Após longa batalha, sai o PCS do BRB

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Será finalmente implantado o novo Plano de Cargos e Salários (PCS), uma das principais reivindicações específicas do funcionalismo do BRB, após anos de mobilização e de greves da categoria. O projeto foi homologado pelo GDF na segunda-feira 16 de junho e será retroativo a maio.

"Foi um avanço importante do funcionalismo, após anos de luta", avalia João Batista Machado, diretor do Sindicato. "Mas por ter sido anunciado unilateralmente, sem negociação com os representantes dos funcionários, o novo PCS ainda contém distorções como por exemplo o fato de, em várias faixas salariais, sequer se aproximar dos parâmetros de mercado usados pelo próprio banco na composição da PPR", ressalva Machado.

Plano unilateral e insuficiente

Essa é uma luta antiga, que remonta a 2001, após a greve histórica que unificou todo o funcionalismo, dos escriturários aos comissionados. A direção do BRB, reconhecendo que estava defasado em relação ao mercado, implantou então uma PPR provisória enquanto elaborava um novo PCS que se equiparasse à pesquisa realizada pelo próprio banco.

A partir de então, a reivindicação de um novo PCS passou a ser cláusula da pauta de reivindicações das campanhas salariais. A campanha se intensificou em 2005. O banco tentou trocar o PCS pela pauta de reivindicações da campanha salarial. "Mas o Sindicato e os funcionários rejeitaram esse blefe, por entenderem que o PCS corrige distorções estruturais, enquanto a negociação da data-base corrige apenas as perdas passadas e inclui outras cláusulas não contempladas pelo PCS", lembra André Nepomuceno, diretor do Sindicato.

No acordo salarial, após a greve, os funcionários conquistaram o mesmo índice de reajuste e o mesmo abono da Fenaban e a garantia de negociações permanentes.

O Sindicato decidiu então intensificar a campanha pelo novo PCS. Percorreu todas as dependências do banco coletando abaixo-assinado, entregue à direção da empresa, exigindo a necessidade de um novo plano de cargos e salários e mais agilidade na sua elaboração.

Plano sigiloso

O Sindicato vinha procurando negociar com a direção do banco um projeto amplo que eliminasse as distorções em todas as faixas salariais e cargos. Em 17 de fevereiro último, o Sindicato enviou ofício à direção do banco cobrando a abertura de negociações para discutir o novo PCS.

"Mas a direção do BRB, por outros interesses políticos, elaborou um plano unilateralmente, sem negociar com os funcionários e com o Sindicato, e no dia 22 de fevereiro anunciou pela imprensa que o projeto seria implantado em maio", critica Antônio Eustáquio Ribeiro, diretor do Sindicato.

"O plano é tão sigiloso que até hoje ninguém conhece seus detalhes, apesar de aprovado pela diretoria, pelo Conselho de Administração e pelo CPRH", queixa-se Kleytton Morais, também diretor do Sindicato.

Mas chegou maio e a direção do banco descumpriu sua própria promessa. E sequer deu satisfações ao funcionalismo. O Sindicato procurou vários canais para garantir e agilizar a implantação do plano, entre eles a secretária de Gestão Administrativa do GDF, Cecília Landim, que também preside o CPRH, e o presidente do banco, que encaminhou a reunião ao diretor de RH Ari Alves Moreira. Posteriormente, por intermédio de contato da deputada Erika Kokay, a secretária Cecília Landim informou que o PCS já havia sido aprovado no GDF, faltando apenas a homologação da governadora — o que acabou acontecendo nesta segunda-feira 26 de junho.