Preocupado com o alto índice de adoecimento psíquico entre a categoria bancária, o Sindicato realizou nesta segunda-feira (11) uma atividade, na Praça do Cebolão, no SBS, para chamar a atenção dos funcionários do Banco do Brasil sobre a campanha Menos Metas, Mais Saúde, que representa mais um passo na luta pelos direitos à qualidade de vida do bancário. E para reforçar que o trabalhador não está sozinho nesta jornada.
Durante a atividade, que teve uma atração cultural com o músico Helder Nascimento, da banda Cangaceiros do Cerrado, foram distribuídos material informativo, com "receituário" para o bem-estar físico e mental do bancário, e caixinhas com chicletes intitulada RirZenTril --, uma paródia do medicamento tarja preta Rivotril, usado em casos de ansiedade, entre outros transtornos mentais. Na bula, dicas para uma vida saudável, como atividade física, tempo com a família e amigos, e conversa com os colegas.
A campanha do Sindicato, que visa atingir os trabalhadores dos bancos públicos e privados, se soma ao Setembro Amarelo, mês dedicado ao combate e prevenção ao suicídio. “A categoria bancária é uma das que apresentam o mais alto índice de suicídio no Brasil. Em média, a cada 20 dias um bancário tira a própria vida, segundo dados do Ministério da Saúde. A gestão dos bancos, com a cobrança excessiva por metas, jornadas prolongadas, assédio e competição levam ao adoecimento psíquico”, destacou Zezé Furtado, secretária das Mulheres do Sindicato e funcionária do BB.
Zezé esclareceu que a reclamação das bancárias e dos bancários do BB se concentra prioritariamente nas ferramentas utilizadas pelo banco como instrumento de controle da produtividade e no assédio moral delas decorrente. “Porém, o BB deveria investir em plano de cargos e salários, e numa PLR digna para todos. O PDG, por exemplo, ninguém sabe para que serve. Estão investindo em jogos que não são lúdicos, que não proporcionam prazer. Ou seja, são inúmeras ferramentas medindo a produtividade, e o bancário está a cada dia mais adoecido”, lamentou.
“Realmente, a categoria está adoecendo ainda mais em função dessas ferramentas. O PDG – Programa de Gratificação Financeira - tem regras nada objetivas que estimulam a competição entre os colegas”, endossou Jefferson Meira (Jefão), secretário de Relações do Trabalho da Contraf-CUT. Ele explicou que o PDG foi criado imediatamente após um programa de reestruturação de cargos e salários efetuado pelo BB, nomeado Performa e apelidado de Deforma pelo movimento sindical. “O que os trabalhadores do BB precisam é de uma remuneração justa e digna”, defendeu.
Indíces alarmantes
Para o coordenador de Saúde da Fetec-CUT/CN, Wadson Boaventura, as doenças mentais da categoria bancária chegaram a um patamar inaceitável. “A categoria bancária representa um terço do total de trabalhadores afastados pelo INSS por adoecimento. Além disso, o índice de tentativa de suicídio é alarmante entre os bancários. Já entre as bancárias predomina a depressão”, mencionou. E reiterou que as secretarias da Saúde e das Mulheres do Sindicato estão à disposição de todos.
Na opinião de Rafael Guimarães, bancário do BB e diretor do Sindicato, essas ferramentas, além de estimular a competição, prejudicam a saúde dos funcionários. “Tem colegas chamando o Joga Junto de Jogos Mortais".
“O BB está estimulando a disputa dentro do ambiente de trabalho. De forma assediosa, eles querem interferir na nossa mente. E isso resulta em doenças psíquicas, como depressão, que podem levar ao suicídio”, assinalou Rodrigo Britto, diretor da CUT-DF. E alertou: “Se precisar, peça ajuda!”
Juliano Braga, diretor da Fetec-CUT/CN, avaliou que o ambiente adoecido tira a capacidade de sonhar do trabalhador. “Hoje, essa é a realidade dos bancos. A categoria bancária é cobrada por metas inalcançáveis. Por conta disso, no Bradesco, por exemplo, o índice de afastamento chega a 30%, 40% do quadro funcional. É essa prática que o Sindicato vem denunciando e tentando combater diuturnamente”, disse.
Mariluce Fernandes
Do Seeb Brasília
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