Mais reflexos dos prejuízos da reforma trabalhista. Um dia após o Bradesco anunciar a abertura de um Plano de Demissão Voluntária (PDV), na sexta-feira (14) foi a vez da Caixa comunicar a reabertura do Plano de Desligamento Voluntário Extraordinário (PDVE), com a expectativa de adesão de 5.480 empregados. O prazo para aderir começa nesta segunda (17) e seguirá até o dia 14 de agosto, com os desligamentos ocorrendo entre 24 de julho e 25 de agosto.
Na primeira fase, encerrada em 31 de março, cerca de 4.500 bancários aderiram ao PDVE, não atendendo a meta da Caixa de reduzir 10 mil postos de trabalho. Este foi o argumento utilizado pelo banco para reabrir o programa. Ao final de março, o banco contava com 101.505 trabalhadores, entre estagiários e aprendizes, dos quais 91.128 são empregados concursados.
De acordo com o comunicado, estão aptos a aderir ao PDVE os aposentados pelo INSS ou que podem se aposentar até 31 de dezembro, exceto quando for por invalidez; trabalhadores com no mínimo 15 anos de efetivo exercício de trabalho; e empregados com adicional de incorporação de função de confiança/cargo em comissão ou função gratificada até a data de desligamento (sem exigência de tempo mínimo de efetivo exercício na empresa).
“Os planos de demissão são o retrato da falácia do governo de que a reforma trabalhista proporcionaria mais postos efetivos de trabalho. Ao invés de contratações, o que se vê é a demissão de empregados com melhor remuneração e mais direitos para substitui-los por trabalhadores com salários inferiores e menos direitos. É só verificar que, na nova regra, terceirizados e empregados custam menos e fazem as mesmas atividades, garantindo com isso maior lucratividade ao patrão”, avalia o secretário de Divulgação do Sindicato, Antonio Abdan, também empregado da Caixa.
Enfraquecimento do banco
A reabertura do PDVE, sem reposição de vagas, se junta a outras medidas que visam enfraquecer a Caixa como banco público, uma vez que a falta de empregados, associada ao aumento da demanda, acarreta um tempo maior de espera para o atendimento e uma piora nos processos.
Atualmente, mais de 30 mil aprovados no concurso público da Caixa de 2014 aguardam convocação. A falta de contratação é alvo de Ação Civil Pública, impetrada no Ministério Público do Trabalho no DF e no Tocantins, que está em tramitação no Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região.
Mariluce Fernandes
Do Seeb Brasília
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