Dirigentes do Sindicato participaram, nesta quinta (6) e sexta (7), do VIII Fórum Nacional pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro, realizado em Fortaleza, na sede do Sindicato dos Bancários do Ceará. O encontro reuniu aproximadamente 120 representantes de sindicatos e federações de trabalhadores do ramo financeiro de diversas regiões do país e encerrou suas atividades na última sexta-feira (7) com a aprovação de uma agenda estratégica de enfrentamento ao racismo e de promoção da inclusão da população negra no setor.
O evento marcou também o início das atividades alusivas ao Mês da Consciência Negra, quando o movimento sindical reafirma o legado de Zumbi dos Palmares e o compromisso permanente com a luta por igualdade racial.
"O VIII Fórum Nacional pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro foi o maior já realizado pelo nosso movimento até agora. Grandes nomes promovendo uma mais que necessária formação, e o máximo de participantes já visto. Discussões de altíssimo nível e avanços importantes na formação das pautas de combate ao racismo, tanto no sistema financeiro como para fora. Agora é nosso trabalho colocar todo o conhecimento absorvido e todas as ideias desenvolvidas para funcionar em nossos estados de origem. As discussões da nossa próxima campanha salarial vão ser tão empolgantes quanto importantes", destacou Edson Ivo, secretário de Combate ao Racismo e à Discriminação do Sindicato.
Discussões e propostas
Durante dois dias, participantes e especialistas debateram temas como desigualdade racial, políticas afirmativas, condições de trabalho, violência estrutural e os novos desafios trazidos pela inteligência artificial no setor financeiro. A programação incluiu painéis, exposições e momentos de troca de experiências, culminando na aprovação da Carta de Fortaleza, documento que define ações e metas prioritárias para os próximos meses.
O Fórum foi avaliado como um espaço de formação, mobilização e construção coletiva. De acordo com a avaliação da Contraf-CUT, a iniciativa cumpriu plenamente seu papel ao combinar análise crítica, articulação política e encaminhamentos práticos, reforçando a importância de manter o debate racial no centro da ação sindical.
Diagnósticos e desafios
Os dados apresentados durante as mesas temáticas mostraram que a população negra continua enfrentando profundas desigualdades no mercado de trabalho. As estatísticas revelam que mulheres negras ganham, em média, 53% menos do que outros trabalhadores, e que a juventude negra representa 79% das vítimas de homicídios no país.
Esses números reforçaram o entendimento de que o combate ao racismo estrutural deve ser contínuo e articulado. As discussões apontaram que, dentro dos bancos, a presença de pessoas negras ainda se concentra majoritariamente nas funções de base, o que evidencia a urgência de políticas de inclusão e de ascensão profissional que garantam representatividade também em cargos de liderança.
Formação, resistência e ação sindical
O Fórum também dedicou espaço à reflexão sobre a história do racismo no Brasil, suas expressões contemporâneas e o papel da tecnologia e das práticas de gestão na reprodução das desigualdades. Pesquisadores e convidados apresentaram análises sobre resistência negra, relações de trabalho e mitos relacionados à contratação de profissionais negros no sistema financeiro.
Os expositores enfatizaram que os avanços alcançados nas últimas décadas resultaram da mobilização social e sindical, e que somente a participação ativa das entidades representativas poderá impedir retrocessos e consolidar conquistas.
Carta de Fortaleza: compromisso e ação
Entre as deliberações aprovadas pelos participantes estão a criação de programas permanentes de formação sobre relações raciais, a implantação de protocolos antirracistas e canais de denúncia, a realização de fóruns regionais e eventos alusivos às datas da luta negra, e o incentivo à qualificação profissional da juventude negra.
Também foram aprovadas propostas para a criação de coletivos e fundos de apoio que ampliem a presença de dirigentes negros no movimento sindical, além de ações voltadas à promoção da saúde da população negra e à mobilização periódica das entidades do ramo financeiro.
Segundo a Contraf-CUT, a Carta de Fortaleza representa a consolidação de um movimento coletivo maduro e propositivo, que transforma o compromisso com a igualdade racial em ações concretas no ambiente de trabalho e nas entidades sindicais.
Compromisso permanente
O encerramento do Fórum reforçou a ideia de que a Consciência Negra deve ser cotidiana, um compromisso diário com a igualdade, a reparação e a justiça social. No mês que celebra a luta de Zumbi dos Palmares e o Dia da Consciência Negra, o movimento sindical bancário reafirma sua determinação em combater o racismo em todas as suas formas.
A delegação do Sindicato dos Bancários de Brasília retornou fortalecida e comprometida em aplicar as resoluções debatidas no encontro, reafirmando o papel do Sindicato na defesa de um sistema financeiro mais diverso, inclusivo e antirracista.
Da Redação com informações da Contraf-CUT
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