Mesmo com o diagnóstico de Lesão por Esforços Repetitivos (LER) emitido por quatro médicos, incluído aí o de peritos do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social), a via-crúcis da bancária Luciana Ferreira Pinto no Banco ABN/Real parece não ter fim. O motivo é a intransigência do banco, que se recusa a reconhecer o diagnóstico e exige dela, comprovadamente inapta, o retorno ao trabalho. 

O caso foi parar na Justiça por meio de ação cautelar impetrada pela bancária contra o banco para resguardar seu direito à licença-saúde.

O pesadelo da bancária teve início logo após os primeiros exames que confirmaram a doença. Feita a primeira consulta, o gerente operacional Francisco Erivelton R. Viana, da agência Setor Hospitalar Sul, onde Luciana é lotada, exigiu que a bancária entregasse o atestado médico em 24 horas. Ela não atendeu, entregou fora do prazo e recebeu a primeira negativa do gerente, que não quis recebê-lo. Orientada pela assessoria jurídica do Sindicato, acabou por enviar o documento via Correio. 

O gerente exigiu então que ela se submetesse a perícia com médico do banco antes da perícia com a equipe do INSS, marcada primeiramente para o dia 23 do mês passado. Estranhamente, o médico do Banco ABN/Real a considerou apta ao trabalho. Por conta disso, o banco impôs a ela que retornasse às atividades antes mesmo da perícia do Instituto. Houve reagendamento da perícia do INSS (cujo comprovante também foi ignorado pelo gerente) para o dia 31, que constatou o que os exames anteriores, à exceção do feito pelo médico do banco, já haviam diagnosticado.

“A bancária possui quatro laudos de diferentes médicos, mais que o suficiente para pedir seu afastamento do trabalho. O Sindicato não vai permitir medidas autoritárias como essa. Vamos exigir o abono das faltas e o respeito à pessoa da bancária. O banco deveria, ao invés de pensar em medidas punitivas, adotar políticas de prevenção às doenças ocupacionais”, afirma Alexandre Severo Silva, secretário de Saúde do Sindicato.