Na terceira rodada, Fenaban diz mais do mesmo

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O presidente do Sindicato, Eduardo Araújo (primeiro da dir. para a esq.), durante as negociações com a Fenaban
Na terceira rodada de negociações com o Comando Nacional dos Bancários, nesta quarta-feira (24), em São Paulo, a Fenaban, após apresentar um monte de “senões”, se comprometeu a apresentar uma proposta global para as reivindicações da categoria na próxima reunião, marcada para o dia 29.
O anúncio frustrou os representantes dos trabalhadores, que esperavam mais no debate sobre a pauta aprovada na 18ª Conferência Nacional dos Bancários. O que se viu, mais uma vez, foram as desculpas de sempre dos bancos, alegando que os bancários já têm a melhor Convenção Coletiva de Trabalho, os melhores salários do mercado, que o sistema financeiro gera muito emprego, que a rotatividade é baixa e que lucram pouco.
Aumento real
Os bancários querem aumento real para os salários, valorização do piso, da PLR, dos vales. Mas os bancos dizem que já pagam demais e que é preciso criatividade para definir a campanha deste ano.
PLR
A cada ano parcela menor do lucro é distribuída aos bancários e isso tem de ser corrigido. Os bancos, no entanto, querem manter a mesmo modelo, somente com reajuste dos valores de acordo com o que for convencionado e afirmam que, mesmo não sendo o setor mais lucrativo, pagam mais que outros.
A consultoria Economatica, no entanto, avaliou 25 setores que envolvem 300 empresas de capital aberto, e desses, os bancos foram o mais lucrativo no primeiro trimestre do ano: 21 instituições alcançaram R$ 14,3 bilhões.
Auxílio educação
Todos os bancários querem ter um acesso democrático a esse direito, mas a Fenaban diz ser impossível fazer uma cláusula nesse sentido. O Comando rebate, afirmando que pode haver sim o direito do pagamento a todos, com critérios e quantidades discutidos banco a banco. Isso custaria pouco para as instituições e significaria muito para os trabalhadores.
Parcelamento de férias
A categoria reivindica o parcelamento do valor pago nas férias. Os bancos informaram que farão o debate, mas querem condicionar isso ao parcelamento dos 30 dias de férias. O Comando informou aos representantes da Fenaban que realizou debates e consultas em todas as bases do Brasil e que nenhuma conferência regional apontou que os bancários queiram parcelar os 30 dias das férias.
Vale-cultura
Os bancários cobram a renovação do vale-cultura. Se a legislação federal, que tem duração prevista até dezembro, não for renovada, o pagamento dos R$ 50 ao mês pode acabar. O Comando propôs que bancários e bancos cobrem juntos do Congresso Nacional a renovação da lei, mas os bancos quiseram levar outros interesses deles junto, o que foi rejeitado pelos bancários.
Igualdade de oportunidades
O Comando foi novamente enfático na questão da mulher: as bancárias têm salários mais baixos, dificuldades na ascensão profissional e isso tem de mudar. Os negociadores da Fenaban primeiro alegam que não há diferença salarial e depois que essa diferença é característica do mercado de trabalho em outros setores e no mundo. Também afirmam que elas ficam menos tempo no emprego, o que dificultaria a ascensão, mas os dados do Censo da Diversidade da própria Fenaban não mostram isso: trabalhadores com mais de cinco anos de casa dividem-se entre 63% homens e 60% mulheres.
Emprego x tecnologia
Para a Fenaban, os bancos são os melhores empregadores do Brasil, “mesmo não sendo os mais lucrativos”. O Comando lembrou que o número absoluto de empregados vem caindo. Para eles isso é coisa natural, de ajuste, da tecnologia que ajuda o cotidiano e possibilita melhor distribuição da carga de trabalho. Os bancários não são contra a tecnologia, mas isso é o inverso do que se vê nos locais de trabalho. Os bancários que estão indo para agências digitais têm o dobro de clientes na carteira, ficando oito horas no “online” como máquina e por isso querem a jornada de 6 horas para esses gerentes, pois atualmente poucos dos cargos de bancos têm a jornada de seis horas respeitada.
Saúde
Para a Fenaban, a CCT já tem cláusulas de saúde demais, que precisam ser aprimoradas e aplicadas efetivamente. Ou seja, a própria Fenaban reconhece que precisam ser mesmo cumpridas, com o que os sindicatos concordam. Mas é preciso novas cláusulas para pôr fim ao assédio moral, ao sofrimento mental. O trabalho não pode adoecer. Sobre a revisão de atestados, informaram que não fazem com todos.
Segurança
Os bancos não querem debater a extensão da assistência em caso de assalto, sequestros ou extorsões aos familiares dos bancários que tiverem sofrido a violência. Mas, diante da cobrança do Comando, ficaram de rediscutir o assunto.
O Comando reforçou também que não aceita a revista feita aos trabalhadores na saída das agências e lembrou que, além de ação sindical, isso pode redundar em ação judicial.

Da Redação com Seeb São Paulo