é forçoso reconhecer que a imposição de metas abusivas está na base da prática do assédio moral, que, por sua vez, é um dos elementos desencadeadores das doenças ocupacionais, físicas e psíquicas (como depressão ou Síndrome do Pânico, por exemplo).

“Nossa luta é pela proibição ao estímulo abusivo por resultados e mais resultados, exposição pública de funcionários, além de métodos de gestão que causem assédio moral, medo ou constrangimento nos locais de trabalho e compatibilizar as metas com as condições de trabalho e com a jornada”, explica o presidente do Sindicato, Rodrigo Britto.

A categoria bancária é a primeira a ter uma cláusula em convenção coletiva que prevê o combate o assédio moral. Mesmo assim, a também chamada violência organizacional é um mecanismo de que muitos (maus) gestores ainda se utilizam para cobrar dos subordinados o cumprimento de metas.
A discussão sobre o fim desse tipo de abuso teve importantes avanços em 2008 e agora os bancários esperam que se encaminhem, efetivamente, os mecanismos de denúncia e punição aos assediadores, com proteção aos trabalhadores que apresentarem queixa.

As reivindicações na área de saúde, condições de trabalho e cláusulas sociais

  • Combate ao assédio moral
  • Fim das metas abusivas
  • Eliminação de riscos
  • Manutenção de salários e isonomia para os afastados-saúde
  • Ampliação da licença-maternidade de quatro para seis meses prevista em cláusula da Convenção Coletiva de Trabalho
  • Auxílio-educação para todos
  • Mais segurança bancária