
As mulheres brasileiras continuam trabalhando mais e ganhando menos que os homens. A pesquisa “Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça”, divulgada nesta segunda-feira (6) pelo IBGE, aponta que elas trabalham em média 7,5 horas a mais que os homens por semana. Em 2015, a jornada total média do sexo feminino era de 53,6 horas, enquanto a do sexo masculino de 46,1 horas.
Clique aqui para baixar o PDF da pesquisa “Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça”.
O levantamento foi feito com base em séries históricas de 1995 a 2015 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) e faz parte de um projeto realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) desde 2004 em parceria com a ONU Mulheres.
Em relação às atividades não remuneradas, mais de 90% das mulheres declararam realizar atividades domésticas – proporção que se manteve com pouca alteração ao longo de 20 anos, assim como a dos homens. Ou seja, as mulheres ocupadas continuam se responsabilidade pelo trabalho doméstico não remunerado, o que leva à chamada dupla jornada.
Quanto mais alta a renda das mulheres, menor a proporção das que afirmaram realizar tarefas domésticas. No caso das com renda de até um salário mínimo, 94% dedicavam-se aos afazeres domésticos, contra 79,5% entre aquelas com renda superior a oito salários mínimos.
Chefes de família
Cada vez mais as mulheres chefiam os lares brasileiros, mesmo com a presença de um cônjuge. Em 1995, 23% dos domicílios tinham mulheres como pessoas de referência. Vinte anos depois, esse número chegou a 40%.
Mercado de trabalho
Os últimos 20 anos parecem indicar que as brasileiras atingiram um “teto” de participação difícil de ser ultrapassado no mercado de trabalho. Entre 1995 e 2015, a taxa de participação feminina pouco oscilou em torno dos 54-55%, nunca chegando a 60%. Isto significa que quase metade das brasileiras em idade ativa está fora do mercado.
O percentual masculino chegou a 85% e vem caindo, tendo alcançado menos de 78% no último ano da série. Aquelas que se lançam no mercado de trabalho muitas vezes se deparam com a barreira de encontrar posição. Essa é uma dificuldade maior para as mulheres que para os homens. Em 2015, a taxa de desocupação feminina era de 11,6% – enquanto a dos homens foi de 7,8%.
Mulheres negras
No caso das mulheres negras, a proporção chegou a 13,3% (a dos homens negros, 8,5%). Os maiores patamares encontram-se entre as mulheres negras com ensino médio completo ou incompleto (9 a 11 anos de estudo): neste grupo, a taxa de desocupação em 2015 foi 17,4%.
Uma importante ocupação feminina continua sendo o emprego doméstico, ao lado do serviço público e do emprego com carteira de trabalho assinada, que cresceu mais fortemente nos últimos 20 anos (respondia por 24% das ocupadas em 1995 e por 36% em 2015).
Escolaridade
A pesquisa identifica que, nos últimos 20 anos, apesar do movimento de queda, a diferença de escolaridade entre raças ainda é alta. Nesse período, mais brasileiros conseguiram chegar ao nível superior e entre 1995 e 2015, a população adulta negra com 12 anos ou mais de estudo passou de 3,3% para 12%.
Porém, o patamar alcançado em 2015 pelos negros era o mesmo que os brancos tinham já em 1995. Já a população branca, quando considerado o mesmo tempo de estudo, praticamente dobrou nesses 20 anos, variando de 12,5% para 25,9%.
Blocos temáticos
A pesquisa traz informações em 12 blocos temáticos: população; chefia de família; educação; saúde; previdência e assistência social; mercado de trabalho; trabalho doméstico remunerado; habitação e saneamento; acesso a bens duráveis e exclusão digital; pobreza, distribuição e desigualdade de renda; uso do tempo; e vitimização.
Da Redação com IPEA
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