Em audiência de mediação no Ministério Público do Trabalho (MPT) nesta quarta-feira 12, em Brasília, a procuradora regional do Trabalho da 10ª Região, Ana Cristina Tostes Ribeiro, cobrou do Santander o detalhamento das demissões em massa que o banco vem promovendo em todo o país desde novembro. A audiência foi solicitada pela Contraf-CUT, que denunciou a instituição financeira ao MPT e cobrou dos seus representantes a suspensão imediata dos desligamentos e a readmissão dos trabalhadores. O Sindicato dos Bancários de Brasília também participou da audiência.
O MPT quer do banco cópia das informações prestadas mensalmente ao Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em 2012. O banco tem 24 horas para apresentar os documentos, que serão disponibilizados para a Contraf-CUT, que se manifestará igualmente no mesmo prazo.
De posse desses dados, a procuradora do Trabalho vai definir um posicionamento e as medidas que serão tomadas no âmbito do MPT, podendo até mesmo ajuizar uma ação civil pública.
Mesmo confrontado com os números apresentados pelo movimento sindical, o banco negou que há demissões em massa e se recusou a negociar o cancelamento das dispensas e a readmissão dos trabalhadores, afirmando que “contratação e demissão são um ato de gestão do banco e é um processo normal dentro das empresas”. Para o banco, as demissões estão "dentro da normalidade". Quanto aos rumores de que haverá mais desligamentos (estariam previstos 5 mil), os representantes do Santander garantiram que isso não irá ocorrer.
O presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, rebateu o discurso do banco. “Para nós, as demissões não são um processo normal diante da lucratividade do Santander no Brasil, já que o país representa ¼ do lucro mundial da instituição. Na sede da empresa, na Espanha, onde há crise econômica, não houve demissões. Aqui, o banco tem feito uma reestruturação sem dar explicações e nem negociar com os sindicatos”, ressaltou.
No Distrito Federal, as demissões instauraram um clima de apreensão e insegurança entre os funcionários. Foram 26 demitidos em apenas um dia de dezembro. “Esse número representa mais do que o registrado durante vários meses de 2011. Está claro que houve demissão em massa. Essa situação deixa as pessoas trabalhando com medo. Além disso, alguns dos bancários demitidos na região do DF estavam de licença saúde, o que não é permitido por lei”, afirma Rosane Alaby, secretária de Imprensa do Sindicato.
Durante a audiência, o movimento sindical também cobrou a abertura de negociação com o banco para tratar do tema emprego. Várias solicitações da Contraf-CUT nesse sentido foram enviadas ao banco desde outubro, e intensificadas em dezembro, mas até agora não houve nenhuma resposta.
Rotatividade
Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego, os bancos privados no país demitiram 7.286 bancários de janeiro a setembro de 2012, sendo que nesses números ainda não constam os recentes desligamentos do Santander. Os números do MTE revelam o grave problema da rotatividade no setor financeiro. Prova disso é que, enquanto os contratados pelas instituições financeiras recebem 25% menos que os demitidos, nos demais setores a diferença é de 7,5%.
“Além do problema da rotatividade, há número insuficiente de bancários nas agências, o que resulta em sobrecarga de trabalho e tem reflexos no atendimento. O Santander abriu 90 agências no país este ano e não contratou no mesmo ritmo. Pelo contrário, demitiu”, afirma Miguel Pereira, secretário de Organização da Contraf-CUT, que também participou da audiência.
Thaís Rohrer
Do Seeb Brasília
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