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8 de Dezembro de 2025 às 10:57

Manifestantes protestam contra feminicídio em atos pelo país

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Milhares de pessoas participaram de atos em diversas cidades do país neste domingo (7) para protestar contra o aumento dos casos de feminicídio e outras formas de violência contra as mulheres. O Levante Mulheres Vivas convocou atos em pelo menos 20 estados e no Distrito Federal.

O “Levante” foi convocado por dezenas de organizações de mulheres, após sucessivos casos emblemáticos de feminicídios que chocaram o Brasil nos últimos dias. Em 2025, o país registrou mais de mil casos de feminicídio. O caso mais recente ocorreu na sexta-feira (5), quando a cabo do Exército Maria de Lourdes Freire Matos foi assassinada por um soldado dentro de um quartel.

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São Paulo

Em São Paulo, os manifestantes se concentraram em frente ao Masp, na Avenida Paulista. O grupo exibiu faixas e cartazes com frases como “Mulheres Vivas” e caminhou pela região central da cidade. A maioria do público era formada por mulheres, mas também haviam muitos homens e crianças.

A ativista Lívia La Gatto fez um discurso no carro de som agradecendo aos homens presentes no ato. “Vocês são a cura, obrigada por estarem aqui”. Em seguida, Priscila Magrin, mãe de Nicolly, vítima de feminicídio aos 15 anos, discursou, levando muitos presentes às lágrimas.

“Sou a mãe da Nicolly, de 15 anos, vítima de feminicídio. Se ela não estivesse morta, estaria aqui com a gente, lutando. Ela foi brutalmente assassinada e esquartejada, os pedaços dela foram jogados no lago pelo namorado e pela ex-namorada dele, ambos menores de idade. Eles faziam parte de grupos extremistas da internet”, afirmou a mãe.

Em 2025, o número de feminicídios na capital paulista chegou a 53 casos, o maior da série histórica –o recorde acontece mesmo com dois meses ainda para terminar o ano. Em 2024, foram 51 casos de feminicídio de janeiro a dezembro, até então o maior número já registrado.

De acordo com um levantamento do Instituto Sou da Paz, a capital paulista foi o cenário de 1 a cada 4 feminicídios consumados no estado. Na comparação dos dez primeiros meses de 2025 com o mesmo período do ano passado, a alta é de 23% na cidade. Em relação a 2023, o crescimento foi de 71%.

Os dados reforçam a tendência histórica da violência contra a mulher: a maioria dos casos ocorre dentro de casa (67%) e as vítimas são assassinadas com armas brancas ou objetos contundentes –instrumentos usados em mais da metade dos crimes no estado.

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Rio de Janeiro

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No Rio de Janeiro, centenas de pessoas se reuniram em frente ao Posto 5, na Avenida Atlântica, em Copacabana, na Zona Sul da cidade. Os manifestantes exibiram cartazes e faixas contra a violência às mulheres.

Segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), o estado do Rio registrou, até novembro de 2025, 79 casos de feminicídio e 242 tentativas.

Distrito Federal

Sob fortes pancadas de chuva, milhares de pessoas participaram do protesto no Distrito Federal (DF) para denunciar a violência contra a mulher, o feminicídio e a omissão do Estado na proteção e prevenção à violência de gênero. Em Brasília, falas de lideranças e apresentações culturais movimentaram a Torre de TV, no centro da capital.

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A manifestação contou com a presença de um ministro e seis ministras, entre elas as da pasta da Mulher, Cida Gonçalves, da Igualdade Racial, Anielle Franco, e das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, além de deputadas federais, da primeira-dama Janja Lula da Silva e diversas lideranças populares.

Foram recorrentes falas contra o Estado e a omissão e incapacidade das instituições de protegerem as mulheres vítimas de violência, assim como de prevenir esses crimes.

