6ª edição da Marcha das Margaridas será dias 13 e 14 de agosto

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Margaridas na luta por um Brasil com soberania popular, democracia, justiça, igualdade e livre de violência’ é o tema deste ano

A 6ª Marcha das Margaridas sairá às ruas de Brasília nos dias 13 e 14 de agosto, numa luta pela soberania alimentar, pelo fim da violência sexista, em defesa da democracia, pela garantia de acesso a terra, à água e à agroecologia, e em defesa dos povos indígenas, dos negros e das populações LGBTs.

Considerada a maior manifestação pelos direitos das mulheres no Brasil, a Marcha das Margaridas é uma ação estratégica de luta das mulheres do campo, da floresta e das águas e a maior ação de luta delas contra a exploração, a dominação e toda forma de violência, e em favor de igualdade, autonomia e liberdade para as mulheres. “São trabalhadoras que, em marcha, simbolizam e reverenciam nossa ancestralidade, ao mesmo tempo que trocam experiências de vida e luta”, afirma a secretária de Mulheres do Sindicato, Maria José Furtado, a Zezé.

Origem do movimento

A inspiração da marcha é Margarida Maria Alves. Uma trabalhadora rural, nordestina, que ocupou por 12 anos a presidência do Sindicato das Trabalhadoras Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba. À frente do sindicato, Margarida defendeu o direito a terra e à reforma agrária, incentivando as trabalhadoras e os trabalhadores rurais a recorrerem à justiça pela garantia de seus direitos. Foi brutalmente assassinada na frente de sua casa, no dia 12 de agosto de 1983, aos 40 anos, vítima de um tiro de espingarda, num crime encomendado por um latifundiário que se viu ameaçado pela luta constante da trabalhadora por direitos como respeito à jornada, carteira assinada, 13º salário e férias remuneradas. Margarida, aguerrida, sempre dizia: “É melhor morrer na luta do que morrer de fome”.

Em seu 19º ano de existência e em sua 6ª edição, a Marcha obteve conquistas importantes em toda a sua trajetória: programas de acesso a terra e a documentação; apoio às mulheres assentadas e à produção feminina na agricultura familiar; inclusão de ações específicas para a ampliação e garantia de direitos das mulheres empregadas rurais na Política Nacional de Empregados Rurais; ações em prol da saúde e da educação no campo; e o enfrentamento à violência contra as mulheres.

Os eixos políticos da Marcha das Margaridas 2019 são:

  1. Por terra, água e agroecologia;
  2. Pela audeterminação dos povos, com soberania alimentar e energética;
  3. Pela proteção e conservação da sociobiodiversidade e acesso aos bens comuns;
  4. Por autonomia econômica, trabalho e renda;
  5. Por previdência e assistência social pública, universal e solidária;
  6. Por saúde pública e em defesa do SUS;
  7. Por educação não sexista e antirracista e pelo direito à educação do campo;
  8. Pela autonomia e liberdade das mulheres sobre o seu corpo e sua sexualidade;
  9. Por uma vida livre de todas as formas de violência, sem racismo e sem sexismo;
  10. Por democracia, com igualdade e fortalecimento da participação política das mulheres.

Sessão solene

Na última terça-feira 25 houve uma sessão solene no plenário da Câmara Legislativa do Distrito Federal, com o apoio da deputada Arlete Sampaio (PT-DF), que referendou a participação de Brasília na Marcha deste ano. A sessão contou com a presença de representantes de vários movimentos sociais, como o Movimento dos Sem Terra (MST), a Marcha Mundial das Mulheres (MMM), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), além da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), coordenadora da Marcha.

“A participação de ‘margaridas’ das cidades, do campo, das florestas, dos quilombos e das águas emocionou os presentes com intervenções artísticas e falas autênticas de trabalhadoras engajadas e fortes, que, com sua simplicidade, são protagonistas na manutenção e preservação da vida na Terra com qualidade”, observou a secretária de Mulheres do Sindicato.

A deputada federal Erika Kokay (PT-DF), em sua fala no plenário, lembrou a característica transgeracional dessa luta feminina que não começa em 2000, com a primeira Marcha das Margaridas, e não acaba na edição de 2019, mas que simboliza a luta que começou há centenas de anos e “segue em marcha” no decorrer das gerações.

A representante da Frente de Mulheres Negras do DF e Entorno, Neide Rafael, lembrou de Marielle Franco e das mulheres que “morreram para nos dar vida”. Disse que sonha ver a educação brasileira inclusiva e com sua matriz africana incluída na educação brasileira, para que nossa polícia não seja responsável pelo genocídio da população negra e pobre nas periferias.

Da Redação