Após pressão do Sindicato, Bradesco reverte demissão de funcionária com LER

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Um dia depois de o Sindicato realizar grande manifestação em frente à agência do Bradesco de Taguatinga Sul – em protesto contra a demissão da bancária Marilza Serafim Barbosa por LER/Dort –, a direção do banco, em São Paulo, reverteu a demissão de Marilza na última sexta-feira 15.

Na quinta-feira 14, o Sindicato levou um carro de som, palhaços, uma banda de músicos, pernas-de-pau e um mímico para protestarem contra a demissão da bancária. Funcionária do banco há 18 anos, Marilza já esteve afastada de suas funções pelo mesmo motivo. De volta ao trabalho, foi realocada para outro setor, mas continuou a sentir os sintomas da doença – e o uso de medicamentos passou a ser rotina.

Assim que tomou conhecimento da demissão, informada pela própria Marilza, o Sindicato tentou reverter o problema com o gerente geral da agência de Taguatinga Sul Iremar Ferreira Mendes, explicando que a legislação trabalhista não permite a dispensa de trabalhador por motivo de doença.

Intransigente, Iremar não quis negociar e afirmou que a demissão de Marilza foi autorizada pelo departamento de recursos humanos da matriz do Bradesco em São Paulo. “Ele não moveu uma palha para ajudar a colega. Pelo contrário, foi o responsável pela demissão e ainda responsabilizou a matriz, afirmando que era uma decisão que partiu de cima”, lembra José Avelino, funcionário do Bradesco e secretário de Administração do Sindicato.

Depois da negativa de Iremar, o Sindicato tentou conversar com a diretoria do banco em Brasília. “Sem sucesso, tivemos que negociar diretamente com a matriz do Bradesco, que determinou a reintegração da bancária lesionada”, destaca José Avelino.

Campanha salarial

Em campanha salarial desde o início de setembro, o Sindicato também está atento para as demissões de bancários. “Além da melhoria dos salários, é preciso pressionar a Fenaban a garantir o emprego dos trabalhadores. Este é um ponto que os bancos não querem nem ouvir falar. Eles chegaram a dizer em mesa de negociação que ajudaram a derrubar a adesão do Brasil à Convenção 158 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que impede a dispensa imotivada. Só com muita pressão e luta é que vamos ampliar as conquistas e conseguir a garantia de emprego”, afirma Márcio Teixeira, diretor do Sindicato.

O grave problema das Ler/Dort no Bradesco não é restrito a Brasília. O Sindicato dos Bancários de Rondônia denunciou aos órgãos fiscalizadores e aos parlamentares da bancada federal de Rondônia, através de um dossiê onde é relatado que já houve onze demissões de portadores da doença ocupacional no Estado. O deputado federal Eduardo Valverde (PT- RO) já apresentou um requerimento na Comissão do Trabalho da Câmara dos Deputados para que sejam convocados o presidente do Bradesco, Marcio Cypriano; e o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, para resolver a questão.