Apesar de lucro de R$ 7,12 bi no 1º semestre, Itaú fecha 9 mil empregos em um ano

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Sindicato dos Bancários de Brasília durante protesto contra as demissões no Itaú

 

Balanço divulgado nesta terça-feira 24 pelo Itaú mostra que, em apenas um ano, o maior banco privado do Brasil fechou 9.014 postos de trabalho, o correspondente a 8,8% do quadro de funcionários, sendo que 3.777 deles foram demitidos apenas no segundo trimestre de 2012. O brutal corte de empregos ocorreu mesmo com o lucro líquido de R$ 7,12 bilhões somente no primeiro semestre deste ano, que representa um crescimento de 2,5% em relação ao mesmo período de 2011.

 

Para o diretor do Sindicato Washington Henrique, o lucro exorbitante alcançado pelo Itaú mostra que o banco está agindo de forma completamente irresponsável para com os funcionários. “Onde já se viu uma instituição financeira com um lucro que bate a casa dos R$ 7 bilhões em apenas seis meses e mesmo assim pratica uma política de demissões em massa? Isso é inadmissível”, questiona Washington. “O Sindicato vai denunciar essa política nefasta à sociedade, além de intensificar a mobilização e a luta pelo emprego na Campanha Nacional”.

 

O lucro do semestre seria ainda maior se o Itaú não tivesse aumentado em 26,7% as despesas para provisões para crédito de liquidação duvidosa, no comparativo entre os primeiros semestres de 2011 e 2012, chegando a R$ 12 bilhões. Essas provisões representam 38 vezes o aumento de 0,7% na inadimplência registrada pelo banco no mesmo período.

 

“Seguindo a mesma política do Bradesco, que divulgou o balanço na segunda-feira, o Itaú eleva de forma descabida as provisões para créditos duvidosos em relação à inadimplência real. Esse é um truque manjado dos bancos para maquiar o balanço”, denuncia Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.

 

“Com essa manobra contábil de reduzir o lucro líquido superdimensionando as provisões para uma inadimplência que na verdade é baixa, os bancos atingem vários objetivos simultaneamente. Chantageiam o governo e a sociedade para justificar as demissões e os juros, spreads e tarifas altíssimos”, acrescenta Carlos Cordeiro. “E com isso ainda reduzem a distribuição de PLR aos trabalhadores.”

 

Receitas com tarifas crescem

 

Os ativos totais do Itaú chegaram a R$ 888,8 bilhões, um crescimento de 12,15% em relação ao primeiro semestre do ano passado. A receita de prestação de serviços aumentou em 8,17% nesse período (para R$ 7,2 bilhões), o que significa que apenas com essa rubrica o Itaú paga uma vez e meia todas as despesas de pessoal. As rendas com tarifas bancárias cresceram ainda mais: 16,06%.

 

“Ou seja, a exemplo do Bradesco a redução da taxa Selic também no Itaú não teve efeitos. O banco não baixou os juros e ainda aumentou as tarifas, afrontando os esforços do governo de reduzir o custo do crédito e realizando um verdadeiro saque de toda a população”, conclui o presidente da Contraf-CUT.

Da Redação com Contraf-CUT