O BRB divulgou nota oficial reafirmando a solidez da instituição diante da recente cobertura sobre operações de cessão de carteiras. Segundo o banco, dos R$ 12,76 bilhões citados pela imprensa como exposição bruta com documentação fora do padrão, mais de 10 bilhões já teriam sido liquidados ou substituídos, restando valores que, segundo a própria instituição, não representariam exposição direta ao Banco Master.
O BRB afirmou ainda que todo o processo de substituições de carteiras e adição de garantias foi acompanhado pelo Banco Central e que controles internos foram reforçados. Para sustentar o argumento de estabilidade, mencionou possuir mais de 80 bilhões em ativos, 60 bilhões em carteira de crédito e lucro recorrente de 518 milhões no primeiro semestre.
Em meio à crise envolvendo o BRB e o Banco Master, marcada por notícias de um suposto rombo financeiro que abalou a percepção pública de segurança, o Banco de Brasília optou por um silêncio prolongado que agravou a instabilidade. A demora não foi apenas um erro de cálculo. Tornou-se um fator de tensão, alimentando apreensão entre clientes, servidores e toda a sociedade. Enquanto rumores circulavam e a imprensa buscava explicações, a instituição permaneceu muda em um momento em que a transparência era indispensável.
Quando a nota finalmente foi divulgada, adotou tom protocolar e limitado. Restringiu-se a mencionar a “normalidade das operações”, ignorando questões centrais sobre o possível impacto nas contas dos clientes, na posição patrimonial do banco e na estabilidade financeira do Distrito Federal. A falta de substância não cumpriu a função de esclarecer e tranquilizar. Pelo contrário, reforçou a percepção de gestão negligente e expôs falhas graves na condução da comunicação institucional.
Em situações de grande repercussão e sensibilidade pública, espera-se que instituições financeiras ajam com agilidade e clareza. O intervalo de dias entre o início da crise e a publicação do posicionamento oficial sugere dificuldades de coordenação interna e revela um nível preocupante de desorganização administrativa. Como banco público, o BRB tem a responsabilidade de prestar informações imediatas à sociedade, especialmente quando há indícios que possam afetar recursos públicos ou comprometer a confiança de seus milhões de usuários.
A lentidão na resposta não apenas fragilizou a imagem da instituição. Expôs vulnerabilidades sistêmicas ao deixar clientes inseguros quanto à proteção de seus depósitos e servidores públicos alarmados quanto à estabilidade do banco responsável por seus vencimentos. Em um cenário nacional de forte repercussão, o silêncio do BRB não protegeu a instituição. Apenas amplificou dúvidas e desgastes.
O episódio evidencia a necessidade urgente de revisão das práticas internas de gestão e comunicação. Instituições públicas de grande porte precisam adotar políticas de resposta rápida, protocolos de crise e equipes preparadas para atuar de forma imediata e transparente. Em um setor baseado em confiança, a negligência gerencial não é um detalhe operacional. É um risco direto à sociedade que o banco deveria garantir e proteger.
Victor Queiroz
Colaboração para o Sindicato
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