Pouco mais de dois meses após a Justiça determinar a instalação de comissão para combater a prática dentro do Banco do Brasil, a instituição financeira foi condenada pela 4ª Vara do Trabalho de Brasília a pagar indenização no valor de R$ 100 mil por danos morais a bancária vítima de “assédio moral típico” por parte de seus gestores. Cabe recurso.
Com quase três décadas dedicadas ao BB, o drama da funcionária começou quando da sua transferência de cidade. Tida como competente e alvo de incontáveis elogios, conforme atestam documentos constantes dos autos do processo (número 01051-2008-004-10-00-5), cuja sentença foi proferida em 29 de maio último, a bancária sofreu toda sorte de infortúnios nas duas agências pelas quais passou. Constrangimento, sistemática perseguição, discriminação e humilhação fizeram parte de uma rotina massacrante, que culminou com seu pedido de demissão. A bancária chegou a ser motivo de piada por conta do seu sotaque e a receber até mesmo a alcunha de “desequilibrada mental”.
Os piores momentos ela vivenciou na segunda agência, para onde fora transferida à revelia, mediante “empréstimo”, sem motivo aparente. Lá, sob alegação de seu gerente de que não possuía o perfil adequado, foi reprovada no Processo de Recrutamento, Seleção e Formação de Educadores, mesmo já tendo atuado como educadora. Também recebeu, com argumentos sem fundamentação, anotações negativas na avaliação de Desempenho de Pessoal, e encontrou dificuldades, impostas pelo mesmo gerente, ao contrário de seus colegas, para inserir seu curso superior no registro de Talentos e Oportunidades do banco. Após reclamações de por que não obtinha o registro, foi ameaçada de demissão por justa causa. Nem com a substituição do gestor a situação mudou.
Diante das circunstâncias, o pedido de demissão, mesmo estando ela à beira da aposentadoria, mostrou-se inevitável, e nem por isso os problemas acabaram. A bancária foi perseguida, durante o cumprimento do aviso prévio, pelos vigilantes da agência, por determinação do novo gerente. Não bastasse isso, passou pelo constrangimento de ficar presa na porta giratória do banco por quatro vezes, na presença de vigilantes e de colegas, tendo que esvaziar a bolsa para ser liberada, o que gerou nela um quadro de estresse em virtude do qual passou a trabalhar sob o efeito de tranquilizantes. O exame demissional atestou o péssimo estado de saúde da bancária.