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A origem da mobilização
O movimento começou a se formar no início da década de 1980, quando novos concursos e políticas internas criaram desigualdades salariais e insegurança entre os empregados. “As empregadas e empregados da Caixa ainda não eram reconhecidos como bancários, trabalhavam oito horas diárias e estavam impedidos de se organizar sindicalmente”, lembrou a empregada da Caixa e secretária de Formação da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Eliana Brasil.
O 1º Conecef e a decisão pela greve
O ponto de virada ocorreu durante o 1º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa (Conecef), realizado em 20 de outubro de 1985. Ali, representantes de todo o país deliberaram pela greve nacional de 24 horas, marcada para o dia 30. A adesão foi total (100% de paralisação), um feito histórico que unificou a categoria em torno de dois objetivos centrais: a redução da jornada para 6 horas diárias e o direito à sindicalização.
Nas ruas e no Congresso Nacional
Dias antes da paralisação, em 21 de outubro, milhares de empregados da Caixa marcharam em Brasília gritando palavras de ordem, levando faixas e entregaram reivindicações ao Congresso Nacional. O ato pressionou o governo e demonstrou a força política dos economiários, como eram chamados as empregadas e empregados da Caixa. A mobilização ganhou apoio de parlamentares e entidades trabalhistas, e, em tempo recorde, o Congresso aprovou a tramitação, em regime de urgência, do projeto de lei que garantia as 6 horas diárias e o reconhecimento dos empregados da Caixa como bancários.
A conquista histórica
O resultado veio em dezembro de 1985: a lei foi sancionada em 17 de dezembro e passou a vigorar em 1º de janeiro de 1987, consolidando a jornada de 6 horas e o direito à sindicalização. A conquista representou não apenas uma vitória trabalhista, mas também um passo importante na redemocratização do país, ao restituir aos empregados da Caixa dignidade, cidadania e voz coletiva.
Os desafios de hoje
Quatro décadas depois, o movimento de 1985 segue como símbolo de unidade e resistência. Entretanto, a categoria enfrenta novos desafios: a manutenção da jornada de 6 horas e a contratação de mais empregados, diante do déficit de pessoal e da sobrecarga de trabalho, especialmente quando a Caixa é chamada a executar políticas públicas e programas sociais do governo federal.
“Precisamos preservar as conquistas de 1985 e relembrar que os direitos só se mantêm com organização e luta”, disse o coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Felipe Pacheco. “Constantemente somos chamados a trabalhar aos sábados para atender a demanda criada pelos programas sociais do governo federal. Não nos recusamos a dar nossa contribuição para que a Caixa cumpra seu papel social, mas precisamos receber pelo trabalho realizado e termos nosso esforço reconhecido. No entanto, por vezes, o que acontece é a cobrança abusiva de metas de vendas de produtos, descomissionamentos injustificados e a imposição de tarefas e normativos operacionais sem ao menos uma comunicação prévia. Isso não pode acontecer”, completou Felipe.
Fonte: Contraf-CUT
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