Bancários cobram avanços no aditivo e Santander promete fazer nova proposta

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O Sindicato participou da nova negociação específica com o Santander, dentro da Campanha Nacional 2014, nesta quinta-feira (23), em São Paulo. Após a pressão exercida pelos representantes dos trabalhadores, o Santander se comprometeu a apresentar uma nova proposta no próximo dia 6 de novembro para a renovação do acordo coletivo aditivo à Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).

“O movimento sindical pressiona o Santander por melhores condições de trabalho. A partir do movimento dos trabalhadores, o banco irá avaliar as reivindicações específicas”, destaca Rosane Alaby, secretária de Administração, Patrimônio e Informática do Sindicato e funcionária do Santander.

Os bancários frisaram que a proposta feita na rodada anterior, no último dia 14, não trouxe nada de novo, limitando-se a fazer adequações em cinco cláusulas do aditivo vigente. “O banco lucrou R$ 2,9 bilhões no primeiro semestre deste ano, o que possibilita trazer uma proposta que tenha avanços para ampliar e proteger o emprego, melhorar as condições de trabalho, saúde e previdência complementar, além de atender outras demandas”, afirma Ademir Wiederkehr, secretário de imprensa da Contraf-CUT.

Para ele, “o aditivo é uma excelente oportunidade para definir mecanismos que contribuam para mudar o modelo de gestão do banco, na perspectiva de valorizar os trabalhadores, o que é fundamental para crescer e melhorar o atendimento aos clientes”. 

Mais empregos e condições de trabalho

Os dirigentes sindicais cobraram o fim das demissões, da rotatividade e das terceirizações, mais contratações e um centro de realocação para evitar dispensas em caso de fechamento de agências. Há falta de funcionários, metas abusivas, sobrecarga de trabalho e assédio moral, causando estresse, adoecimento e uso de remédio tarja preta.

“O Santander vem sinalizando que haverá mudanças de gestão para melhoria dos resultados do banco. Insistimos que isso tem que passar pela melhoria das condições de trabalho”, afirma Maria Rosani, coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander. 

“Enquanto não houver mais investimento com os trabalhadores, com contratações para acabar com a sobrecarga, pressão diária por metas que mudam toda hora, os resultados do banco não vão mudar. Está insuportável trabalhar e o Santander tem de levar em conta os trabalhadores”, salienta Rosani.

Bolsas de estudo

Os dirigentes sindicais voltaram a insistir na ampliação das atuais 2.500 bolsas para a primeira graduação, hoje no valor de 50% da mensalidade e limitadas a R$ 442,80. 

Foi discutida também a melhoria da cláusula de igualdade de oportunidades, visando garantir que não haja discriminações de gênero, raça, idade, orientação sexual ou deficiência. 

Outras reivindicações

Os representantes dos trabalhadores defenderam também o atendimento das demais reivindicações da pauta específica, tais como:

– manutenção do plano de saúde na aposentadoria nas mesmas condições vigentes quando na ativa;
– realização de eleições democráticas e transparentes no SantanderPrevi;
– PLR para funcionários afastados por licença médica;
– isenção de tarifas e a redução das taxas de juros para funcionários e aposentados;
– auxílio moradia;
– empréstimo de um salário nas férias com desconto em 10 vezes sem juros, a exemplo dos funcionários oriundos do Banespa;
– auxílio academia para todos;
– licença remunerada à mulher vítima da violência;
– mudança nos procedimentos da auditoria interna e externa;
– licença não remunerada para fins de estudo.

O banco ficou de trazer uma proposta global na próxima rodada, agendada para o dia 6 de novembro, às 10h30, em São Paulo.

Saúde do trabalhador 

Na parte da tarde desta quinta-feira, as entidades sindicais se reuniram com o Santander para discutir a denúncia feita na primeira rodada de negociação sobre a existência de um controle nos exames médicos para a caracterização do funcionário como inapto. 

Na ocasião foi entregue ao banco um formulário de “prontuário clínico” da empresa Micelli Soluções em Saúde Empresarial, contratada pelo banco para fazer exames como os periódicos e os de retorno ao trabalho. No prontuário há um espaço de “fluxo para inaptidão”, onde o médico examinador deve “contatar antecipadamente o médico coordenador para conclusão”.

Os dirigentes sindicais apresentaram depoimentos de funcionários afastados, inclusive em áudio, comprovando o procedimento ilegal. Uma trabalhadora da Bahia, com vários sintomas de LER/Dort, disse que, após ser atendida, o médico pediu que ela saísse da sala para aguardar o resultado. “Ele tinha que entrar em contato com a empresa do banco para analisar a possibilidade de caracterizar a inaptidão ao trabalho”, relatou.

“Essas denúncias de bancários voltando sem condições ao trabalho com anuência do médico estão ocorrendo nacionalmente e nós não compactuaremos com essa postura. Além disso, há vários gestores que ligam para os bancários que estão de licença médica para ‘conversar’ e isso demonstra um claro exemplo de repressão e assédio aos funcionários”, completa Rosane Alaby. 

O médico coordenador do PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional) do Santander, Gustavo Locatelli, que assumiu o cargo em janeiro, disse que não existe cerceamento no julgamento sobre inaptidão e que as avalições preservam a autonomia do médico.

Os representantes dos trabalhadores cobraram medidas do banco, como o fim da utilização desse prontuário da Micelli e a formação de um grupo de trabalho para aprofundar o debate sobre o problema. O caso é passível de ações judiciais. O banco ficou de realizar uma reunião na semana de 10 a 14 de novembro para trazer encaminhamentos.

Fonte: Da redação com informações da Contraf-CUT e Seeb São Paulo