A nomeação de Nelson Antônio Souza para a presidência do BRB, horas depois do afastamento judicial de Paulo Henrique Costa, não é mudança. É continuidade. O governo do Distrito Federal simplesmente trocou o rosto, mas manteve a mesma estrutura de poder formada pelo senador Ciro Nogueira (PP), pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) e pela vice-governadora Celina Leão (PP), exatamente o núcleo político que empurrou o banco público para dentro do maior escândalo financeiro em curso no país.
O rombo do Banco Master já supera R$ 41 bilhões em créditos podres, precatórios fraudados e operações suspeitas envolvendo o próprio Master e seu controlador, Daniel Vorcaro, atualmente preso. Para dimensionar a gravidade, esse valor é o maior resgate já acionado pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) na história, superando em mais de duas vezes o do Bamerindus, em 1997 (R$ 3,744 bilhões, equivalentes a R$ 19,7 bilhões corrigidos pela inflação), e deixando para trás o Cruzeiro do Sul (R$ 4,04 bilhões) e o BRK (R$ 1,96 bilhão). São mais de 1,6 milhão de credores na mão, entre investidores individuais, fundos de pensão e o próprio FGC, que injetou R$ 4 bilhões emergenciais para evitar o colapso imediato do Master.
Foi esse mesmo grupo político que, por ação direta ou omissão conivente, transformou o BRB em fiador de uma instituição claramente insolvente. Tentaram comprar 58% do Master por R$ 2 bilhões e expuseram o banco público do DF ao risco de assumir passivos ocultos que podem chegar a dezenas de bilhões de reais.
O Sindicato denuncia há anos que o BRB estava sendo usado como instrumento de interesses privados. A Operação Compliance Zero, da Polícia Federal, e a prisão de Vorcaro apenas confirmam o que sempre alertamos: a tentativa de aquisição não era “oportunidade estratégica”, mas uma operação de altíssimo risco que poderia ter destruído a instituição pública e comprometido o patrimônio de toda a população do Distrito Federal.
Chegar ao comando do BRB em meio a esse cenário seria motivo de cautela para qualquer gestor sério. A escolha, porém, representa a continuidade de um grupo político inescrupuloso que, por ambição politiqueira ou conivência criminosa, colocou o banco a serviço de interesses alheios ao povo do DF.
O avanço das investigações mostra que o BRB precisa de uma reconstrução institucional urgente. Não se trata de trocar nomes, mas de romper com o modelo político que submeteu o banco a riscos inaceitáveis.
A integridade financeira e a credibilidade do BRB dependem de escolhas responsáveis, centradas no interesse público. O Sindicato seguirá vigilante e atuante para que o banco volte a cumprir seu papel social, sem interferências que comprometam sua missão e seu futuro.
Victor Queiroz
Colaboração para o Sindicato
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