Patrimônio do povo brasileiro, o Banco do Brasil, maior instituição financeira do país – com valor de mercado superior a R$ 71 bilhões –, está tendo sua imagem seriamente prejudicada por uma postura equivocada e antidemocrática de sua própria diretoria. Maiores vítimas dos desmandos desses gestores, a população, os bancários e o próprio banco assistem atônitos aos atos de violência encaminhados pela direção da empresa contra seus trabalhadores.
O retrato mais recente dessa situação foi a postura do diretor de Gestão de Pessoas (Dipes) e do diretor de Relações com Funcionários e Entidades Patrocinadas (Diref) do banco durante audiência realizada no último dia 2 no Ministério Público do Trabalho (MPT) para tratar das demissões por ato de gestão (sem justa causa). Na ocasião, eles omitiram informações e jogaram a culpa dos desligamentos em outros diretores da empresa.
Na audiência, o procurador Adélio Justino Lucas indagou o porquê das demissões e questionou se as dispensas ocorreram em represália aos que ingressam na Justiça com ações de 7ª e 8ª horas, caso dos trabalhadores demitidos. Em resposta, os diretores do BB disseram que elas ocorreram por questões administrativas, sem explicar a motivação.
Primeiro a falar, o diretor da Dipes disse ao procurador do Trabalho Adélio Justino Lucas que não se lembrava de ter participado, nos últimos 30 dias, de nenhuma reunião para demitir bancário por ato de gestão cujo motivo seja ajuizamento de ações postulando as 7ª e 8ª horas trabalhadas. Entretanto, afirmou que “acredita que isso (demissão) tenha ocorrido nos últimos 60 dias”.
Ele também não quis responder por que funcionários sem nenhuma "mancha" funcional, a maioria com mais de 20 anos de empresa, foram demitidos.
Diref e Dipes decidem, mas jogam a culpa em outros diretores da empresa
A demissão por ato de gestão é feita de forma colegiada da qual participam os diretores da Dipes e da Diref e o diretor da área em que o funcionário está vinculado.
Os diretores do BB foram ouvidos separadamente, de forma a garantir mais transparência e agilidade no processo. Os dois disseram que demitem a partir da indicação do diretor da área em que o funcionário trabalha.
A partir dessa informação, o procurador convocou dois diretores de áreas onde foram demitidos os trabalhadores, para averiguar os motivos das demissões.
Presentes à audiência, diretores do Sindicato dos Bancários de Brasília e da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Centro Norte (Fetec-CUT/CN), além de outros bancários do BB, acompanharam atentamente a oitiva.
Sindicato condena demissões arbitrárias e lutará até o fim pelos companheiros injustiçados
O Sindicato, para não atrapalhar as investigações, ainda não havia divulgado as atas dos depoimentos dos diretores do BB, a pedido do próprio MPT. Agora, com a tentativa do BB de obstruir os trabalhos do MPT na investigação contra as demissões sem justa causa, o Sindicato divulga as atas e conclama os funcionários a lutar contra tais práticas que remontam a períodos sombrios da história brasileira.
"Nesta sexta-feira 10 o Sindicato protocolou no MPT mais provas que confirmam que o BB está retaliando os trabalhadores que buscam seus direitos na Justiça. A direção da empresa desrespeita diariamente os trabalhadores e a população brasileira", destaca Rafael Zanon, secretário de Assuntos Jurídicos do Sindicato.
BB mente para tentar obstruir investigação
Na quinta-feira (9), em mais uma manobra para tentar esquivar-se de dar explicações sobre as demissões por ato de gestão dos bancários e bancárias que ingressaram na Justiça com ações de 7ª e 8ª horas, a direção do BB protocolou petição em reclamação disciplinar junto ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) contra o procurador do Trabalho que investiga as dispensas imotivadas.
O pedido de reclamação disciplinar foi protocolado pelos quatro advogados do BB, sob alegação de que o procurador do Trabalho foi desrespeitoso e irônico, e violou as prerrogativas dos advogados da instituição financeira na audiência do último dia 2. Baseados nessa reclamação, eles também solicitaram ao CNPM a suspensão da oitiva do diretor da Ditec, que seria ouvido em audiência justamente na quinta-feira.
O Sindicato, que encaminhou a denúncia que deu origem à investigação e teve representantes presentes em todas as audiências, condena a tentativa da empresa de obstruir os trabalhos do MPT, inventando mentiras sobre a postura do procurador.
"Protocolaremos denúncia no mesmo órgão deixando claro que a alegação do BB não passa de uma tentativa de atrapalhas as investigações", destaca Wescly Queiroz, diretor da Fetec-CN/CUT.
Rodrigo Couto
Do Seeb Brasília
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