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5 de Dezembro de 2025 às 19:07

6 de Dezembro, Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres: da microagressão ao feminicídio

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O dia 6 de dezembro convoca homens de todo o país a assumir responsabilidade no combate à violência contra as mulheres, destacando a importância do engajamento masculino na transformação cultural necessária para erradicar a violência de gênero. A data integra os “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher”, realizados de 20 de novembro a 10 de dezembro e instituídos pela Lei nº 11.489/2007.

Neste ano, a campanha ganha ainda mais relevância diante da situação alarmante que as mulheres enfrentam diariamente no Brasil, com feminicídios e tentativas de feminicídio ocorrendo de forma constante e brutal. Casos recentes chocaram o país: mulheres assassinadas a tiros, esfaqueadas ou atropeladas por parceiros ou ex-companheiros; outras ficaram gravemente feridas, com a vida marcada para sempre. Esses episódios evidenciam que a violência extrema não surge do nada — ela é a ponta visível de uma estrutura construída dia a dia.

Segundo o 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 1.492 mulheres foram vítimas de feminicídio em 2024, uma média de quatro assassinatos por dia. A projeção para 2025 indica que esses números alarmantes podem se manter ou aumentar. Além disso, 8 em cada 10 feminicídios são cometidos por companheiros ou ex-companheiros, reforçando que a violência letal ocorre majoritariamente dentro de casa.

O Ministério das Mulheres e a mobilização dos homens

Desde o ano passado, o Ministério das Mulheres vem ampliando o diálogo com os homens por meio da mobilização permanente Feminicídio Zero, que busca conscientizar e envolver toda a sociedade no enfrentamento à violência contra as mulheres. Entre os principais parceiros estão os clubes de futebol, considerando que, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os registros de ameaça contra mulheres aumentam 23,7% nos dias de jogos dos times locais.

Em novembro de 2024, o Ministério e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) firmaram a Carta-Compromisso pelo Feminicídio Zero e um Acordo de Cooperação Técnica para aplicar o protocolo “Não é Não” nas arenas esportivas. A campanha já esteve presente em mais de dez partidas das séries A, B e C do Campeonato Brasileiro, em várias regiões do país, divulgando mensagens de conscientização e o Ligue 180, reforçando que o combate à violência de gênero é responsabilidade de todos.

Microagressões e desrespeito cotidiano, a raiz do feminicídio

Antes do feminicídio, existe uma cadeia de violências silenciosas, mas poderosas: insultos, xingamentos, humilhações, desvalorização do trabalho feminino, controle sobre a vida e os comportamentos das mulheres, interrupções constantes e comentários depreciativos. São essas microagressões que criam um ambiente onde a violência extrema encontra terreno fértil.

A omissão institucional agrava ainda mais o problema. Muitas vezes, denúncias são arquivadas, abusos são relativizados, insultos e gritos são tratados como “coisas pequenas” e agressores continuam protegidos. Essa cegueira cognitiva social e masculina legitima o desrespeito e perpetua o ciclo de violência.

Apesar dos avanços institucionais, a cultura machista persiste em diversos setores da sociedade, inclusive no esportivo. O técnico Abel Braga, por exemplo, rejeitou o uso da camisa rosa, símbolo da prevenção ao câncer de mama, fazendo comentários que ridicularizam o feminino e reforçam estereótipos de gênero, ao afirmar: “Eu não quero a porra do meu time treinando de camisa rosa, parece time de viado”.

Mais do que um episódio isolado, essa atitude revela como microagressões naturalizadas consolidam uma cultura que considera o feminino inferior e tolera a agressividade.

Não se trata simplesmente de uma “fala infeliz”. Esse tipo de postura reforça hierarquias de gênero: torna “masculino” sinônimo de valor, orgulho e poder, e “feminino” algo menor, vulnerável, objeto de desprezo. Microviolências simbólicas, cotidianas e aparentemente inofensivas alimentam uma cultura social onde o desrespeito, o silenciamento e a desvalorização são normalizados. É desse terreno que floresce a violência extrema, culminando em tentativas de feminicídio e, infelizmente, em feminicídios.

Quando figuras públicas legitimam discursos que associam o feminino à “fraqueza”, “vergonha” ou “coisa de viado”, dão aval simbólico a uma lógica de dominação e controle. Esse tipo de discurso reforça normas sociais que empoderam a agressividade e naturalizam a desumanização do feminino, criando um ambiente onde a violência contra mulheres parece justificável, invisível ou normal.

A violência que não aparece nos números

Microagressões, humilhações, ameaças e silenciamento fazem parte da vida de milhões de mulheres e contribuem para o ambiente que gera feminicídios. Não se trata apenas de casos extremos que chegam à mídia: a violência contra mulheres é sistêmica e estrutural, atravessando lares, escolas, locais de trabalho e espaços públicos. Cada gesto, comentário ou omissão que desqualifica ou ridiculariza mulheres é parte desse mesmo sistema de opressão.

“O feminicídio não começa no momento do crime. Ele se inicia quando uma mulher é interrompida, desacreditada, ridicularizada ou tratada como inferior. Combater as microviolências é tão importante quanto punir a violência extrema. É urgente transformar essas estruturas sociais para que nenhuma forma de violência encontre espaço em nossa sociedade”, defende Elis Regina Camelo, Secretária da Mulher da Fetec-CUT/CN.

Mobilização responsável e cultural, um apelo coletivo

Enfrentar a onda de violência contra mulheres exige mais do que leis ou campanhas isoladas. É um momento de conscientização coletiva, em que toda a sociedade, e especialmente os homens, é convidada a refletir sobre atitudes, palavras e comportamentos que, mesmo sem intenção de ferir, reforçam desigualdades e violências de gênero.

A responsabilidade é compartilhada: clubes, meios de comunicação, instituições esportivas, sindicatos, organizações da sociedade civil e cada indivíduo têm um papel fundamental na transformação cultural que combate a normalização da violência.

O chamado também se estende às diversas instituições financeiras, para que se somem a essa mobilização, promovendo rodas de diálogo, capacitações e atividades de conscientização não apenas no dia 6 de dezembro, mas de forma rotineira, fortalecendo a cultura de respeito e igualdade de gênero em todos os espaços de trabalho e interação social.

O Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres deve ser um catalisador para mudanças concretas: denunciar microviolências, repensar privilégios, desconstruir estereótipos e fortalecer o respeito e a igualdade de gênero.

A Fetec-CUT/CN reafirma sua mensagem: feminicídios e microagressões têm a mesma raiz — uma cultura que desvaloriza mulheres e naturaliza o desrespeito. Enfrentar essa realidade exige mudança cultural profunda, autocrítica e ação coletiva, antes que mais vidas sejam perdidas.

Fonte: Fetec-CUT/CN

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