O colunista do Jornal de Brasília Cláudio Humberto denunciou na coluna “Política e Poder” desta quarta-feira 28 as reestruturações que estão em curso no Banco do Brasil.
Veja a íntegra das denúncias abaixo e logo em seguida o posicionamento do Sindicato:
BB abandona Brasília para fortalecer o PT em São Paulo
A presidência do Banco do Brasil está “fatiando” sua sede em Brasília e transferindo diretorias para São Paulo. O objetivo é fortalecer o PT nas eleições municipais de 2012. Após dobrar a verba de propaganda de R$ 240 milhões para R$ 420 milhões, a diretoria de Marketing vai levar mais de 70% dos cem funcionários para a capital paulista. Ficam em Brasília o setor de “endomarketing” e parte da assessoria de imprensa, que parece ignorar tudo: diz não haver “definição” sobre a mudança.
Nossa conta
A mudança parcial do Banco do Brasil atende a conveniência política e até pessoal de diretores paulistas. Mas o custo será nosso, e é secreto.
Lorota oficial
A justificativa oficial do BB para a transferência é a de que o mercado financeiro “está concentrado em São Paulo”. Mas é só uma lorota.
Esvaziamento
A diretoria de Mercado de Capitais do BB trocará a sede de Brasília por duas instalações, maiores e mais caras, em São Paulo e no Rio.
Lipo forçada
A lipoaspiração do BB em Brasília começou com a transferência da subsidiária BB-DTVM (distribuidora de títulos) para o Rio de Janeiro.
Para o Sindicato, reestruturações são política equivocada
Para o Sindicato, a decisão do Banco do Brasil de transferir diretorias para outros pólos é equivocada e tem como único objetivo atender aos interesses de “diretores de plantão” da empresa.
O banco se justifica afirmando que as transferências são necessárias porque o mercado financeiro está concentrado em São Paulo, mas o diretor do Sindicato e coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários, Eduardo Araújo, rebate: “prova de que esse argumento não procede é o fato de que o trabalho dessas unidades que foram ou estão passando pelo processo de reestruturação é remoto, podendo ser realizado independentemente do local, já que a tecnologia o permite. Esse não seria, portanto, o principal motivo”.
De acordo com o dirigente sindical, a questão vai muito além do simples argumento da distribuição geográfica do capital. “No bojo desse processo está o desvio do papel do BB enquanto banco público, o que vimos denunciando há tempos. A verdade é que ele tem pautado sua atuação pela cartilha de gestão dos bancos privados, não havendo diferenciação com instituições como o Bradesco e o Itaú. O BB hoje tem atuado como um banco estatal privado”, resume.
Debate
As reestruturações impostas pela direção do BB têm sido pauta constante das mesas de negociação entre trabalhadores e empresa. O Sindicato está acompanhando o desenrolar de todos esses processos e mantém um canal de diálogo aberto com a direção da empresa, no intuito de evitar perdas para os trabalhadores envolvidos.
O papel de um banco público é o de atuar onde o setor privado reluta em atuar, corrigindo falhas de mercado e direcionando crédito para setores e regiões com o objetivo de promover o desenvolvimento econômico. “Nesse sentido, o governo federal precisa abrir os olhos para o que vem acontecendo no BB, sob pena de abandonar sua política social mais ampla, de desenvolvimento regional sustentável. A empresa está olhando apenas para São Paulo e se esquecendo do restante do Brasil”, arremata Araújo.
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Renato Alves
Do Seeb Brasília, com Jornal de Brasília
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