Para além da luta pelos direitos dos bancários e das bancárias, o Sindicato também atua em prol do patrimônio público e da higidez da moralidade administrativa, de modo que tem trabalhado permanentemente na defesa do BRB, sobretudo contra o mercado financeiro especulativo, que sempre almeja a privatização dos bens públicos.
O Sindicato foi contra a aquisição do Banco Master pelo BRB. Isso porque entende que não há interesse público envolvido nessa transação, que visava atender aos interesses escusos do governo de Ibaneis Rocha/Celina Leão, do ex-presidente do banco distrital Paulo Henrique e de Daniel Vorcaro (dono do Banco Master).
Nesse sentido, o Sindicato tomou diversas medidas para conter essa operação, a fim de proteger o BRB, que é o banco de toda a população do DF, e que se destina a fomentar a economia distrital e não os bolsos de agentes de mercado que visam lucros e mais lucros.
Antes mesmo de se tornar oficial a operação de compra de parte do Banco Master pelo BRB, o Sindicato iniciou uma mobilização para alertar a sociedade, os órgãos de controle e o corpo técnico do próprio banco do DF sobre os riscos envolvidos na negociação. A entidade denunciou que a transação, avaliada em bilhões de reais, não traria benefícios à população de Brasília e favoreceria apenas interesses privados.
Linha de frente
Há mais de uma década, desde 2007, o Sindicato tem intensificado ações denunciando o projeto de governos de plantão no GDF que buscam fatiar e enfraquecer o BRB, com a finalidade de criar as condições para sua privatização.
O Sindicato tem atuado em todas as frentes, combatendo projetos de lei apresentados na Câmara Legislativa do DF, como o PL nº 15/2015, que autorizava o GDF a alienar sua participação societária em suas empresas, entre elas o BRB, abrindo as portas para a privatização.
Com a chegada de Ibaneis Rocha/Celina Leão ao governo do DF e de Paulo Henrique à presidência do BRB, os ataques ao banco público de Brasília cresceram. Para defender o banco público e garantir o cumprimento de suas funções como agência de apoio à economia local, o Sindicato realizou atos públicos e audiências na Câmara Legislativa e no Congresso Nacional, onde a deputada federal Érika Kokay tem atuado em defesa do banco e contra os ataques dos especuladores.
A diretoria do Sindicato e a deputada Érika estiveram reunidos com a CVM e o Banco Central, em novembro e dezembro de 2024, tratando das ofensivas que o BRB vinha sofrendo.
Mobilização pela saída de Paulo Henrique
Em março de 2025, o Sindicato realizou uma grande manifestação exigindo a saída de Paulo Henrique da presidência do banco e cobrando providências do governador contra a “cultura do medo” instalada na instituição. Também exigiu transparência sobre o termo de compromisso assinado entre o BRB e o Banco Central.
Com o anúncio da possível compra do Banco Master pelo BRB, o Sindicato iniciou uma série de estudos sobre a operação. Todas as análises mostraram que a transação não seria benéfica para o BRB nem para a população de Brasília. No mesmo período, o Sindicato e a deputada Érika Kokay fizeram denúncias ao TCDF sobre as inúmeras irregularidades em curso na gestão do banco. O caso mais temerário era a transação divulgada pelo governador Ibaneis como um grande negócio: a compra do Banco Master.
Denúncia no Banco Central contra a compra do Master
Em abril, o MPDFT abriu investigação sobre a compra do Banco Master pelo BRB. Em seguida, o Sindicato pediu a intervenção do Banco Central para impedir essa transação, por representar ameaça à solidez do sistema financeiro. O Sindicato ingressou na Vara de Fazenda Pública do DF questionando judicialmente a aquisição do Banco Master pelo BRB. O processo ainda não foi concluído. Nesse mesmo mês, foram realizadas manifestações em frente à Câmara Legislativa do DF, com o mote “O BRB não é uma casa de apostas”.
Também em abril, foram adotadas outras medidas: o Sindicato recorreu ao TJDFT para suspender a aquisição, após o indeferimento de liminar em primeira instância; e solicitou audiência junto à Promotoria de Defesa do Patrimônio Público e Social, em razão da abertura de inquérito civil sobre a operação BRB/Banco Master.
