Assédio moral deve ser combatido urgentemente, conclui painel

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Para o psicólogo Vitor Barros (esq.), é preciso romper a barreira do silêncio que envolve a prática do assédio moral

“É preciso tomar uma atitude urgente em relação ao assédio moral dentro dos bancos”. Com essa afirmação o psicólogo da Clínica do Trabalho do Sindicato, Vitor Barros, abriu a programação deste sábado (7) do Congresso do Sindicato dos Bancários de Brasília. O evento segue até domingo (8), no Parlamundi da Legião da Boa Vontade (LBV).
Durante o painel sobre adoecimento psíquico no trabalho bancário, Barros afirmou que a dignidade e a honra dos bancários têm sido colocadas em xeque todos os dias por conta do assédio moral. Segundo o psicólogo, dentro da lógica dos bancos da busca a qualquer custo pelo lucro, o que decorre daí uma nova forma – perniciosa – de funcionamento organizacional, está se tornando comum a existência de gestores que adotam o medo em detrimento da ética e do bem-estar como forma de garantir que a produtividade impere.
Outro problema destacado é o silêncio das pessoas que presenciam o assédio. Quando se fala em adoecimento causado pelo trabalho é preciso considerar que o coletivo é ferido em sua forma de funcionar, conforme explicou. “Nós estamos em uma batalha imposta pelo medo. Quem presencia o assédio tem medo de denunciar e ser a próxima vítima”, declarou Vitor. Segundo ele, nas raras vezes em que é denunciado, o assediador continua trabalhando, às vezes sendo até promovido. “Isso mata por dentro aqueles que foram assediados de forma direta ou indireta”.
Efeitos nefastos
Transtorno psíquico, aposentadoria por invalidez, síndrome do pânico e depressão estão aumentando entre bancários, que têm no trabalho mais um motivo de desprazer, denunciou Barros, acrescentando que, além de graves, alguns desses danos causados pelo assédio moral podem ser irreversíveis. “Tenho atendido pessoas com apenas 30 anos de idade que não conseguem sequer se lembrar da rotina do dia anterior. São trabalhadores resignados e que veem no trabalho apenas sofrimento”, destaca Vitor.

Ele destacou que o desafio da Campanha Nacional dos Bancários deste ano e também da sociedade de forma geral é realizar um debate aberto sobre o assunto. Para além das cláusulas financeiras, é preciso buscar urgentemente uma solução para o fim do assédio moral. “As práticas estão descaradas e as soluções não estão sendo levadas adiante. Se não houver um debate aberto, não haverá psicologia ou medicina do trabalho que vá resolver esse problema. É preciso romper o silêncio que o envolve a prática do assédio moral”.

Sindicato de Brasília na luta contra o assédio moral

A Clínica do Trabalho, implantada pelo Sindicato dos Bancários de Brasília numa parceria com a Universidade de Brasília (UnB), tem sido usada como modelo em alguns países do mundo. Espanha, Bélgica e Portugal são alguns dos países que já manifestaram interesse em copiar o que é realizado pelo Sindicato para atender os bancários e combater o assédio moral.

O Sindicato é também pioneiro nas discussões sobre o assunto. Em 2004 realizou o primeiro seminário para discutir instrumentos para combater o problema. Participou também de uma pesquisa nacional, liderada pelo sindicato de Pernambuco, e que resultou em uma cartilha que foi distribuída aos bancários de todo o país pelas entidades sindicais.
“Não existia conhecimento do que era assédio moral. Foi a partir daí que teve início o debate, discussões sobre o assunto para esclarecer a diferença entre assédio e dano moral, inclusive no Ministério Público do Trabalho”, relembrou Mirian Fochi, diretora eleita de Planos de Saúde e Relacionamento com Clientes da Cassi, o plano de saúde dos funcionários do BB, durante o painel.
“O assédio moral causa danos irreparáveis para a saúde física e mental. Temos que tomar atitudes, temos que combater. Não podemos aceitar de cabeça baixa. Temos que reagir a isso, e se for coletivamente teremos resultados melhores e mais rápidos”, destacou Mirian.

  

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Do Seeb Brasília