A decisão da direção da Caixa de manter, no novo Estatuto Social do banco, o teto de 6,5% para o custeio do Saúde Caixa representa mais um duro ataque aos direitos dos trabalhadores. Uma medida que segue a lógica de uma política neoliberal que foi implantada no período pós-golpe de 2016 e que continua em curso na gestão do banco, hoje fortemente influenciada pelo Centrão.
A direção da Caixa, tomada por esse grupo político após a saída de uma gestão mais alinhada aos interesses dos empregados, tem aprofundado medidas que fragilizam direitos históricos. A manutenção do teto é uma delas — e se insere numa lógica de preparação para a privatização da empresa, em total contradição com o compromisso do atual governo de manter a Caixa 100% pública e voltada ao atendimento da população mais vulnerável.
Imposto pelas resoluções CGPAR ainda durante o governo Temer, o teto compromete a sustentabilidade financeira do plano de saúde e põe em risco o modelo de custeio 70/30. Essas resoluções visavam reduzir o papel do Estado nas empresas públicas, cortar direitos e abrir caminho para a privatização, tratando trabalhadores como números e seus direitos como “despesas” a serem eliminadas.
A proposta de retirada do teto chegou a ser aprovada pelo Conselho de Administração da Caixa, mas foi barrada na Assembleia Geral Ordinária (AGO) do banco, após manifestação contrária da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest). Ou seja, mesmo diante de todos os alertas sobre os impactos para a saúde dos empregados, prevaleceu na Assembleia - da qual a União participa - a posição contrária à retirada do teto.
E o risco é real: estudos mostram que, se nada for feito, os custos do Saúde Caixa para os empregados podem aumentar em até 77%. Isso significaria menos dinheiro no bolso, dificuldade para manter o plano e milhares de trabalhadores e aposentados com o acesso à saúde diretamente ameaçado.
Enquanto isso, no andar de cima…
Enquanto os empregados veem seus direitos ameaçados e o plano de saúde pressionado, os gastos com estruturas internas continuam crescendo, com ampliação de cargos comissionados e aumento das despesas fixas. A criação da Fundação Caixa, ainda envolta em incertezas, também levanta dúvidas importantes sobre sua finalidade e forma de financiamento.
A manutenção do teto revela a continuidade de um projeto neoliberal que mira a redução de custos com pessoal como etapa preparatória para privatizações. É uma cartilha velha que continua sendo aplicada por uma direção política comprometida com interesses que não são os dos trabalhadores — e que contradiz a promessa de fortalecimento das estatais.
Os números não deixam dúvidas: segundo o Dieese, 74% dos afastamentos por acidente de trabalho na Caixa têm origem em transtornos psíquicos. A saúde mental dos bancários está em colapso. E a atual gestão do banco continua ignorando essa realidade, apostando na sobrecarga e no adoecimento dos empregados.
“A mobilização da categoria precisa crescer. Precisamos pressionar a direção da Caixa, cobrar responsabilidade da Sest e exigir do Governo Federal o fim definitivo das políticas da era Temer. Saúde não é gasto, é direito”, afirma Guilherme Simões, diretor do Sindicato.
Da Redação
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