A doutora em ciência sociais Vanessa Hacon é ativista do Coletivo Mães na Luta, que assessora mulheres vítimas de violência. Ela afirma que o sistema de Justiça é negligente no atendimento às mulheres e, na maioria dos casos, culpa a própria vítima. “As mulheres saem de casa para se livrar da violência doméstica e vão parar dentro do sistema de Justiça, onde a violência processual é intensa e absurda e os juízes não fazem nada”, disse Vanessa.

Com gritos como “Feminismo é revolução” e “Mulheres Vivas”, as manifestantes destacaram que a forma “patriarcal” como a sociedade foi estruturada ao longo dos séculos contribui para uma espécie de “epidemia” de feminicídios no Brasil.

“O patriarcado é quando a sociedade se estrutura a partir da lógica de que o homem, de que o gênero masculino, tem o poder, e o poder é centralizado neles, a partir deles, e é a partir deles que as coisas acontecem”, afirmou a militante do Movimento Negro Unificado (MNU), Leonor Costa.

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Outros estados

Em Santa Catarina, os manifestantes participaram de uma caminhada que começou por volta das 13h na cabeceira da Ponte Hercílio Luz e seguiu até o Terminal de Integração do Centro (Ticen), em Florianópolis. O ato também homenageou a professora Catarina Kasten, de 31 anos, estuprada e assassinada em uma trilha no dia 21 de novembro.

Em Minas Gerais, os manifestantes se reuniram na Praça Raul Soares, no Centro de Belo Horizonte e seguiram até a Praça Sete e a Praça da Estação, levando cartazes com frases como “basta de feminicídio”, “não me mate” e “pare de matar as mulheres”.

Mulheres, homens, famílias, movimentos socais populares, artistas e parlamentares foram às ruas de Curitiba neste domingo (7) dizer basta à onda de violência contra as mulheres.Entre as presenças no ato estava a atriz Letícia Sabatella. Ela disse que os feminicídios ocorridos nesta semana enlutecem todas as mulheres. “Sinto que é muito doloroso o que estamos passando, eu estou aqui, pois não suporto mais e espero que os homens que estejam aqui também não suportem mais e rompam com essa sociedade da violência”, convocou.

As cidades de Porto Alegre (RS), Belém (PA), Joinville (SC) e Cuiabá (MS) realizaram mobilizações no sábado (6), e Salvador (BA) no próximo domingo (14). Também ocorreram mobilizações em Vitória (ES), Belo Horizonte (MG), Maceió (AL), Fortaleza (CE), São Luís (MA), João Pessoa (PB), Recife (PE), Teresina (PI), Natal (RN), Rio Branco (AC), Manaus (AM), Boa Vista (RR), Palmas (TO), Florianópolis (SC), Curitiba (PR), Campo Grande (MS) e Goiânia (GO). Em Salvador (BA), o protesto está marcado para o próximo domingo (14), às 10h, na Barra.

Casos de femicídio no Brasil

No final de novembro, Tainara Souza Santos teve as pernas mutiladas após ser atropelada e arrastada por cerca de um quilômetro, enquanto ainda estava presa embaixo do veículo. O motorista, Douglas Alves da Silva, foi preso acusado do crime.

Na mesma semana, duas funcionárias do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet-RJ), no Rio de Janeiro, foram mortas a tiros por um funcionário da instituição que se matou em seguida.

Na sexta-feira (5), foi encontrado, em Brasília, o corpo carbonizado da cabo do Exército Maria de Lourdes Freire Matos, 25 anos. O crime está sendo investigada como feminicídio, após o soldado Kelvin Barros da Silva, de 21 anos, ter confessado a autoria do assassinato.

Cerca de 3,7 milhões de mulheres brasileiras viveram um ou mais episódios de violência doméstica nos últimos 12 meses, segundo o Mapa Nacional da Violência de Gênero.

Em 2024, 1.459 mulheres foram vítimas de feminicídios. Em média, cerca de quatro mulheres foram assassinadas por dia em 2024 em razão do gênero. Em 2025, o Brasil já registrou mais de 1.180 feminicídios.

Fonte: ICL, com informações da Folhapress, Brasil de Fato e da Agência Brasil 

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