
Durante a rodada de negociação da mesa temática de saúde com o Contraf-CUT e o Banco do Brasil, realizada dia 5, em que foi debatido o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), os representantes do banco apresentaram dados dos exames periódicos de todos os funcionários e também uma pesquisa sobre a realização do exame, que foi respondida, espontaneamente, por 11 mil funcionários. A pesquisa abordou aspectos como acolhimento, tempo de espera, tempo de consulta, entre outros temas.
O banco apresentou os resultados obtidos na análise dos exames de 106.757 funcionários, mapeados por estado da federação e com detalhamento sobre os problemas de saúde detectados, bem como os níveis de satisfação no trabalho e estresse. Os dados têm como base um novo formulário de coleta de dados implementado desde 2013.
A apresentação dos dados referentes ao EPS de 2015 evidenciou que os problemas de saúde decorrentes de stress e os osteomusculares são os mais vivenciados pelas bancários e bancárias do Banco do Brasil. À mesa, o BB informou que o maior desafio para a medicina são as doenças relacionadas ao psiquismo e que o material científico produzido até hoje não é suficiente para abarcar o desafio que se apresenta, portanto o estudo da medicina do trabalho relativo ao tema está sendo construído atualmente.
A consolidação das respostas subjetivas realizadas pelos funcionários no PCMSO apresentaram algumas divergências com a realidade presenciada nos locais de trabalho, com relação, por exemplo, ao consumo de álcool e tabagismo. Os sindicatos mostraram preocupação com relação a essas divergências, por prejudicarem na identificação e no tratamento preventivo de doenças. Também preocupou o alto índice de obesidade entre os homens, e os sindicatos pontuaram a necessidade de se aprofundar o debate da implementação na Cassi do modelo integral de saúde.
O BB informou que desde 2013 o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) vem conquistando muitas melhorias na qualidade da saúde dos trabalhadores do banco. O SESMT foi mantido no BB após ação do movimento sindical, e está estabelecido no artigo 162 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O SESMT também tem a função de alertar e dar instruções para os funcionários sobre o aparecimento de novas doenças, esclarecimentos sobre qualquer tipo de doença e também evitar que pequenos acidentes de trabalho possam acontecer.
Outra questão abordada à mesa foi a obrigatoriedade da conclusão do exame periódico de saúde em determinados prazos ser instrumento que bonifica no ATB (metas), o que tem sido cobrado por alguns gestores de forma desvirtuada. Em alguns casos, o direito do funcionários em gozar de abonos ou a participação em cursos presenciais está sendo condicionado à realização do exame.
Os funcionários cobraram do BB dados por idade e tempo de banco, bem como os comunicados de acidente de trabalho e as informações de CAT aos sindicatos. Os dados apresentados trazem informações sobre afastamentos, teste para avaliar o nível de stress (sintomas) e detalhes sobre tabagismo (que tem diminuído), atividade física, colesterol, disfunção dos membros superiores e risco cardiovascular, detectados nos exames periódicos e laboratoriais apresentados.
Os bancários também cobraram melhorias quanto ao mobiliário de dependências, as divergências entre os aptos e não aptos pelo INSS e Cassi, e que o BB estude uma fórmula de proteção salarial aos que retornam de afastamentos, com base na Súmula 372 do TST, que garante estabilidade remuneratória para quem tem mais de 10 anos de exercício em funções comissionadas.
O banco apresentou informações sobre o programa de reinserção de funcionários afastados e o tema será aprofundado em uma nova reunião a ser agendada antes das negociações da campanha salarial.
"A saúde e o bem-estar do trabalhador sempre foram um grande desafio às grandes corporações, como o Banco do Brasil, principalmente nos dias atuais em que o mal do século se apresenta na forma das doenças relacionadas ao psiquismo, como depressão. O Sindicato dos Bancários doe Brasília possui parceria com a UnB e dispõe de pesquisas e atendimento especializado na área de psicologia laboral. Penso que a conversa com o Banco deve continuar em outras mesas relacionadas ao tema, pois existem muitas melhorias a serem implementadas”, afirma a diretora do Sindicato Maria José Furtado.