A Copa é um grande investimento para o país, conclui Brasília Debate

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Com grande participação, o Brasília Debate sobre o tema ‘A Copa será um bom negócio para o Brasil?’, realizado pelo Sindicato na noite de terça-feira (20), concluiu que o mundial que reunirá 32 seleções será um grande investimento para o país. Realizado no Teatro dos Bancários, palco de grandes discussões democráticas, o evento debateu por mais de três horas a viabilidade do maior evento esportivo do planeta.  

O Brasília Debate contou com a participação de Gilberto Carvalho, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da Republica; Claudio Monteiro, secretário especial da Copa (Secopa); Wagner Caetano, secretário da Secretaria Nacional de Relações Político-Sociais da Secretaria-Geral da Presidência; e Antonio Lassance, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada  (Ipea) e doutor em Ciência Política pela Universidade de Brasília (UnB).

Mediador do debate, o presidente do Sindicato, Eduardo Araújo, afirmou que, em 2013, os 50 mil portadores de títulos da dívida receberam R$ 75 bilhões do governo federal, muito mais do que os R$ 8 bilhões que serão investidos na Copa e dos R$ 18,5 bilhões gastos com o programa Bolsa Família, que atende 14 milhões de famílias de todo o país.

“Somente com juros em um ano (2013), o governo federal gastou mais de quatro Copas. Dos R$ 75 bilhões, 25% foram para as mãos dos bancos e outros 24% para fundos de investimentos controlados por instituições financeiras”, destacou Eduardo Araújo.

Secretário da Secretaria Nacional de Relações Político-Sociais da Secretaria-Geral da Presidência, Wagner Caetano lembrou que os únicos investimentos feitos exclusivamente por causa da Copa do Mundo se limitam a R$ 8 bilhões, que são as obras nos estádios. Desse total, de acordo com ele, o governo federal financiou R$ 4 bilhões, por meio de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “O dinheiro volta com juros para os cofres do banco. A Copa se paga e o país sai ganhando”, observou o secretário.

Ao citar que os 12 novos estádios de futebol custaram R$ 8 bilhões, Wagner Caetano frisou que o governo federal é responsável apenas por financiar cerca de metade deste valor. “Os R$ 3,9 bilhões desembolsados pelo BNDES retornarão aos cofres do banco em até 180 meses, com juros e correção monetária. E representam 0,5% do que foi desembolsado pelo banco desde 2010, R$ 650 bilhões”.

“Aqui nós mostramos os verdadeiros números da Copa do Mundo”, disse Wagner Caetano.

‘Não há como sair dinheiro da saúde por causa da Copa’

Em sua exposição, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da Republica, Gilberto Carvalho, rebateu as críticas de que o dinheiro que está sendo gasto com os preparativos para a Copa poderia ter sido aplicado em saúde. “Não há como sair dinheiro da saúde por causa da Copa. Os dados já apresentados mostram que houve aumento no orçamento para a área nos últimos anos”.

De acordo com o ministro, somente no ano passado, o governo federal destinou para área da saúde R$ 83 bilhões, enquanto a educação recebeu R$ 101,9 bilhões.

Em relação às manifestações, o ministro espera que sejam pacíficas, assim como a que ocorreu em frente ao Sindicato: dois manifestantes gritaram na porta da entidade contra a Copa. Foram embora espontânea e pacificamente. “Eu acho que as manifestações contra a Copa serão muito pequenas. O que vai acontecer durante a Copa, hoje falando, são muito mais manifestações de oportunidade de categorias profissionais, de movimento de moradia e outros”.

Novo debate pós-Copa

“Gostaria de agradecer ao presidente do Sindicato, Eduardo Araújo, que abriu este importante espaço de diálogo com a população. O debate foi importante porque você ouve as pessoas. Isso é essencial para a democracia”, elogiou.  

Antes de encerrar sua participação no Brasília Debate, o ministro Gilberto Carvalho assumiu o compromisso de participar de um debate pós-Copa, em agosto, no Sindicato, para fazer uma nova avaliação do mundial e acertar um monitoramento sobre as obras que estavam no compromisso da Copa. “Apesar de não terem sido concluídas, as obras vão continuar sendo construídas e entregues à população”, finalizou.    

Brasília deve receber mais de 600 mil turistas

Assim como as outras 11 cidades-sede da Copa do Mundo, Brasília também vai ganhar com o mundial. Citando dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o secretário especial da Copa (Secopa), Claudio Monteiro, afirmou que a capital deve receber mais de 206 mil turistas estrangeiros e mais de 402 mil visitantes brasileiros. “Aquele que se posiciona contra a Copa faz isso porque desconhece os dados”, observou ele, afirmando que Brasília só tem a ganhar com a Copa.

‘Não se boicota evento esportivo’

Para Antonio Lassance, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e doutor em Ciência Política pela Universidade de Brasília (UnB), não se boicota evento esportivo. “É um erro se chamar, se conclamar e usar justificativas políticas, justas que sejam, para se boicotar eventos esportivos. Isso é coisa da Guerra Fria”, criticou.

Ao citar dados do Banco Central, Lassance afirmou que o Brasil gastou, em 2013, R$ 238 bilhões para o pagamento de juros da dívida pública. “Esse valor, dividido por 365 dias corresponde a um Mineirão gasto por dia. A cada dois dias, nos pagamos de juros da dívida um valor similar a um Maracanã”.

Ainda de acordo com o pesquisador do Ipea, “a cada 1% de juros a mais na taxa Selic, nos gastamos R$ 20 bilhões por ano”.

Transmissão ao vivo

O Brasília Debate, que contou com ampla participação de trabalhadores, sindicalistas, profissionais liberais, estudantes e aposentados, foi transmitido ao vivo, via webtv. Internautas também enviaram perguntas pelas redes sociais. Todas os questionamentos online foram respondidos pelos debatedores.

Nos próximos dias, o Sindicato vai disponibilizar a íntegra do Brasília Debate em seu site.
 
O projeto

O Brasília Debate é um espaço que o Sindicato coloca à disposição da categoria para a discussão de ideias sobre os temas relevantes da contemporaneidade. É realizado no Teatro dos Bancários, sempre com a participação de intelectuais e personalidades de destaque da vida cultural, política, econômica e social do país.

O Brasília Debate é destinado não só aos bancários, mas também a todos os dirigentes e militantes sindicais de outras categorias e às lideranças dos movimentos sociais do DF e do Entorno.

Rodrigo Couto
Do Seeb Brasília