Caixa Economica Federal

8 de Maio de 2013 às 14:24

A organização do trabalho está doente, conclui debate sobre saúde do Congresso dos Empregados da Caixa

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O psicólogo Vitor Barros (microfone), a advogada Janaína Barcelos, e os diretores do Sindicato Antonio Abdan e Fabiana Uehara

 

Déficit de funcionários, sobrecarga de trabalho, assédio moral, metas inatingíveis e ambiente insalubre. Esses são alguns dos problemas que afligem os trabalhadores e trabalhadoras da Caixa Econômica Federal. Dispostos a mudarem essa triste realidade, os bancários participaram de um debate sobre saúde durante o Congresso dos Empregados da empresa, no sábado 4 de maio, na Legião da Boa Vontade (LBV), na 915 Sul.


Convidados pelo Sindicato dos Bancários de Brasília e pelo Sindicato dos Trabalhadores no Ramo Financeiro da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Sintraf-Ride), organizadores do congresso, o psicólogo do Sindicato de Brasília Vitor Barros e a advogada da assessoria de Saúde da entidade Janaína Barcelos analisaram a organização do trabalho bancário, especialmente dos empregados da Caixa.

Na opinião de Vitor Barros, coordenador do projeto Clínica do Trabalho do Sindicato em parceria com a Universidade de Brasília (UnB), que atende bancários vítimas de doenças relacionadas à atividade laboral, a organização do trabalho está adoecida. “É essa organização que está doente, e não o trabalhador”, resumiu ele, ao acrescentar que a política de assédio moral causa danos que geram desgaste emocional e físico muito grande, chegando, inclusive, a provocar a invalidez do empregado. “Por isso, precisamos tipificar o mal como acidente de trabalho”, acrescentou.

Automedicação

Outra grave consequência provocada pelo assédio moral e demais doenças relacionadas ao trabalho é a automedicação, segundo o psicólogo. A afirmação de Vitor Barros ocorreu logo após ele relatar a rotina de um bancário que passa por essa situação. “É um trabalho estressante e cansativo. Consegui almoçar somente às 16h”, lembrou o especialista, destacando que todos os trabalhadores de uma determina unidade tomavam remédio por conta própria. “Para dar conta da rotina estressante, esses profissionais ingerem remédios contra todos os tipos de dores”.

“Mesmo que você tenha o remédio mais eficiente, seu corpo não vai responder a contento a longo prazo”, explicou o especialista, fazendo uma comparação com as pessoas que andam armadas. “É melhor a gente andar armado porque sabe que vai acontecer um assalto. Isso não é correto”.

Didático, Vitor Barros ainda explicou que o trabalhador que denuncia o assédio moral e outras irregularidades no ambiente laboral também está delatando uma situação coletiva. “E se algum empregado não denunciar, ele é cúmplice, não criminalmente, mas do gestor que pratica o mal”. Para o psicólogo, esse mesmo bancário que não denunciou poderá ser a próxima vítima de assédio moral.

Salário não é o maior bem do trabalhador

Em sua intervenção, Vitor Barros disse que salário não é tudo na vida de um trabalhador. “Além do salário, que obviamente é essencial, o bancário precisa lutar pela punição dos assediadores e que os planos de saúde aumentem o número de profissionais credenciados, sobretudo na área da psicologia”, sugeriu.

Direitos

Já a advogada da assessoria de Saúde do Sindicato Janaína Barcelos deu orientações jurídicas e incentivou os empregados a buscarem seus direitos na Justiça.

Para a advogada, a prevenção das LER/Dort passa necessariamente pelo cumprimento das normas regulamentadoras (NRs) 7 e 17 do Ministério do Trabalho, que versam sobre programa de controle médico de saúde e ergonomia. “Essas normas vão além do estabelecimento de temperatura no ambiente laboral”, frisou. “Muito mais importante do que falar do tipo de cadeira é a forma como o trabalho está organizado dentro de uma determinada lotação”.

Ao fazer uma breve análise das atividades exercidas pelos bancários, a advogada frisou que trabalhar com público é muito desgastante e exige muito mais do empregado.

Sobre as condições físicas das agências, Janaína disse que é preciso rever as reformas realizadas pelos bancos em suas unidades. “É um absurdo fazer uma reforma com trabalhadores dentro de uma agência atendendo clientes num ambiente totalmente insalubre, com poeira, umidade e sem refrigeração”, criticou a advogada, lembrando que esse tipo de situação pode resultar em ação civil por parte dos trabalhadores. “Trabalhar no meio de uma obra não pode”.

Janaína também citou a importância do cumprimento da lei 8.213/91, que garante a adequação ambiental e igualdade de oportunidades no acesso ao trabalho e o cumprimento da cota de vagas para empresas com mais de cem funcionários. De acordo com ela, a lei é de extrema relevância, já que o direito ao trabalho está intrinsecamente ligado à auto-estima de qualquer pessoa, assim como à sensação de fazer parte ativa de um grupo. A Lei 8.213, também conhecida como Lei de Cotas, estabelece a reserva de vagas de emprego para pessoas com deficiência (habilitadas) ou para pessoas que sofreram acidentes de trabalho, beneficiárias da Previdência Social (reabilitados).

A advogada ainda deu dicas para os trabalhadores ingressarem com ações de reparação de danos morais. Ela explicou que medidas judiciais pedindo indenização pelo mal provocado pelo empregador só são efetivamente válidas quando se sabe exatamente quanto da capacidade laboral foi perdido, sendo de cinco anos o prazo prescricional, a contar do laudo. “É o momento mais oportuno. É quando é configurada a extensão do dano”, esclareceu. “Em relação à indenização do seguro de vida em grupo, a prescrição é de apenas um ano”, acrescentou.

Não fique calado, denuncie!

“Por mais que exista uma ação do Sindicato, é importante que as trabalhadores denunciem para melhorar o ambiente de trabalho”, frisou o secretário de Saúde do Sindicato, Antonio Abdan, que também é empregado da Caixa.


Rodrigo Couto
Do Seeb Brasília

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