Alvo de desrespeitosas e graves ameaças de desocupação, a tradicional e reconhecida Aruc (Associação Recreativa Cultural Unidos do Cruzeiro) lançou no dia 6 de novembro a campanha “Sou + Aruc” contra a cobiça em torno do imóvel que sua sede ocupa em Brasília.
O último ataque à entidade partiu do deputado distrital Júlio Cesar (PRB), líder do governo na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), paulista de São Bernardo do Campo que vive em Brasília há pouco tempo. Em defesa de projeto do GDF que quer desfazer-se de imóveis e outros patrimônios públicos para gerar recursos e equilibrar suas contas, o parlamentar citou durante sessão no dia 4 de novembro a área da Aruc como um exemplo de imóvel a ser negociado.
É a segunda vez em um mês que ocorre pronunciamento e ameaça pública à área da Aruc, partindo de correligionários do PRB. Em 8 de outubro, numa medida considerada pela comunidade uma violência e um insulto à cultura e à história do Cruzeiro, a secretária de Esporte e Lazer do Governo do Distrito Federal, Leila Barros (a Leila do Vôlei), determinou que a Associação Recreativa Unidos do Cruzeiro, ARUC, desocupasse o imóvel na Área Especial nº 8 do Cruzeiro Velho, na qual está instalada a sede social da entidade desde 1974. No mesmo dia, após pressão de vários setores de todo o DF, a secretária, filiada ao PRB, distribuiu nota assumindo que seu ato estava equivocado e o declarando sem efeito.
Reconhecida em toda Brasília e nacionalmente por suas atividades culturais, carnavalescas, esportivas e comunitárias, a Aruc é a maior vencedora dos desfiles de escolas de samba (31 títulos) em seus 54 anos de existência. Promove shows, festas, palestras e outros eventos tais como o projeto Fabricando Carnaval, que oferece diversas oficinas de capacitação de profissionais para diversas áreas, bem como patrocina o grupo de aposentados que reúne a velha guarda da comunidade local. Mantém equipes esportivas de futebol, futsal, handebol e futebol de areia. Uma história de integração sociocultural com a comunidade que lhe valeu, inclusive, o título de Patrimônio Cultural Imaterial do DF, concedido oficialmente por um Decreto do Governador do Distrito Federal, em 16 de fevereiro de 2009.
Confira o posicionamento oficial da ARUC:
NOTA OFICIAL
A diretoria da ARUC vem, por meio desta Nota Oficial, manifestar seu mais veemente repúdio à proposta apresentada pelo deputado Júlio César Ribeiro (PRB), líder do governo na Câmara Legislativa, em um aparte ao pronunciamento do deputado Agaciel Maia, na última quarta-feira (04/11), de vender a área ocupada pela ARUC para fazer caixa para o GDF.
O aparte do deputado, que se diz um entusiasta do esporte no DF, mostra o seu total desconhecimento da história da ARUC no samba, no esporte e na cultura de nossa cidade, que valeram à ARUC o registro como Patrimônio Cultural Imaterial do DF.
A proposta indecorosa do deputado Júlio César não é uma ofensa apenas à ARUC, Patrimônio Cultural Imaterial do DF, à sua história de 54 anos e à comunidade do Cruzeiro, mas a todos os que fazem cultura nessa cidade. Hoje o alvo é a ARUC, amanhã pode ser qualquer outra entidade.
Além disso, a proposta do deputado representa uma grave ameaça ao tombamento de Brasília, na medida em que desconhece que a área ocupada pela ARUC integra o perímetro tombado pela Unesco e destina-se exclusivamente a Clube de Vizinhança. Ao propor a venda da área, na verdade o deputado acena com a mudança de destinação do espaço, o que contraria o tombamento de Brasília e abre uma perigosa brecha para a especulação imobiliária.
Esperamos que o governador Rodrigo Rollemberg, que conhece e respeita a história da ARUC, e se comprometeu a buscar uma solução legal para regularizar a situação da ARUC, desautorize publicamente o seu líder na Câmara Legislativa, por essa proposta absurda, ofensiva e indecorosa.
Brasília, 9 de novembro de 2015
A DIRETORIA da ARUC
Fonte: CUT Brasília
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