Em maio, o juiz Carlos Fernando Fecchio, da 1ª Vara de Fazenda Pública do DF, concedeu liminar proibindo o BRB de assinar contrato definitivo de aquisição do Banco Master. Nesse período, o Sindicato organizou manifestação no Eixão do Lazer em defesa do Banco de Brasília.
Isso evidencia o papel combativo e fundamental do Sindicato para que a aquisição não se concretizasse, culminando na importante decisão do Banco Central de barrar a operação.
Importa ressaltar a necessidade de preservação do BRB como patrimônio público, fortalecendo o desenvolvimento local não apenas do ponto de vista econômico, mas também social e político.
O lobby para que o BRB comprasse o Banco Master
O Sindicato teve atuação firme ao denunciar o papel de setores majoritários da CLDF, que decidiram não exigir análise prévia para a operação de R$ 2 bilhões, o que permitiria concretizá-la sem debate institucional. Foi apresentado um recurso ao CADE contra a aprovação da compra.
Com a divulgação, feita pelo O Globo, da auditoria do Banco Central que apontou irregularidades na venda de ativos do Master ao BRB desde 2024, o Sindicato reforçou a campanha por transparência.
Em julho, o Sindicato protocolou na CVM representação sobre possíveis violações às regras do mercado de capitais na aquisição de ações do BRB por fundos ligados à Master Corretora. Nesse período, Eduardo Araújo, presidente do Sindicato, publicou o texto “BRB e Master: a quem interessa essa operação?”.
Em agosto, enquanto a CLDF aprovava a transação, mais denúncias de crimes financeiros vieram à tona contra o Banco Master, incluindo aporte irregular de R$ 361 milhões na empresa Clínica Mais Médicos S.A., de estrutura incompatível com o valor.
O Sindicato realizou protestos contra o PL 1.881/2025, enviado pelo governador Ibaneis em regime de urgência, que autorizava a compra. O TJDFT reafirmou que a transação dependia de autorização da CLDF e da assembleia de acionistas.
Com a Operação Carbono Oculto, e as investigações conduzidas pelo Gaeco e pela Receita Federal, foi possível demonstrar o envolvimento de instituições ligadas ao Banco Master, o que levou o Sindicato a pedir a suspensão imediata da transação.
Daniel Vorcaro preso e Paulo Henrique afastado: é preciso salvar o BRB
A deflagração da operação da PF em 17 de novembro, que levou à prisão do dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, e ao afastamento do presidente do BRB, Paulo Henrique, e do diretor de Finanças e Controle, Dario Oswaldo Garcia Junior, confirmou, na prática, o que o Sindicato vinha denunciando desde o anúncio da compra do Banco Master pelo BRB, feito pelo governador Ibaneis Rocha.
Daniel Vorcaro foi preso pela Polícia Federal quando tentava fugir do Brasil, o que trouxe a público informações cruciais do processo em curso.
Entre 2024 e 2025, o BRB injetou R$ 16,7 bilhões no Banco Master, recursos repassados enquanto o governador Ibaneis Rocha e seus aliados insistiam para que o BRB comprasse o Master.
O Banco Master é o principal alvo das apurações
A investigação aponta que o Master operava com títulos de crédito falsos, simulando empréstimos e negociando carteiras fraudulentas com outros bancos. Após o BC aprovar a contabilidade, esses créditos eram substituídos por outros ativos sem avaliação técnica adequada.
É preciso a devida apuração e responsabilização de todos os envolvidos. Por que o governo Ibaneis/Celina defendeu tão insistentemente uma transação que traria prejuízos ao BRB e ao DF? O Sindicato e a população de Brasília testemunharam a pressão de autoridades do governo do DF, parlamentares e dirigentes do BRB para concretizar essa operação, que representaria a destruição da instituição financeira de Brasília.
O Sindicato reitera seu compromisso com a luta pela transparência, pela responsabilização de todas as pessoas envolvidas nos crimes apurados e com a defesa das instituições públicas diante de projetos privatistas - sobretudo garantindo a participação de trabalhadoras e trabalhadores em toda e qualquer decisão estratégica do banco.
Pedro César Batista
Colaboração para o Sindicato
Copyright © 2025 Bancários-DF. Todos os direitos reservados