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18 de Junho de 2016 às 10:58

Mesa aponta para tentativa de criminalização dos movimentos sindical e social

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A terceira mesa do 1º Seminário em Defesa dos Bancos Públicos, que integra a programação dos congressos nacionais dos bancários do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, apontou para a necessidade de unidade de ação dos trabalhadores neste momento em que está em curso um golpe institucional que, para se consolidar, precisa derrotar os movimentos sociais e sindicais.

Frisou Gilmar Mauro, integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST): “Num contexto de crise, o capital segue ganhando em cima dos direitos dos trabalhadores e promovendo cortes na saúde e na educação. Veja o exemplo da França, que está promovendo uma reforma trabalhista e da previdência. Para isso, é preciso fragmentar o movimento sindical. Mais do que isso, é preciso criminalizar”.

Ele citou o exemplo da União Nacional dos Estudantes (UNE), que enfrenta uma CPI na Câmara dos Deputados, para lembrar que o MST já foi alvo dessa ofensiva por quatro vezes.

Mauro também chamou a atenção para os bancários, alertando para o perigo da privatização dos bancos públicos sob Michel Temer. “A privatização está na mira desse governo. Virão tempos difíceis”.  

A resistência, segundo ele, passa necessariamente pela união dos trabalhadores. “Virão tempos difíceis. A crise é estrutural e sua duração vai depender da luta de classes”, destacou, para logo depois afirmar: “Mas se mexer com um trabalhador, mexeu com todos”, conclamou, arrancando aplausos do plenário.

'Elite não admite empoderamento do operário' 

A necessidade de resistência também deu o tom da intervenção da secretária de relações internacionais da UNE, Mariana Dias. “Precisamos nos fortalecer para dar uma resposta ao que está acontecendo, que é um golpe institucional”.

“É um momento difícil por que passa a política brasileira e as pessoas não estão se dando conta disso, a exemplo do golpe militar de 64, com a diferença de que agora acontece um golpe institucional. Enquanto isso, as pessoas continuam assistindo novela na Globo”, criticou.
 
A representante da UNE atribui a crise ao fato de que a elite não admite ver avançar as conquistas sociais dos últimos anos, como o ingresso dos pobres na universidade, nem a presença de uma mulher na Presidência da República. “Tudo isso resultou no afastamento de Dilma. Eles não querem o empoderamento do operário e da mulher”.

Segundo ela, o projeto político que esta aí é o que de pior há no neoliberalismo. Isso porque Temer “quer ir além de FHC, fazer o que ele não fez”. A exemplo do representante do MST, ela também advertiu os participantes do Seminário para o risco de privatização dos bancos públicos. “Esse golpe é contra os direitos do povo brasileiro, é contra os bancos públicos, porque os privados não vão querer financiar projetos sociais. E os bancários conhecem bem os resultados da privatização. Assim, defender os bancos públicos é defender a democracia.


'É mais lucrativo investir no capital especulativo' 

O professor de Economia da PUC-SP, Ladislau Dowbor, por sua vez, começou sua análise afirmando que "os recursos que deveriam ir para saúde, segurança e educação, vão direto para os lucros dos bancos.” 

Ele explicou que, para a economia funcionar, precisa de quatro motores: exportação, que depende mais dos preços mundiais do que da população; a demanda das populações e a oferta de crédito; a atividade das empresas, vital para a economia; e a dívida pública. “Os três últimos estão diretamente ligados às taxas de juros e ao sistema financeiro brasileiro, que é onde começa o problema”, explicou

Dowbor defendeu o aquecimento do mercado interno como estratégia de enfrentamento da crise. “Quanto mais desfavorável o mercado externo, mais devemos nos apoiar nas nossas próprias pernas”.

A solução, segundo ele, esbarra no custo do crédito no Brasil, bem inferior ao cobrado por países europeus. Como o sistema funciona de maneira integrada no país, conforme afirmou, os impactos são sentidos em cadeia. “O resultado disso é que a população se endivida, e o faz comprando pouco, levando os consumidores a entrar no cheque especial, por exemplo”.

Ele elencou uma série de fatores que levaram ao cenário de recessão vivido pela economia brasileira. “O minério de ferro perdeu 45% do seu valor de mercado em 12 meses, o que travou a economia interna”, gerando um efeito cascata que atinge todo o setor produtivo, que arrefece.

Mas o professou não poupou críticas aos empresários que preferem aplicar seu capital em títulos da dívida pública, por conta da taxa Selic a 14,25%, alimentando a especulação financeira. “Aplicar na taxa Selic é mais lucrativo do que investir em produção”, disparou.

Renato Alves
Do Seeb Brasília

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