

O ano de 2017 registrou o maior aumento no número de bilionários da história – um a mais a cada dois dias. Atualmente, há 2.043 bilionários em todo o mundo. Esses dados são apontados no relatório “Recompensem o trabalho, não a riqueza”, divulgado pela ONG Oxfam, nesta segunda 22, às vésperas da reunião do Fórum Econômico Mundial de 2018, em Davos, na Suíça.
De acordo com o estudo, esse aumento histórico teria sido suficiente para acabar mais de sete vezes com a pobreza extrema global. Oitenta e dois por cento de toda a riqueza gerada no ano passado ficaram nas mãos do 1% mais rico e os 50% mais pobres (3,7 bilhões de pessoas) não ficaram com nada.
São em torno de 3 bilhões de pessoas no mundo que vivem abaixo da "linha ética de pobreza", definida pela riqueza que permitiria que as pessoas tivessem uma expectativa de pouco mais de 70 anos.
"Os dados são os mais impactantes possíveis", afirma Katia Maia, diretora-executiva da Oxfam. "Queremos chamar a atenção dos governos, das empresas e da sociedade, eliminar a ideia falsa da questão do mérito no tema da riqueza. No nível extremo em que está, a desigualdade é resultado da atuação de governos e empresas, que devem trabalhar para os 99% da população."
Realidade brasileira
No Brasil, não é muito diferente. O país ganhou 12 bilionários a mais no período de março de 2016 a março de 2017, passando de 31 para 43. Hoje existem cinco bilionários brasileiros com patrimônio equivalente ao da metade mais pobre do país, chegando a R$ 549 bilhões em 2017 – 13% maior em relação ao ano anterior. Ao mesmo tempo, os 50% mais pobres do Brasil tiveram sua riqueza reduzida no mesmo período, de 2,7% para 2%.
A diretora-executiva da Oxfam ressalta que, no Brasil, o governo também deve assumir suas responsabilidades. “Dependendo por qual caminho vão as medidas adotadas, pode-se aumentar a desigualdade". Para ela, "é urgente no país uma reforma tributária".
Katia cita como exemplo a ação do governo ilegítimo de Michel Temer em congelar os gastos públicos por 20 anos como justificativa para o equilíbrio fiscal, ao mesmo tempo em que não toma medidas de combate à sonegação.
Mulheres nos piores postos
O trabalho insalubre e mal remunerado de muitos garante a riqueza extrema de poucos. As mulheres estão nos piores postos de trabalho e quase todos os bilionários do planeta são homens.
De acordo com o estudo, em muitos países a desigualdade salarial aumentou e a participação da remuneração trabalhista no PIB diminuiu porque os lucros aumentaram mais rapidamente do que os salários. Embora a proporção de renda dos 1% que estão no topo tenha crescido substancialmente, muitos outros não compartilharam os frutos do progresso econômico.
Mesmo em países emergentes com rápido crescimento econômico, muitos trabalhadores, incluindo uma parte desproporcionalmente grande de mulheres, permanecem presos a salários baixos e de pobreza. A pesquisa realizada como parte deste relatório confirma que a maioria das pessoas quer viver em sociedades muito mais iguais.
Trilhardário
O estudo da Oxfam destaca ainda que uma em cada dez pessoas no mundo sobrevive com menos de US$ 2 por dia. Por outro lado, a ONG prevê o surgimento do primeiro trilhardário em 25 anos. Sozinha, essa pessoa terá uma fortuna tão estratosférica que precisaria gastar US$ 1 milhão todos os dias, durante 2.738 anos, para acabar com seu dinheiro.
ONG
A Oxfam é uma confederação internacional de 20 organizações que trabalham em rede em mais de 90 países como parte de um movimento global em prol de mudanças necessárias e no intuito de construir um futuro livre da injustiça da pobreza.
Leia mais em https://www.oxfam.org.br/nos-e-as-desigualdades
Da Redação
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