1º Encontro Distrital das Mulheres Bancárias tira propostas de ação pela igualdade de gênero

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Trabalhadoras do ramo financeiro do Distrito Federal se reuniram no 1º Encontro Distrital das Mulheres Bancárias, realizado pelo Sindicato nesta quinta-feira 18 em sua sede, para debater as questões de gênero e de igualdade de oportunidades no mercado de trabalho. O Encontro, que contou com as exposições de Ana Carolina Querino, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), e de Deise Recoaro, da Secretaria das Mulheres da Contraf-CUT, tirou propostas para combater a discriminação das mulheres na categoria bancária.

O Encontro contou com a participação de delegadas sindicais e dirigentes de diversos movimentos sociais, que participaram ativamente das discussões e contribuíram com a construção de ações contra a desigualdade.

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Trabalhadoras do ramo financeiro reunidas

As principais ações tiradas no evento são: criação da Secretaria de Mulheres no Sindicato e do coletivo das mulheres, com participação da base; intensificação da pressão junto ao governo para atender as reivindicações relativas à questão de gênero; e produção de cartilha sobre relações compartilhadas.

“Criaremos a Secretaria de Mulheres no Sindicato para debater e formular reivindicações a serem levadas para a mesa de negociações com os bancos. Temos que divulgar cada vez mais a importância dos temas relativos à questão de gênero para acabar com a discriminação que ainda existe contra a mulher. É um direito nosso ocupar todos os espaços que existem no mercado de trabalho”, afirma a secretária de Imprensa do Sindicato, Rosane Alaby.

A abertura do evento contou com a participação de Cida Sousa, secretária-geral do Sindicato; Rosane Alaby, secretária de Imprensa do Sindicato; Fabiana Uehara, diretora do Sindicato e da Contraf-CUT; e de Marlene Dias, presidente da Associação dos Economiários Aposentados do Distrito Federal (AEA-DF) e diretora administrativa da Associação do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Apcef-DF).  

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Da esquerda para direita: Marlene Dias, Rosane Alaby, Fabiana Uehara e Cida Sousa

“O Encontro foi muito produtivo para discutir a questão das bancárias no mercado de trabalho e para traçarmos estratégias de luta. Hoje somos 48% da categoria e lutaremos pela efetividade da política de igualdade de oportunidades”, frisou Cida Sousa, secretária-geral do Sindicato.  

O presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, que estava em Brasília a trabalho, aproveitou a oportunidade para saudar as participantes e reforçar seu apoio à mobilização das trabalhadoras. “As companheiras estão em uma luta muito importante pela ocupação dos ambientes no mercado de trabalho. Vejo que no mundo ninguém cede espaço para o outro de forma gratuita, por isso todos os avanços já alcançados, e os que virão, são frutos de muita luta”, disse.

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Secretária de Mulheres da Contraf-CUT, Deise Recoaro e o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro

Mulheres no mercado de trabalho e as políticas pela igualdade

Os eixos fundamentais de uma agenda de trabalho decente foi tema da palestra da coordenadora do Programa de Promoção da Igualdade de Gênero e Raça no Mundo do Trabalho da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Ana Carolina Querino durante o encontro. Ela destacou que a solução contra a desigualdade de gênero passa por uma mudança cultural na sociedade.

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Coordenadora do Programa de Promoção da Igualdade de Gênero e Raça no Mundo do Trabalho da OIT, Ana Carolina Querino (esq.) apresenta políticas para igualdade de oportunidades

“Entendemos que a discriminação de gênero e raça é a matriz da desigualdade social. Para que o país se desenvolva de maneira plena deve ocorrer o fim da desigualdade, já que a potencialidade de vários grupos da sociedade é desperdiçado por causa da discriminação”, diz Ana Carolina Querino.

Segundo ela, a OIT sintetizou o conceito de trabalho decente em alguns tópicos: direitos, proteção social, emprego e diálogo social. A discussão de gênero e raça ocorre simultaneamente ao debate do trabalho decente.

Alguns programas e Projetos de Lei buscam a igualdade de gênero em seu cerne, lembrou ela. O Projeto de Lei daIgualdade de Gênero no Trabalho (PL4857/2009), o Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça da Secretaria e o Manual de Capacitação e Informação sobre Gênero, Raça, Pobreza e Emprego (GRPE) da OIT são exemplos.

“As empresas ainda têm políticas muito ligadas a campanhas e cartilhas quando se fala em igualdade de oportunidades, por isso destaco a importância dos acordos coletivos como importantes instrumentos de conquistas de direitos e transformação social”, frisou Ana Carolina.

Mulheres do ramo financeiro

As contribuições tiradas nos encontros regionais das mulheres em todo o país serão levadas para o Encontro Nacional de Mulheres, previsto para ocorrer em maio. 

A secretária de Mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Deise Recoaro, que está organizando a pauta do encontro nacional, debateu no Distrital os avanços e desafios da categoria bancária nas questões de gênero.

“Ainda temos muitos desafios para a conquista de direitos que acabem com a discriminação de gênero dentro do ramo financeiro. Vamos lutar para que reivindicações como relação compartilhada e ampliação da licença-paternidade sejam direitos garantidos em nossos acordos coletivos”, comenta Deise Recoaro.

Segundo Deise, dados da População Economicamente Ativa (PEA) relativos a 2010 mostram que as mulheres ocupam 48% dos postos de trabalho no ramo financeiro. Apesar de representarem quase a metade do setor, Deise lembrou que as mulheres ainda sofrem preconceito quando da ascensão profissional. Além disso, mulher em cargo de gerência recebe R$ 10,00 a menos por hora trabalhada em relação ao homem.  Esses números constam do Mapa da Diversidade, divulgado peça Febraban em 2009 por pressão do movimento sindical.

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Secretária de Mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Deise Recoaro

“Acredito que, além da dificuldade de promoção, as mulheres ainda têm a imagem utilizada como mercadoria. A imagem feminina é utilizada como mecanismo de venda para trazer mais lucro. Encarar essa situação de maneira natural é problema grave na sociedade. As bancárias devem ser reconhecidas pela sua capacidade técnica e não por outros fatores que não são relevantes no ambiente profissional”, comenta Deise.

Levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) revelam que até mesmo dentro do movimento sindical é preciso dar mais espaço para as mulheres. Em todo o Brasil, há apenas 26% de mulheres nos movimentos sindicais. No Centro-Oeste, elas representam somente 18,2% dos quadros.  

Nesse sentido, a iniciativa do Sindicato dos Bancários de Brasília pela inclusão das mulheres no universo do movimento sindical foi ressaltada durante o Encontro. A próxima diretoria do Sindicato, eleita pela categoria para o período de 2013 a 2016, tem 40% de participação feminina. O número se aproxima cada vez mais da paridade de gênero defendida pela Central única dos Trabalhadores (CUT).

Deise deixou uma mensagem de otimismo e estímulo para as mulheres que participaram do 1º Encontro Distrital das Mulheres Bancárias. Afirmou que as mulheres devem se empoderar de seus direitos para fortalecer a luta da igualdade de gênero e avançar. Só assim teremos de fato uma democracia.

Thaís Rohrer
Do Seeb Brasília