

A assembleia geral dos bancários que rejeitou, na quinta-feira 1º, a proposta rebaixada da Fenaban e decidiu pela paralisação por tempo indeterminado em todos os bancos a partir do dia 6 também foi marcada por diversas manifestações políticas contra o agora presidente Michel Temer.
A mais expressiva se deu ao final da assembleia, logo após a votação, quando os bancários espontaneamente puxaram palavras de ordem e gritos de Fora Temer, numa clara demonstração de repúdio ao golpe orquestrado pelas forças do Congresso Nacional e que feriu duramente a democracia, colocando em risco direitos dos trabalhadores conquistados após muita luta.
Por outro lado, também é um sinal inequívoco de que a resistência aos ataques irá se intensificar ainda mais a partir de agora.
Durante a atividade, o Sindicato também distribui nota alertando sobre os perigos que o golpe representa para o futuro do país. Confira o conteúdo a seguir:
Democracia brasileira sofre duro golpe. A resistência continua
Por 61 votos a 20, o Senado Federal consumou nesta quarta-feira 31 de agosto um verdadeiro golpe contra a democracia brasileira, ao cassar o mandato de uma presidenta eleita por 54 milhões de votos sem comprovação de crime algum, rasgando assim uma das maiores conquistas do povo brasileiro - a Constituição de 1988.
Chamar a deposição de um presidente eleito legitimamente de golpe é chamar todo o processo que o caracteriza pelo seu nome. Deflagrado por um deputado comprovadamente corrupto, expoente máximo das forças conversadoras que tomaram o Congresso Nacional, sob a insustentável acusação de que se cometera crime de responsabilidade, o processo foi todo ele marcado por manobras, vícios e questionamentos de toda ordem, e sustentado por agentes igualmente corruptos e alvo de ações na Justiça.
São os mesmos que viram sua agenda de governo neoliberal, marcada por fortes ataques aos trabalhadores, ser derrotada nas urnas nas eleições de 2002, 2006, 2010 e 2014. Inconformados, lançaram mão de um jogo sujo para tomar o poder, na concepção 'popular' que o termo carrega.
Consolidado, o golpe agora vai cobrar a sua fatura, a ser paga pelos trabalhadores, do campo e da cidade, suas maiores vítimas, com efeitos imensuráveis. Não se trata de especulação. O próprio interino afirmou a 'necessidade' de reformas (previdência e trabalhista) em seu primeiro pronunciamento à nação após o impeachment. Isso significa dizer que haverá um ataque brutal às leis trabalhistas, à carteira de trabalho e a todos os direitos delas decorrentes, como 13º, férias remuneradas, horas extras, descanso semanal e outros.
Em jogo estarão, ainda, conquistas sociais, riquezas naturais, Petrobras e pré-sal, serviços públicos e estatais, educação e saúde, projetos de habitação popular, reforma agrária, organização sindical, soberania e dignidade nacional, respeito internacional, liderança brasileira (Brics e Mercosul), liberdade de expressão.
A resistência se intensifica contra a retirada de direitos
Após terminada votação no Senado, milhares de pessoas em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e outras dezenas de cidades brasileiras saíram às ruas para protestar contra o golpe, pedindo a saída de Temer. Na intenção de dispersar e intimidar, a polícia reprimiu duramente os manifestantes em diversas localidades, inclusive em Brasília, onde, na Rodoviária do Plano Piloto, vários estudantes e trabalhadores foram presos e agredidos, atacados com gás de pimenta, lacrimogênio e bombas de efeito moral.
Diversos atos estão programados para os próximos dias em todo o país.
Em defesa da democracia! Nenhum direito a menos.
Renato Alves
Do Seeb Brasília