Peça 1 – a rede de relações
Governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha Barros Júnior é brasiliense, nascido em 1971 e montou sua rede de relacionamento em dois setores.
Um, como advogado de associações de classe ligados ao funcionalismo. Outro, como ativo militantes da Ordem dos Advogados do Brasil.
Em 2013-2015, presidiu a seccional do Distrito Federal (OAB-DF); também exerceu cargos no Conselho Federal da OAB. Provavelmente, é dotado de ampla simpatia pessoal, a julgar pelas amizades que colheu ao longo de sua vida profissional, incluindo advogados de renome.
O que dá pra concluir, em termos de “rede de contatos”
Peça 2 – A carreira política
Filiado ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), candidatou-se ao cargo de Governador do Distrito Federal em 2018. No segundo turno, obteve cerca de 69,79% dos votos e derrotou o então governador Rodrigo Rollemberg.
Reeleito em primeiro turno nas eleições de 2022.
Uma das primeiras ações de governo foi decretar situação de emergência na saúde no DF, para acelerar contratações, compras e alocação de recursos.
Implantou o programa de “escolas cívico-militares” no Distrito Federal, com gestão compartilhada entre escola pública e forças de segurança.
Conduziu negociações visando o reajuste salarial das forças de segurança do DF e buscou interlocução com o governo federal nesse sentido.
Peça 3 – controvérsias na Saúde
Reportagem do Metrópoles mostra que, nos cinco anos até 2020, o MPDFT estimou R$ 331 milhões em desvios na saúde do DF, concentrados em operações de combate a licitações fraudadas, peculato e corrupção – grande parte já na era Ibaneis.
O modelo de gestão por instituto (como o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF – IGES/DF, que administra o Hospital de Base e outros equipamentos) foi alvo de repetidas denúncias e pedidos de providências no MPDFT e no TCU.
A Operação Falso Negativo foi deflagrada pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) da capital.
A primeira fase da operação foi tornada pública em 2 de julho de 2020.
A terceira fase foi deflagrada em 25 de setembro de 2020, com mandados de prisão e busca e apreensão contra membros da cúpula da saúde do DF.
Na pandemia da Covid, foram identificadas dispensas de licitação, segundo a 2ª fase da operação, com duas empresas vencedoras principais:
Foram indiciadas 17 pessoas. A responsabilidade pelo modelo adotado era do governador Ibaneis, assim como a indicação do Secretário de Saúde e das demais pessoas envolvidas nos golpes.
Ibaneis passou incólume pelo escândalo.
Peça 4 – Remoção de famílias durante a Covid
Uma dos casos mais criticados da gestão Ibaneis foi o da remoção de famílias que ocupavam áreas precárias no Distrito Federal.
Uma reportagem da Brasil de Fato afirma que “mesmo com o aumento do número de casos de covid-19 no Distrito Federal “moradores que ocupam áreas precárias no estado estão sendo vítimas de despejos” sob o governo do DF. Foram 135 despejos em uma semana.
Não houve nada mais emblemático que o caso CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil). Abrigava cerca de trinta famílias de catadores vivendo há anos na área. Havias uma lei distrital proibindo despejos e uma liminar do TJDFT suspendendo remoções. Mesmo assim, houve uma ação insistente do governo do DF e recurso ao STF para liberar nova operação. O resultado foi a demolição da escola comunitária para crianças sem internet
Em abril de 2021, a Defensoria publicou uma “nota pública” afirmando que “as remoções administrativas … se intensificaram nos últimos dias” e solicitando que fossem interrompidas, em contexto de pandemia.
O quadro abaixo é um balanço da crueldade institucionalizada em seu governo.
Peça 5 – O caso 8 de janeiro
Ibaneis era o ponto mais alto na cadeia de comando da segurança pública no DF. Nos dias que antecederam a manifestação, segundo relatório da sub-procuradora Lindora, já havia uma investigação mais ampla sobre atos antidemocráticos (convocações pós-eleição).
Com poder de nomear (e exonerar) o Secretário de Segurança e comandantes da Polícia Militar, na véspera do evento nomeou um Secretário suspeito.
