A Caixa precisa investir em mais contratações de empregados e melhorar as condições de trabalho nas suas unidades. Essa foi a avaliação apresentada pela Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa) durante a rodada de negociação da mesa permanente com o banco realizada nesta terça-feira (26), em Brasília.

Esse posicionamento teve como base os dados apresentados pelo banco. No período de março a abril deste ano, foram registradas apenas 48 admissões frente a um total de 1.341 desligamentos relativos ao Plano de Apoio à Aposentadoria (PAA) da empresa.

Diante desses números, os representantes dos empregados reivindicaram a reposição de todos os bancários que requereram a aposentadoria, além da efetiva contratação de mais dois mil empregados, cumprindo, efetivamente, o que está previsto no Acordo Coletivo de Trabalho.

Para Wandeir Severo, secretário de Finanças do Sindicato e integrante da CEE, a iniciativa da Caixa mostra que o banco está aderindo ao turnover feito pelos privados, ou seja, substituindo trabalhadores antigos por novos. “Da forma como a Caixa está fazendo, o PAA nada mais é do que a troca de um funcionário que recebe um salário maior por outro de salário menor. Se a Caixa não reverter este processo, não vai conseguir expansão alguma”, analisou Wandeir. "Sem contar que a Caixa gerou expectativas nos empregados, nos concursados e na sociedade e está frustrando todas essas expectativas", completou.

Questionamentos e reivindicações

Ainda sobre mudanças no processo das contratações, a coordenadora da CEE/Caixa, Fabiana Matheus, questionou a gestão da empresa, que adota como fatores de promoção a produtividade e a rentabilidade. “Onde fica o papel social da Caixa?”, questionou Fabiana. “O banco está desconsiderando o seu papel social e a sua importância para o crescimento do Brasil”.

A coordenadora alertou ainda para o fator de desvalorização da saúde dos bancários. “Além de ser ruim para o banco, essa lógica de gestão traz grande angústia para os empregados e não contribui para melhorar o atendimento à população.”

Ao ser questionado sobre a substituição temporária em “cascata”, prevista na CE Depes/Susec 055/2015, o representante do banco afirmou que a CE está mantida. Em resposta, os empregados mantiveram a reivindicação, pois entendem que os substitutos que se responsabilizam pela função devem receber por ela.

Também foram repassados informes sobre o modelo de gestão adotado pelo banco, com reestruturação das áreas-meio; renovação de contratos dos prestadores de serviço de telefonia e de segurança; incorporação do REB; ações relativas à segurança dos tesoureiros e Saúde Caixa.

Fóruns sobre condições de trabalho

Para que se discutam condições de trabalho locais, o banco, acatando a reivindicação dos representantes dos empregados, manteve o projeto-piloto do Fórum Condições de Trabalho, com a realização de reuniões mensais em fóruns regionais, que irão acontecer em seis estados, nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Campinas, Curitiba, Fortaleza e Brasília. As questões mais gerais serão discutidas no fórum nacional, a ser realizado no dia 17 de junho.

Adiantamento odontológico

O banco confirmou a suspensão do adiantamento odontológico e afirmou que vai estudar a possibilidade de convertê-lo em benefício. A Comissão quer aprofundar o debate sobre o assunto e o retorno imediato do adiantamento.

Banco de habilitados

O processo de formação do banco de habilitados para os cargos técnicos, que tem gerado muita insatisfação e indignação entre os empregados, foi outro ponto debatido.

Sobre as fortes críticas levantadas pela Comissão – falta de transparência na prova objetiva, impossibilidade de interpor recurso e incompatibilidade entre a bibliografia sugerida pelo edital e a cobrada em prova –, o representante do banco disse que o banco está comprometido em aprimorar o processo de seleção.

Os representantes dos funcionários reforçaram ainda o alerta de que, com isso, a Caixa está gerando passivo trabalhista e uma enorme insatisfação entre os empregados.   

Agências-barco

Sobre o funcionamento das agências-barco, ficou acertado que uma equipe técnica irá visitar as unidades a partir do dia 22 de junho, e o banco aceitou a reivindicação dos empregados de a visita ser acompanhada pelos sindicatos.

Rosane Alves
Do Seeb Brasília