 A Contraf-CUT questiona a intenção do Banco do Brasil, manifestada pelo  seu vice-presidente Paulo Cafarelli, de criar um banco de investimento  em parceria com a iniciativa privada, conforme reportagem publicada  nesta sexta-feira (4) no jornal Valor Econômico. Para a entidade, o  projeto em estudo pelo BB reforça a orientação privada de gestão do  banco, afastando-se cada vez mais do papel de empresa pública, além de  desvalorizar a competência e o profissionalismo dos funcionários do  banco.
 A Contraf-CUT questiona a intenção do Banco do Brasil, manifestada pelo  seu vice-presidente Paulo Cafarelli, de criar um banco de investimento  em parceria com a iniciativa privada, conforme reportagem publicada  nesta sexta-feira (4) no jornal Valor Econômico. Para a entidade, o  projeto em estudo pelo BB reforça a orientação privada de gestão do  banco, afastando-se cada vez mais do papel de empresa pública, além de  desvalorizar a competência e o profissionalismo dos funcionários do  banco. 
 
 "Um banco público vai abrir um banco de investimentos para atuar no  mercado de capitais - o controle da nova empresa será do BB ou este vai  ter só 49% das ações, para desta maneira se enquadrar como empresa  privada e fugir da lei da licitação, de concurso público e outras  exigências características de empresa pública?", pergunta o secretário  de formação da Contraf-CUT e coordenador da Comissão de Empresa dos  Funcionários do BB, William Mendes.
 
 Parceria com iniciativa privada
 
 A reportagem mostra claramente que a ideia do BB é fazer uma nova  parceria com a iniciativa privada, o que traz enorme preocupação para os  funcionários e a sociedade brasileira.
 
 "Com a intenção declarada - e nada modesta - de se tornar o maior banco  de investimentos do país, o Banco do Brasil (BB) estuda a possibilidade  de destacar sua área de mercado de capitais em uma estrutura à parte,  nos moldes da recém-criada BB Seguridade, que vai concentrar os negócios  de seguros, previdência e capitalização", aponta o jornal.
 
 "O projeto, ainda em fase preliminar de análise, prevê a criação de uma  empresa à parte em parceria com uma instituição privada. A adoção de um  acordo operacional ou uma joint venture controlada pelo BB, nos moldes  da sociedade com a seguradora espanhola Mapfre, são dois caminhos em  discussão", explica a matéria do Valor. 
 
 "Estamos fazendo vários estudos e vamos tomar uma decisão ao longo de  2013", afirmou o vice-presidente de atacado, negócios internacionais e  private bank do BB, Paulo Rogério Caffarelli. Segundo ele, "o BB avalia  medidas para se tornar mais competitivo perante os principais  concorrentes".
 
 Enfraquecimento do banco público
 
 Para a Contraf-CUT, o desenho apresentado não explica qual é o modelo de  banco  de investimento que a direção do BB defende. "Vai investir  diretamente recursos do banco ou captar no mercado? Vai oferecer  participação a preço de banana para os sócios privados a participação no  banco de investimento, sem cobrar o preço da 'placa' Banco do Brasil,  que é um ativo de grande valor?", questiona William. 
 
 O BB deveria lembrar o que foi o processo de aquisição de metade das  ações do Banco Votorantim. Com a justificativa de entrar no mercado de  financiamento de automóveis, o BB gastou uma fortuna sem necessidade  para comprar uma carteira de clientes que a 'placa' Banco do Brasil e  sua imensa rede de agências poderia captar com um pequeno esforço de seu  funcionalismo qualificado e dedicado. 
 
 Os bilhões de reais despejados no Votorantim serviram para salvar a  família Ermínio de Morais de grandes problemas com aquela empresa. É o  capitalismo à brasileira, lucros privados com risco público.
 
 Saneada a empresa, os dividendos que deveriam ser do Governo Federal são  divididos com a família que deveria estar capitalizando o Votorantim  para resolver os problemas que criaram. 
 
 Para William, "em vez de aprofundar a gestão privada, o BB deveria  resgatar a função de empresa pública que pertence ao povo brasileiro". 
 
 A Contraf-CUT questiona ainda: no anunciado banco de investimento, o BB  vai continuar colocando a rede de agências para trabalhar a serviço dos  sócios privados do novo banco, desvalorizando os funcionários de cá para  valorizar os de lá? 
 
 Desvalorização dos funcionários
 
 Outra preocupação da Contraf-CUT é com a proposta em estudo traz uma  evidente desvalorização dos funcionários do BB, que são trabalhadores  concursados e atuam com capacidade, dedicação e profissionalismo,  encarando e vencendo desafios ao longo de mais de 200 anos de história  do banco. 
 
 Segundo a reportagem, "um dos grandes entraves para isso é a remuneração  da equipe. Nos bancos de investimentos, a maior parte do pagamento é  variável e está atrelada ao desempenho do profissional e da instituição.  Como banco público constituído por funcionários concursados, o BB não  consegue reproduzir esse modelo e dessa forma não atrai talentos de  outros bancos".
 
 Caffarelli alega na matéria do Valor que "nossa única opção é formar a  equipe. Temos um time fantástico, mas não conseguimos contratar gente de  outros bancos". Segundo ele, "ao mesmo tempo, o volume de pessoas que  mais perdemos para o mercado são do banco de atacado e da área de  mercado de capitais." Para ele, "ao constituir uma companhia privada,  essa questão poderia ser contornada", disse o executivo.
 
 Ainda conforme Caffarelli, essa estrutura permitiria ao banco se tornar  mais competitivo e também possibilitaria a criação de uma corretora de  valores mobiliários. "O objetivo é criar áreas que estão faltando para o  banco se tornar mais forte nesse mercado, como corretagem, análise e  assessoria a operações de fusões e aquisições", afirmou. "Isso pode ser  feito por meio da criação de uma empresa à parte, que prestaria serviços  ao banco, ou a partir de uma estrutura montada dentro do próprio BB",  aponta.
 
 Lógica selvagem do mercado ameaça BB como banco público
 
 Na visão da Contraf-CUT, esse modelo não só enfraquece o BB como banco  público como também desvaloriza o seu maior patrimônio, que são os seus  funcionários. "Vão usar o trabalho dos bancários do BB para prestar  serviço de graça ao novo banco?", questiona William.
 
 "Há ainda uma série de perguntas que devemos fazer aos dirigentes deste  banco que tem mais de 70% de suas ações em propriedade do governo  federal, ou seja, do povo brasileiro", ressalta o diretor da  Contraf-CUT.
 
 "A virada de ano deveria abrir um novo horizonte na gestão do BB, mas  com essa construção de banco de investimento o que se percebe é mais um  passo na lógica selvagem do mercado, que compromete o futuro da  instituição como banco público a serviço do desenvolvimento econômico e  social do país", conclui William.
 
Fonte: Contraf-CUT
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