Uma ex-funcionária da Funcef acusa o diretor eleito de Administração de ter coagido os subordinados a dar contribuições em dinheiro para sua reeleição, ocorrida em abril deste ano. De acordo com a reportagem do Valor Econômico, publicada na manhã desta sexta-feira (27), Cilesia Gonçalves de Lima trabalhava há quase dez anos na Funcef e foi demitida um mês depois da eleição.
Reeleito pelos empregados e empregadas da Caixa, o diretor em questão é Antônio Augusto de Miranda e Souza, que ocupa o cargo desde 2014.
Conforme informações do jornal, 19 funcionários da diretoria de administração tiveram que contribuir com a campanha eleitoral. As contribuições teriam ocorrido durante nove meses, de julho de 2017 a março deste ano. A funcionária relatou à reportagem que foi criado um mecanismo de controle e acompanhamento das arrecadações. Ela informou que o valor da contribuição foi definido conforme o cargo ocupado pelo funcionário e que a identificação dos depósitos era feita pelos centavos. Assim, Cilesia diz ter contribuído com nove mensalidades de R$ 100,41.
Em virtude da obrigação da contribuição e de outras práticas abusivas por parte dos superiores, a ex-funcionária move uma ação trabalhista na justiça contra o fundo de pensão e contra a Caixa, já que a empresa é patrocinadora da Funcef. Há cerca de duas semanas, Cilesia enviou cartas à Previc, à Caixa e aos conselhos fiscal e deliberativo da Funcef informando sobre o processo trabalhista e pedindo que os fatos sejam apurados.
O advogado de Cilesia afirmou que as práticas narradas na ação representam um descumprimento, por parte da Funcef, de um termo de compromisso de ajustamento de conduta (TAC) assinado com o Ministério Público do Trabalho em Brasília, em agosto do ano passado, depois de denúncias de assédio moral praticado por seus dirigentes. Pelo TAC, a fundação se comprometeu a “não permitir, não tolerar e não submeter seus empregados a situações que evidenciam assédio moral”.
‘Defesa’ via rede social
Em nota publicada no perfil pessoal no Facebook, Miranda não explicitou elementos de contestação da denúncia alegando que o processo corre em segredo de justiça.
Miranda está na Caixa desde 1989, é ex-coordenador da campanha Ficha Limpa e conselheiro da Transparência Brasil, entidade de monitoramento do poder público. Miranda e outros dois diretores foram reeleitos em 2018 pela chapa Controle e Resultado com 56,99% dos votos no segundo turno.
Da Redação com informações do Valor Econômico