Só a união e a disposição de lutar podem brecar os retrocessos e avançar nas conquistas no Banco do Brasil. A afirmação é do secretário de Assuntos Jurídicos do Sindicato e bancário do BB, Rafael Zanon, que concedeu entrevista ao Informativo Bancário sobre a Campanha Nacional dos Bancários 2011 e as ameaças feitas pelo BB na segunda rodada de negociação, ocorrida na sexta-feira (9) em Brasília.
Na negociação com o Comando Nacional dos Bancários, o BB disse que não pretende renovar a cláusula que trata das três avaliações negativas para casos de descomissionamento. O banco ainda afirmou que ressalvará no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) qualquer cláusula da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) que trate de compensação de horas, se houver greve, tentando retirar conquista do acordo. 
“Lamentamos a postura do BB. É um desrespeito por parte da empresa ameaçar sobre uma possível greve enquanto estamos em processo negocial”, lembrou Zanon. Em sua avaliação, a atitude mostra que o atual estado de mobilização dos bancários incomoda muito a empresa. 
Formado em história pela Universidade de Brasília (UnB), Zanon ingressou no BB em 2000. Foi do Conselho de Usuários da Cassi e secretário de Formação do Sindicato, cargo que também já ocupou na Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Centro Norte (Fetec-CN). Atualmente é membro eleito do conselho Consultivo do Previ Futuro e representa a Fetec-CN na Comissão de Empresa dos Funcionários do BB (CEBB).
Confira, abaixo, a entrevista com Rafael Zanon.
Informativo Bancário – Como estão as negociações específicas com o BB?
Rafael Zanon – Desde a entrega de nossa pauta de reivindicações, tivemos algumas rodadas com a Fenaban e duas rodadas de negociação específica com o BB. Nas mesas de negociações específicas, nós, da comissão de empresa, cobramos o atendimento de nossas propostas aprovadas na Conferência Nacional dos Bancários e no 22º Congresso Nacional dos Funcionários do BB.
IB – Quais são as reivindicações específicas dos (as) funcionários (as) do BB?
Zanon – Cumprimento da jornada de seis horas para os (as) comissionados (as), melhorias na carreira de mérito, ampliação da cobertura do plano odontológico, auxílio-educação, fim da trava de comissionamento e remoção, proteção do cargo comissionado, pagamento das substituições, Cassi, Previ e PAS para os funcionários oriundos de bancos incorporados, concurso interno para provimento de cargos comissionados, combate ao assédio moral, entre outras. Lembrando que na mesa da Fenaban estamos reivindicando aumento real de salário, melhoria no piso salarial, melhoria no modelo de PLR, aumento do auxílio-creche, cesta-alimentação e vale-alimentação.
IB – Quais reivindicações foram atendidas até o momento?
Zanon – Nenhuma de nossas propostas foi atendida.
IB – Nenhum avanço?
Zanon – Nenhum. O BB explicitou, inclusive, que não pretende renovar a cláusula que trata das três avaliações negativas para casos de descomissionamento.
IB – É verdade que o BB está tentando retirar direitos?
Zanon – Sim. A cláusula do acordo que trata do descomissionamento foi uma de nossas principais conquistas da Campanha Nacional dos Bancários de 2010. Essa postura por parte da empresa mostra uma clara tentativa de intimidação e gestão por medo.
IB – E a greve?
Zanon – Neste momento, estamos em processo de negociação. Portanto, não é ético falarmos de confronto enquanto estamos buscando o diálogo.
IB – Mas os bancos já estão ameaçando.
Zanon – Lamentamos a postura do BB, que em mesa de negociação afirmou que ressalvará no acordo coletivo qualquer cláusula da Convenção que trate de compensação de horas, se houver greve, tentando retirar conquista do acordo. Além disso, é um desrespeito por parte da empresa ameaçar sobre uma possível greve enquanto estamos em processo negocial.
IB – Até que ponto essa ameaça pode causar desmobilização entre os bancários (as)?
Zanon – Essa atitude mostra que o atual estado de mobilização dos bancários (as) incomoda muito a empresa. Qualquer tipo de ameaça ou tentativa de retirada de direitos por parte do BB tende a acirrar os ânimos dos bancários (as) e, consequentemente, consolidar o processo de mobilização. Já temos experiência de anos de lutas e sabemos que as campanhas são sempre duras, com ameaças e retaliações, e que só a união e a disposição de lutar podem brecar os retrocessos e avançar nas conquistas.
IB – Qual sua orientação para os (as) bancários (as) como representante da Fetec-CN na mesa específica de negociação com o BB?
Zanon – As negociações ainda estão em curso, tanto na mesa da Fenaban quanto na mesa específica. Na terça-feira (20), teremos mais uma rodada de negociação com os bancos. É fundamental que, neste momento, os (as) funcionários (as) não se intimidem com as ameaças e mantenham o estado de mobilização. A posição da comissão de empresa na mesa de negociação com o BB é firme na defesa das reivindicações aprovadas nos congressos da categoria.
Da Redação
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