No dia dos ataques, o então secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, que havia sido nomeado pouco antes, estava fora do país (nos EUA) e foi exonerado pelo governador.
Essa ação levantou questionamentos porque implicava que, no momento crítico, a cadeia de comando da segurança distrital sofria instabilidade — um dos elementos que a investigação considerou.
A decisão do Ministro Alexandre Moraes, pelo afastamento de Ibaneis, baseava-se em indícios fortes:
Foi feita busca e apreensão em sua casa e constatou-se que, no dia da invasão, não havia nenhum sinal de envolvimento de Ibaneis com os casos.
Em outras palavras, ele abriu a porteira, permitiu que seus assessores e policiais invadissem os Três Poderes. Mas retirou-se prudentemente de cena, quando começaram as depredações. E esses argumentos foram suficientes para que fosse reconduzido ao cargo.
eça 6 – A teoria do domínio do fato
A dificuldade em identificar e punir chefes de organizações criminosas foi tratada de diversas maneiras pelo direito internacional. Vamos a uma ajuda nas pesquisas de IA.
Onde há similaridades com chefões de organização criminosa
Onde há diferenças ou limites importantes
No caso de Ibaneis, os indícios são fortes.
Responsável é quem podia evitar, sabia que devia evitar, tinha meios para evitar, e não evitou.

Se todas as colunas forem “SIM” → responsabilidade penal potencial.
Peça 6 – O caso Banco Master
As provas que ligam Ibaneis Rocha às transações suspeitas entre o BRB e o Banco Master incluem documentos e investigações que apontam o seguinte:
O BRB, com o apoio direto do governador Ibaneis Rocha, tentou fechar um acordo para comprar o Banco Master, operação que foi barrada pelo Banco Central. Apesar da negativa do BC, o BRB injetou cerca de R$ 16,7 bilhões no Banco Master entre 2024 e 2025, dos quais pelo menos R$ 12,2 bilhões envolvem operações com fortes indícios de fraude.
Investigações apontam que o Banco Master emitia certificados de depósito bancário (CDBs) com juros muito acima do mercado, sem comprovar liquidez, e praticava a venda de créditos inexistentes, que foram comprados pelo BRB. Isso indica que o BRB, sob a orientação política de Ibaneis, financiou parcialmente um esquema fraudulento, configurando risco de prejuízo ao patrimônio público do DF.
A ligação política é reforçada por declarações de Ibaneis e pessoas próximas ao seu governo, que defendiam essa negociação e participação na compra, além de indicarem a interferência do governador no direcionamento dessas operações no BRB.
Há evidências específicas de documentos oficiais que indicam sua participação direta ou indireta nas operações financeiras:
Decreto nº 47.602, de 21 de agosto de 2025, assinado por Ibaneis Rocha, que alterou processos relacionados às operações financeiras do governo do DF. Embora o documento não detalhe explicitamente as transações, sua assinatura reforça o envolvimento formal nas questões administrativas relacionadas às operações do governo, incluindo investimentos de risco.
Documentos administrativos e registros internos obtidos por fontes de investigação, que relacionam Ibaneis Rocha às decisões estratégicas e à indicação de cargos importantes no ente que controlava o BRB, incluindo possíveis pareceres e deliberações que referendam a sua influência nas operações financeiras do banco com o Banco Master.
Além disso, documentos de processos administrativos de investigação e auditoria, que ainda estão sendo analisados, indicam que há registros formais internos do governo que mencionam o nome do governador nas discussões e aprovações relacionadas às operações de compra e financiamento do Banco Master.
Peça 7 – Conclusão
Em suma, a carreira de Ibaneis Rocha é um estudo de caso sobre como a excelência na articulação institucional e jurídica pode coexistir com graves falhas na administração pública. Ele demonstrou maestria em construir e proteger sua rede de poder, mas essa blindagem contrasta com as repetidas crises de segurança, integridade financeira e responsabilidade social que marcaram o Governo do Distrito Federal sob sua liderança.
Fonte: GGN
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