Notícias

12 de Maio de 2017 às 19:20

Comissão da Verdade entrega relatório sobre a real história da escravidão negra

Compartilhe



A histórica memória negra contada pelo próprio povo negro. Esta é a síntese do relatório final da Comissão da Verdade sobre a Escravidão Negra no DF e Entorno, do Sindicato dos Bancários de Brasília (CVN/SBB), resultado de um ano de pesquisa, que foi apresentado nesta quinta-feira (11), no Teatro dos Bancários. Na ocasião também foi feita a entrega simbólica do documento ao presidente do Sindicato, Eduardo Araújo.

Professores, estudantes do Centro de Ensino Médio (CEM) 414 de Samambaia Norte, do Instituto Federal de Brasília (IFB) e da Universidade de Brasília (UnB), além de lideranças quilombolas, participaram do evento, que acabou se transformando numa verdadeira aula de história sobre o capítulo sombrio da escravidão negra na região.

O presidente do Sindicato garantiu que dará sequência aos trabalhos que resultaram no relatório, com avaliação jurídica, e que, posteriormente, pretende levar assistência às comunidades quilombolas participantes da pesquisa. “Um trabalho feito com afinco e orçamento apertado, mas que representa investimento no conhecimento”, destacou Araújo, que se comprometeu em transformar o documento em livro, a ser disponibilizado tão logo seja concluído.

Verdadeira história das negras e dos negros


Lucélia Aguiar, presidente da CVN/SBB, agradeceu o apoio do Sindicato, “que acolheu este projeto e, graças a isso, conseguimos atingir um dos objetivos que é o relatório final”. Ela dedicou a conquista também “às irmãs e aos irmãos negros, do campo e da cidade, dos litorais e dos sertões, dos morros e das quebradas”. E considerou gratificante a elaboração do documento, apesar de ter sido uma “luta árdua”.

Também militante das questões étnico-raciais, Lucélia informou que um dos objetivos da Comissão foi contar a verdadeira história do povo negro, a versão que não está nos livros oficiais, que não é contada nas escolas, “bem como apontar soluções para demandas das comunidades quilombolas visitadas, onde idosos e jovens nos repassaram o que ouviram de seus descendentes – avôs e bisavôs”.

Vice-presidente da CVN/SBB, Jeferson Meira, que também é diretor do Sindicato, ressaltou: “Este relatório nos proporcionou uma emoção muito grande em estar com o povo preto, que ainda hoje sofre a discriminação racial. A sociedade não entende que, nós negras e negros, temos alma”.

Jeferson acrescentou que o relatório, que tem 230 páginas e foi produzido de março de 2016 a abril de 2017, “além de demonstrar a ausência do Estado nas comunidades quilombolas, servirá para que a sociedade tenha a oportunidade de conhecer os aspectos negativos referentes ao histórico de racismo e seus reflexos, como as desigualdades no mercado de trabalho”.

Homologação das terras quilombolas


Presente no evento, a deputada federal Erica Kokay (PT/DF) destacou a importância do relatório, “num momento em que o país vive uma conjuntura dura, com muitos golpes impetrados contra os nossos direitos, que não sobrevivem sem a democracia”.

Ela disse que pretende fazer uma audiência pública sobre o documento na Câmara dos Deputados e também na Assembleia Legislativa de Goiás, “uma vez que grande parte das comunidades quilombolas que foram objeto da Comissão está localizada naquele Estado”.

Kokay também quer criar uma CPI com vistas à regularização do trabalho de homologação das terras quilombolas. “Estamos comprometidos em fazer o luto desse período da escravidão, do colonialismo, e fazer um Brasil para todos sem racismo”, afirmou.

Manifestação cultural de raiz

Durante o evento foram entregues certificados aos participantes da Comissão da Verdade e às lideranças quilombolas. Também foram exibidos vídeos com a comunidade negra e depoimentos de dois líderes quilombolas.

A plateia foi brindada com uma apresentação de manifestação cultural de raiz africana do grupo Camboatá, que arrancou aplausos efusivos. Três mulheres fizeram uma performance musical, com poesia e dança, que conta a história de negras brasileiras, utilizando cantigas de capoeira.

Outro momento de enlevo durante o evento foi a apresentação musical da filha do líder quilombola Domingos Ferreira.

Criação da Comissão da Verdade

Com o objetivo de resgatar e registrar a versão contada, ou mal relatada, do escravagismo no Brasil, instituiu-se no Brasil a Comissão Nacional da Verdade da Escravidão Negra do Brasil, vinculada ao Conselho Federal da OAB. A partir de sua linha de pensamento foi criada em Brasília uma comissão com o mesmo propósito, porém no âmbito do DF e Entorno.

Essa vertente, apoiada pelo Sindicato dos Bancários de Brasília, porém sem vínculo com a OAB, tem como compromisso ratificar histórica e antropologicamente a verdade sobre tal período na região central do país.

Mariluce Fernandes
Do Seeb Brasília

Tags

ÚLTIMAS
Acessar o site da CONTRAF
Acessar o site da FETECCN
Acessar o site da CUT

Política de Privacidade

Copyright © 2025 Bancários-DF. Todos os direitos reservados

BancáriosDF

Respondemos no horário comercial.

Olá! 👋 Como os BancáriosDF pode ajudar hoje?
Iniciar conversa